Maria Aparecida Giacomini Dóro
Prismas são detalhes...
O que conta é a precisão dos olhos que enxergam além dos estilhaços da vida, diferenciando sinais da presença vital - silenciosamente - operante quando - aparentemente - ausente ela se faz...
Um sonho, um caminho sem fronteiras...
E tu, caminhante... Passos incertos, vacilantes frente aos solos escarpados da vida?
Dúvidas... Certezas... Cada qual carrega as suas, escolhendo compartilhá-las ou não com aqueles que – pelo amor sem medida e confiança merecida – conquistaram passe livre ao solo sagrado que as abriga.
Ah, caminhante! Não olhes para trás, pois toda palidez inexplicável é passado... Segue em frente, hoje e sempre!
Compassos e descompassos virtuais
Concebo a virtualidade como meio disponível para se criar significativos laços amistosos, apesar da distância geográfica.
Para muitos, revela-se como porta de acesso a um mundo de sonhos; de fantasias que desejam viver junto a seres utópicos – misteriosos habitantes das telas – dotados de refinadas qualidades e escassos defeitos...
Conscientemente, um campo onde - desprovidos do contato físico - precisamos redobrar os sentidos para lermos o oculto nas palavras trocadas, nas imagens distorcidas que inevitavelmente despertam sentimentos; um campo onde precisamos ouvir a voz do silêncio para captarmos a essência do outro, sutilmente, revelada nas entrelinhas do que escreve e/ou nas ondas que emite.
A cautela e a seletividade são poderosas aliadas tanto no mundo real quanto no virtual, visto que expressivo número de homens e mulheres mascara sua verdadeira identidade, devotando-se a jogos emocionais manipulados por uma criança interior profundamente ferida.
Sondarmos a essência do outro e nos revelarmos despojados de máscaras não é tarefa fácil, porém a prudência e a retidão demarcam caminhos para evitarmos provar, mutuamente, o gosto amargo da decepção...
Que a chama do amor sem medida endosse teus desejos mais secretos, reeditando promessas firmadas no brindar da aurora, anuladas ante o crepúsculo dos anos que vem e vão, sucessivamente...
E mais... Que essa intensa chama sustente o desabrochar de um novo tempo - um novo ciclo marcado pelo desbravar de autênticos e promissores caminhos por ti mesmo (a).
Palavras caladas
Silêncio feito de palavras...
Palavras guardadas nas bordas do tempo
Capítulos mudos de uma história
Embalada nas ondas do vento
Sonho? Pesadelo?
Não sei...
Sei das bordas do tempo
Das ondas do vento
Das palavras caladas
Gravadas na memória em tempo
Se eu pudesse, adentraria ao solo sagrado desse silêncio que te alenta; que te consome para melhor compreender-te.
Não posso...
Solidão, em tuas deixas sentimentos se confundem...
Liberdade ou abandono?
Saber-me só da aurora ao crepúsculo é inevitável sentença, então... Aceito-te como preço da minha liberdade!
Se queres ganhar meu coração, não te cales diante dos meus deslizes, ocultando-me as mazelas que em tua alma estigmatizei... Antes, sê amorosamente firme para que eu me conscientize das dores que te causei.
Pior que a dureza das palavras é o silêncio da indiferença...
Quando nos julgamos suficientemente fortes e preparados frente aos mares revoltos, a vida nos lança à deriva para aprendermos um novo jeito de singrar esses mesmos mares...
A simplicidade cultivada é senha à prática do desapego e sua expressão maior, ao amor devotado sem cobranças ou expectativas.
Vidas a ermo...
Passos dispersos no chão batido
Horizonte a muito esquecido
Eis o caminhar do homem
Na mente que tolhe
Dos pés, a firmeza
No coração que sente
Ou não, a tristeza
Imersa em lágrimas ausentes...
Ah! "É tão-somente uma vida"
Uma história marcada
Sentida
Anulada por lapsos de memória...
Olhar distante...
