Marcos Amaro
Se ao final do dia
você ainda sentir dor,
significa que você está vivo.
Somente isso, nada mais.
Não procure nos outros,
o que é sua,
e somente sua.
Que longa espera,
minha esperança
há de consumir.
Não havia como presumir,
estava fora do meu alcance.
Não consegui,
seu coração atingir.
A luz que dá a vida,
nos aproxima com seu brilho,
é a mesma que nos ofusca
com sua proximidade.
A forma de enxergar vai depender
do ponto de vista,
cada qual com o seu lado.
Sendo assim, diferentes pontos de vista
não dá o direito de apoiar,
"Nazistas".
Pois eles querem retirar,
primeiramente, o direito a vida.
E depois, todos os outros.
Gostei, por fazer você sorrir,
gesto sutil,
no canto da boca,
certamente juvenil.
Mas ainda ei de vê-lo
forte,
no modo infantil.
Era um desejo inusitado,
prender o tempo.
Não deixar passar aquele momento,
puro prazer e sentimento.
Mas o depois, após o agora,
mais que necessário é,
para sorver,
o que poderá deixar de ser,
como o completo que nunca
irá acontecer.
Lutei! Por toda vida,
contra uma dor que me consumia,
mas em alguns momentos,
fiz dela minha única companhia.
E que após algumas doses,
ela sumia.
Mas hoje, ela está aqui
repousando,
e dizendo: "enquanto viveres
serei seu acompanhamento"
Seria lindo estar contigo ao alvorecer,
te beijando ao amanhecer,
por isso não quero esquecer
desse sonho bom,
que talvez não vá acontecer.
Andei, sem saber quem era,
se havia algum propósito,
se haveria algum destino.
Andei, sem saber quem era,
mas pra quê?
Se nem a alma eles me deram.
Forte? Nem tanto.
Por isso,
trabalhei,
amei,
e continuo sem saber quem era.
Tentei pensar no nada,
fechei os olhos,
busquei um tom cinza escuro,
permaneci assim
por pouco tempo,
voltaram a mente,
os anseios, os medos.
Não há como fugir,
eles estão aqui.
Vi, que coisa!
Um esplendor de emoção.
Corpo alvoraçado,
alinhado,
deixou-me entusiasmado,
enebriado
de prazer,
só de te ver,
sem ao menos te conhecer.
Gotículas caindo
sobre a brasa quente do teu
corpo nu.
Alvissareiro fico ao sentir,
nós dois,
como se fosse um.
Tempo que não se acaba,
em lugar algum.
Inquieto, ouço o som de sirenes,
estou preso ao meu quarto,
mas vejo o mundo,
pelo retângulo da janela.
Lá fora! Ah, lá fora,
o mundo pulsa, ainda que não seja como outrora.
Agora, são novos tempos,
os passados já não voltam mais,
apesar de se regojizarem em minhas lembranças.
Lá fora! Ah, lá fora.
E o som das sirenes vão diminuindo,
até não existirem mais.
Olho pra cama vazia,
já não a vejo mais,
lembro de como nós fazíamos,
sem pensar no que aconteceria,
sem passado, nem futuro.
Pois, tudo permaneceria.
Amor! Te quero.
E até ao céu, eu iria.
Para lhe trazer ao meu inferno
de todo dia.
Que emoção é essa,
parece coisa de outro mundo,
coisa que não se sabe
por onde começa.
Por isso, não paro de pensar
em você nem por um segundo.
Tenho dito o que nunca foi dito?
Não.
Tenho sido repetitivo.
Há um destino?
Ou vários?
Quero tudo, sem ter nada.
Quero ser apenas eu,
o que não sabe,
mas sonha em saber.
Astro rei emoldura
sua fina pele,
marca com beleza
e altura,
um corpo límpido,
e assim me inspira
a te sorver,
como se fosse a última vez,
e assim poder morrer de prazer.
Tu
amanhã chegarás,
linda e frondosa,
enfeitando o solo de flores,
com cheiro cabalístico,
adornando o meu viver,
vou resignar o desejo de te rever,
mesmo sabendo que ano que vem,
te adorarei novamente.
Minha visão turva
nesse caleidoscópio
enebriante.
Luzes que se cruzam,
parece que nada vai acontecer
de hoje em diante.
E agora, o que fazer?
Nesse instante,
perpetuado
nessa magia delirante.
Preparo o corpo,
muito mais que um gesto,
vislumbrando em um pequeno instante,
o amor que eu espero.
Imagino algo,
como se não houvesse
início ou fim.
Sim, isso eu quero.
Te vi caminhando pela rua,
veio ao meu encontro,
primeiro o teu sorriso,
engrandecido pela brandura.
Carrego comigo a lembrança
daquele dia,
e faço daquele momento,
a eternidade em sentimento.
Ainda que sejas efêmero,
lembro dele com o carinho
de quem não vê passar o tempo.
Não foi fácil,
sentir e não encontrar os afetos,
tão distante, quanto nebuloso.
Talvez, seja a minha incapacidade de ver
atos simples,
de um amor inconstante,
que dialoga com a minha mente,
que não sabe o que será
daqui em diante.