Marcos Amaro
Minha pele preta
ruge com a lembrança
do sofrimento passado.
Nossa ascendência
é parte do que somos hoje.
Nutre nossa consciência.
Puxo o ar,
respirar é bom,
vivo ainda estou.
Amar é um sonho bom,
algo além da vida,
ainda puxo o ar.
Posso servir-me do altar, não faço parte dos mortos, ainda que estejam matando, a vida, os sonhos.
Muitos se foram,
vidas, sonhos e amores se foram.
Todas as cores do arco íris são belas,
pois mesmo misturadas,
se transformam entre elas.
Construindo laços de amor muito acima delas.
Não foi nada.
Nada além do mais.
Mais que um lampejo.
Lampejo um tanto fugaz.
Fugaz como não ter prazer na vida.
Vida sem amor.
Amor sem paixão, mas!!!
Não foi nada.
Nada além...
Deliro, fito, observo.
Estou cioso do meu querer,
buscando entender, conhecer.
Simplesmente, louco por...
Imaturos por natureza,
um mundo às avessas,
galgando um pouco a cada dia.
Mas o copo nunca estará cheio,
só um pouquinho acima do meio.
A maturidade é uma eterna busca
nesse enleio.
Pense por apenas um instante,
nunca haverá o tudo,
e isso é impressionante,
a busca é intrínseca a nossa existência,
e isso não é o bastante,
pois o tudo já é um absurdo.
Nunca foi tão fácil escrever,
bastou pensar em você,
e já que renascia a cada amanhecer,
busquei te conhecer,
para nunca mais te esquecer,
e te amar ao anoitecer.
Um olhar perdido,
observando ao fundo o céu cinzento,
uma árvore desfolhada ao centro.
Emolduradas por uma janela entreaberta,
em um dia frio de julho,
solapando sentimentos,
resignação,
com um misto de insatisfação.
Uma longa jornada,
caminhos tortuosos,
continuo andando,
suando frio, quase desistindo,
não há alternativa,
continuo andando.
Os passos agora são mais lentos,
não tem a velocidade de outrora,
continuo andando,
o caminho é longo,
não sei quando finda a aurora,
continuo andando.
À procura passei o dia,
muitos momentos que se perdiam,
desejo que não atendia
ao ensejo que me consumia.
Mas é chegada a hora,
ainda que tardia,
de respirar ao teu lado,
ouvindo poesia.
Boca seca,
faltou a saliva dos lábios teus,
ausente dos meus,
vivendo incessantemente à procura
dos seus
Não ousou olhar-me nos olhos,
sentiu a culpa,
mas... não houve desculpa,
preferiu o silêncio.
A vergonha é alheia,
te envolve em uma teia.
O que farás?
Parece solidão,
mas é falta de atenção.
Às vezes um carinho basta,
para sair dessa situação,
e esquentar um coração,
que insiste em ficar amargurado,
quando não, ressabiado.
Sim, pode acontecer
do amor esmorecer,
e deixar de enfeitiçar
o meu amanhecer,
deixando de acordar com você.
Um respirar, um pouco ofegante,
não pela falta de ar,
mas pela intensa sensibilidade.
Isto é! Ansiedade.
Foi dureza pensar: perdi você,
coisa que não quero crer.
Na certeza da morte,
só quero um pouco de sorte,
e que siga a vida, que anda pela hora da ...
Que essa vá para muito longe daqui,
para que eu possa desfrutar,
dos prazeres que possam estar aqui.
Eu sabia
que me machucaria,
foi apenas uma doce ilusão,
a presunção que você não seria tão vil.
E como é forte a razão,
simplesmente corrompeu a minha emoção,
trazendo à tona minha visão infantil.
Não sou, quem penso que sou,
há algo a mais,
escondido no meu instinto,
fruto do meu labirinto,
que busca no inconsciente,
saídas.
Mas, o bárbaro insiste,
quer estar presente.
Cabelos brancos,
mãos calejadas,
pele enrugada,
ainda que prefira uma imagem jovial,
não se sinta enganada,
a idade chega como um punhal,
mas sinta-se rejuvenescida,
quando amada.
Pratiquei um delito,
ato culposo,
sem dolo,
redundância proposital,
apesar das variantes,
Bem! Não sei direito, coisa e tal.
Mas, voltando ao delito.
Consumado?!
Crime de amor, como havia dito.