Mara Dias
Como eu imagino um Poeta
Deve ser colorido na alma e na mente
Deve ser cheiroso pelo perfume das flores
Deve voar como um colibri
Andar manso sobre rios e mares
Deve ser muito alto
Para ter uma visão de tudo
Ou não talvez bem baixinho
Para enxergar as minúsculas criaturas
Deve carregar na mão, sempre uma árvore
Para que não lhe falte papel e lápis
Seu coração é feito de luz
Para que possa iluminar
A humanidade e os apaixonados
A noite já cansado de tanto andar e voar
Vai se deitar na relva
E se conectar com a mãe natureza
Recarregar sua energia
Transformar tudo que viu e sentiu em poesia
Olhar a lua, as estrelas, as nuvens
E criar e poetizar
Nos primeiros raios de sol
Presentear a todos
Com seus belos textos
Encantando a triste morena, o jovem aprendiz da vida, a criança birrenta, o velhinho, o doutor, mas principalmente os apaixonados
Ira falar de amor, de todas as formas e maneiras possíveis
Assim é que descrevo um poeta.
Um ser colorido
No escuro estou
Disfarço meu amor
A luz de vela
Meu precioso amor
Que guardo no sótão
Do meu coração
Você tem a chave
Você sabe o segredo
Por que não abre
É só girar a chave
E terá meu amor
Esse lugar é somente seu
Junte se a mim
Meu coração será jardim
Acorde, venha
Solte meus cabelos
Afaga meu coração
Me abrace
Me beija
Me desenha com sua boca
Dance comigo
Me tire daqui
Me ame
A minha transformação
É dolorida
Deixar de ser loba
Não é fácil
Na minha floresta pessoal
Domino a acaltéia
Abasteço de carne a matilha
Sou caçadora nata
Sofro em caçar
Mas preciso como loba fazer isso
Os protejo no frio, levando os para
As grutas profundas e quentes
Onde correm rios subterrâneos
Mas me apaixonei pelo caçador
Um amor improvável
Mas é verdade
E de tanto pensar estou me transformando
Diariamente em mulher
Cada pelo que cai, a pele aparece
Branca como neve
Estou isolada, sozinha
A transformação está quase completa
Meu cabelos são loiros e compridos
Somente minhas garras aínda
Estão por mudar
Só preciso saber
Se serei reconhecida
Antes era forte não tinha medo
Agora mulher
Sou forte ainda, pois minha descendencia é de lobos
Mas o meu medo é o amor
Será que serei amada
Será que fiz a coisa certa
Deixar a floresta
Pela selva da cidade
Preciso correr ao encontro do amor
Preciso ser reconhecida
E só tem um jeito
Nos olharmos bem
Olhos nos olhos
Ele vai me reconhecer
E será amor
A vida amarrada
A outra vida
Não quer dizer
Que não existimos
Que não pensamos
Que não temos desejos
Fora dos sonhos da outra pessoa
Todo mundo tem seus sonhos individuais
Que compartilhamos com amigos e família
Ninguém tem o direito de podar
Ninguém tem o direito de direcionar
Nosso pensar e querer
Claro que é bom ter alguém
Para ajudar, aliviar o fardo
Mas essa pessoa não deve
Se apropriar dos seus sonhos
Estar junto somente por amor
A vida é construir
Não existe corrente de aprisionamento
Tem mulheres que quando são
Liberta do cativeiro
Não sabem o que fazer
Nem sequer um caixa eletrônico operam
Estavam na mão do opressor psicológico
Que as manipularam, até a esgotarem
Cansaram do brinquedo
Podaram tudo
Tudo mesmo
Mas enfim estão libertas
Não estão prontas para alçarem voos
Mas vão conseguir
A mulher é fortaleza
Aguenta muita porrada da vida
Tem sonhos guardados
Prontos para se tornarem realidades
Não deixem de sonhar
Não engavetem sonhos
Lutem pelos seus sonhos
Sejam o que quiserem ser
Mas sejam vocês
Não estou bem
A lua se faz presente
Majestosa e linda
Como posso
Te olhar
Meus olhos estão
Marejados de saudades
Antes tomar um banho de lua
Era perfeito
A noite, morna
Aquecia nossos corpos e almas
A carícia do vento, as vezes gelado não arrepiava
A areia não incomodava
A água do mar salgada, parecia doce.
