Marcilio Bezerra Cruz
A passagem de uma etapa à outra de nossa vida nunca é passada despercebida. Nunca é calmaria. A calmaria é repouso; a passagem é movimento. O movimento é, sobretudo, mudança e mudar exige-nos certa desestabilização. Exige que arranquemos algumas raízes profundamente cravadas num asfalto de cotidianos. Que cortemos o aparente laço seguro que o hábito costurou entre nós e a sanidade. Sentimos o momento chegar sob as rédeas da angustia e, na maioria das vezes, rejeitamos. Não queremos passar ao outro lado – independente do que nos espera do lado de lá. Tomamos o desconhecido como sinônimo de inseguro e nos perguntamos: por que eu deveria trocar o que é certo pelo o que é duvidoso? Por que é somente fazendo essa passagem que podemos progredir. No progresso não tem calmaria – não se iluda! A calmaria é repouso; progresso é movimento. O movimento é, sobretudo, mudança e mudar nunca é passar despercebido pela vida.
Mas, o que sou afinal? Nada em relação ao tudo e tudo em relação ao nada. Uma flecha em disparo que liga o que já não é com o porvir. Aglomerado de incertezas e esperanças; um apanhado de sonhos e amor.