Quisera eu poder dissipar
Essa névoa que envolve tua alma
Que eterniza a efemeridade do tempo
Nas horas de solidão entre ti e o mar
Sei bem, nada posso ou espero
Se o temor me faz companhia
Se as ondas se quebram em silêncio
Se me vejo teu inverso, em agonia
Então,
O que mais tenho a dizer-te?
Vai! Arranca de mim a última lágrima
E deixa-me ir, contigo...
"Jamais desvendarei a tua alma se eu continuar projetando em ti o meu jeito de pensar, sentir e amar o ser humano."
Espaços vazios...
Pálida é a paisagem que dos olhos se distancia.
Nau à deriva, chama sem vida: geleiras de um coração que desaprendeu o amor...
Na pequenez de mim te espelhaste...
Não vês? Tampouco sentes?
Divagações...
Quem me dera ser águia a voar através do sol, desconhecendo - das próprias asas - os limites... Ou notas musicais - em âncoras transformadas - eternizando fragmentos de um tempo intensamente vivido... Ou, então, mar de águas claras, de ondas valentes, de mistérios profundos a transmutar sentimentos do (a) poeta em poemas versados no ontem, hoje, sempre...
Deixa-me!
De que valem as pétalas sem o carimbo da aurora?
O brilho, na opacidade das horas...
De que valem os ventos sem direção?
E os passos, então...
Palavras maquiadas só reforçam a indiferença represada nos meus olhos...
Marcas...
Pausa, ausência, silenciosa presença... Como denominar esse vazio impresso nas páginas insossas - outrora - vividas?
Pensando bem... Que peso tem isso agora, se as marcas diluídas nos retalhos do tempo que passa não passam jamais? Ah, são tantas... Indeléveis e silenciosas, pontuando momentos tão meus - retalhos nos quais eu evoluí sob a égide do teu intermitente s i l ê n c i o.
Sou MULHER, sou POESIA
Sou mulher, sou poesia
Nos teus sonhos,
FANTASIA
Sou mulher, sou guerreira
Nas lutas,
COMPANHEIRA
Sou mulher, sou aliança
Nas sombras,
ESPERANÇA
Sou mulher, sou alegria
Na leveza do meu ser,
HARMONIA
_________________, nada que se possa dizer ou fazer anulará retalhos do tempo embebidos de dor e saudade...
Silêncio, palavras, notas da vida não preenchem o vazio experimentado frente à definitiva travessia de quem amamos: você que - pelos sublimes elos do amor maior – ocupa lugar cativo em nossos corações.
No entanto, conforta-nos saber, este mesmo vácuo - com o passar das horas insípidas – abrirá clareira à significativas travessias esboçadas nas pautas do nosso viver. A morte é porta...
AMOR, LIÇÕES e SAUDADE, sempre!
P.S. A morte é condição para que possamos realizar novas e significativas travessias a cada amanhecer que desponta dentro de nós...
Para mim, ela tem um significado especial: é porta do irreal ao real; da escuridão à luz; do trivial ao essencial; da "morte" à imortalidade... Assim, uma vida que desconhece o vácuo oriundo das sucessivas mortes experienciadas em alto mar é incapaz de vislumbrar a magnitude do porto que a aguarda.
A PRESENÇA de quem verdadeiramente ama é algo que ultrapassa os limites do tempo; as fronteiras ilusórias do espaço... Muito mais que ESTAR PRESENTE, é preciso SER PRESENÇA para compreender a dinâmica do AMOR UNIDADE.
Compreendemos o real significado do amor em ação quando nos libertamos das múltiplas ilusões que o distorcem e passamos a sentí-lo como fonte essencial do movimento da vida presente no simples que a sustenta, na unidade que a fortalece...
Deixa-te levar pelas águas claras que jorram de ti e - guiado pelo amor - não temas o breu das "noites sem estrelas"... Segue placidamente teu curso em busca do grande mar, pois assim serás capaz de ouvir e entender a linguagem do Universo presente em cada partícula que o compõe.