Mas hoje penso que de tantas lágrimas do mundo ficou assim salgado
Conservando todas as dores e saudades nessa salmoura
Mas tem seu lado medicinal
Cura as feridas do corpo e da alma
Basta um banho de mar
A lua é a grande paixão do mar
Conversa com ele nas suas fases
Demonstrando seu amor platônico
Sempre na perpendicular
Nunca vão se tocar
Mas não desistem de se amarem
Enquanto na terra
Muitos toques, muitas promessas
Tudo muito frágil e falho
Por isso estou de costas
Para ti lua
Para não te olhar
E sofrer menos
E noite de lua cheia
Meus medos me amedontra
A lua desce até mim
Vou ao seu encontro
Caminho mar adentro
Nas águas escuras
Que brilham somente com sua luz
Tenho medo mas vou
Me liberto das minhas vestes
Num ritual sagrado
Essa energia é necessária
Para a loba que existe
Dentro de mim
Esse ritual me mantém aqui na terra
Tenho que superar meus medos
Para prosseguir
Sofro mas compreendo
Meu destino
Cada um tem sua sina
Posso até não aceitar
Mas em noite de lua cheia ou nova
Tenho que deixar de ser minguante
Preciso de apenas um toque
Para ser crescente
É noite
Não está comigo
Faz frio, acabou de chover
Tudo está molhado, úmido
Espero sua volta
Venha viver ao meu lado
Me encontre
Não esqueço um segundo
Sinto sua falta
Te vejo em todos os lugares
Ouço sua voz
De dia, de noite
Na rua, nas calçadas
Em todas as partes
Penso até estar louca
Se eu morrer
Te asseguro que não te esquecerei
Estou muito apaixonada
Minha vida não vale nada
Os dias são longos
As noites sofridas
Sem ti
Minha alma necessita
Não consigo respirar
Sem ti
A vida não é vida
Sua ausência é um castigo
Volte logo
Te amo
1 metade da casa
2 risco sinuoso
3 metade do infinito
4 metade do pé da cadeira
5 linhas dançantes
6 gatinho pendurado árvore
7 tentar tentar
8 infinito completo
9 maquaquinho também árvore
O a bola do jogo
Nem está aqui
Está rolando
Eu sou um grande vazio
Que com o passar
Dos dias e noites
Está sendo preenchido
As vezes entram coisas ruins
Tenho que degirir
E expulsar
Liberando mais espaço
Mas quando é amor
Vai ocupando
Me completando
Creio que na plenitude
Estarei pronta para
O infinito
Deixar a terra
Levarei somente
Amor
E com certeza
Brilharei
Como uma nova estrela
Inspirando os poetas e
Os apaixonados
Nos seus barquinhos
Entro na floresta
Vou em busca
Da felicidade
Utopia
Pode ser
Mas deixo marcas
Por onde passo
Deixo o perfume
Levo comigo
Um pouco de tudo
E de todos
Eu encontrei o lobo mau
E partilhei
A sua fome era:
Fome de quê?
Fome de comida
Fome de carinho
Fome de afeto
Fome de compreensão
Fome de amizade
Fome de rejeição
Fome de tudo
Por isso era mau
Agora é meu protetor
Ele me defende
E eu também o defendo
Mesmo ele sendo fera
Ela me sente
Ele me cheira
Ele me confiou sua amizade
Agora está tatuado em mim
Estou a sonhar
Entre balões
Nuvens e a lua
É noite
Sonho com meu amor
Levito em sintonia
Com seu pensamento
Amor que mistura
Paixão e desejo
Como soltar pipa
O céu por testemunha
Uma paz
Mas o corpo quente
Arde de desejos
Seus beijos me aquecem
Me derretendo
Sonho dormir de conchinha
Que aconchego
Que segurança
Fazer planos juntos
Os mais impossíveis
Na mesma rede
No mesmo balão
Rumo ao desconhecido
Onde no sonho
Toco seu corpo
Sonho com seu cheiro
Os balões explodem
Estouram
Num simples sonhar
De corpos
A delicadeza da menina
O semblante de anjinho
Transmite a paz e a pureza
A tranquilidade
É só olhar
Suas mãos emitem luzes
Que brilham sem parar
Menina sonhadora
Que sabe sonhar
Fecha os olhos
Para a respiração controlar
Para sentir
O pulsar do coração
E consegue emitir
O eco da paixão
Num simples dedilhar
De uma canção no coração
Linda e calma
Doce assim
A paz tem seu lugar
Na meiguice da menina
Gira girassol
Gira por ser natural
Gira e olha para o céu
Gira e olha para o sol
Gira
Sempre fiel
Ao seu amado sol
Então
Gira girassol
E o sol como gratidão
Lhe aquece e lhe dá a vida
Gira girassol
Acompanha seu amor
No trajeto diário
Cujas pétalas
Tem a cor do seu amor
Gira girassol
Nos pés da moça
Da cor do girassol
Que gira
Que baila
Que balança a saia
E o coração do homem
Que gira de paixão
Tudo gira
Tudo roda
No girar do amor
Do girassol
Abro a janela
E me debruço no parapeito
No granito gelado
Com a chuva castigando
E o frio congelando meus pés
Choro de saudade
E as lágrimas quentes e salgadas
Se misturam com a chuva fria e doce
Não sei a proporção das águas
Que resvala em mim
Chuva ou lágrima
Nosso cachorro
Me olha com olhos brilhantes
Me indaga
E chora também
Não sei se pelo meu choro
Ou também de saudades de você
A chuva não para
Mansa e molha tudo
Continuo sem saber
O que é chuva ou lágrima
Só sei que dói
Minha estrada empoeirada
Dos pós batidos
Dos pés e das rodas da humanidade
De gramas secas
Pelo inverno rigoroso das almas
De buracos feitos
Pelas chuvas intensas de lágrimas
Minha estrada que de reta ficou sinuosa
Pelos ventos do outono
Secando e dissecando todas a ilusões
Resta uma luz
Pode ser o por do sol
Pode ser o brilho das estrelas
Ou o brilho intenso de uma alma
Iluminando o poeta sonhador
Catador e distribuidor
De sonhos
Venha
Ou não
Venha
Não me acostumo
Com suas idas
E vindas
Se encontre
Nesse seu perdido
Caminho
Se apresse
Se decida
Apesar de no fundo
Sabermos
Que nada resta
Esse caminho
De estradas lindas
Árvores verdes
Flores colorindo
Pássaros cantantes
Continua e continuam
Mas em separados
Eles enfeitam
O caminhar
De todos
Meu amor
Não se espante
O que sinto
É aldente
Macio e forte
Transborda na panela da emoção
É um prazer
Me faz realizar
Proezas para ti
E se você fica feliz
Eu me derreto
Adoro te encher de mimos
Bobos as vezes
Mas sei que gosta
De macarronada
E quando preparo
Vejo a água quente na
Banheira
Junto com
Sais e óleo
Os corpos se enrolando
Se soltando
Amaciando
Até no ponto da exaustão
Nesse momento
Juntamos o sabor dos molhos
Carne, queijo
O aroma
Se tiver um vinho então
Enlouquecemos
Assim são os mimos do amor
Não se espante, ame
Meu desejo é grande por ti
Meus olhos brilham
Como faróis
Te guiando rumo ao meu cais
O mar resfria
Mergulhamos nas profundezas
Dos corais coloridos
A ebulição é contida
Dentro desse turbilhão
De emoções
Que os amantes não controlam
Perdem a noção
Segundos não contados
Somente sentidos
Não cronometrados
O cérebro literalmente para
Segundos mágicos para poesia
O amor é generoso
Nesse momento
Somos órgãos vitais
Para sobrevivermos
Um dependendo do outro
Nesse sentir
Eu te amo
Sempre vou amar
Isso é uma promessa
Eu sei que é amor
E nada vai mudar
Eu amo você assim
De todas as maneiras
De todos os jeitos
Amo você
Nos sabores
Nos licores
Nas dores
Amo você
Na sabedoria
Na loucura
Na Magia
Amo você
No desejo
No amasso
Na cama
No chão
No pão
Amo você
Dançando
Pulando
Correndo
Soltando pipa
Na explosão
Amo você de todas
As maneiras
Amo você
Assim
Do jeitin
Que é
Com cheiro de café
Eu sei que te amo
Queria estar nos seu braços
Mas não estou
Você já deve estar chegando
Procuro outra mensagem
Estou chegando
Tudo já está pronto
Beijos, abraços
Vinho
Loções, perfumes
Olho o relógio
Conto os segundos
Te acompanho pelas ruas
Em pensamento
Cada sinaleiro que cruza
Cada esquina que vira
As lombadas
Os malabarista se equilibrando
Sou como uma câmera
Fotógrafo tudo na mente
Você chegou
Barulho motor sendo desligado
O nosso cachorro late
A porta bate
O sinal do alarme
Diz que você está muito perto
A porta se abre
Não me contenho
Já estou no seu pescoço
Seu cheiro me embriaga
Suas mãos seguram meu rosto
Seu olhar busca o meu
E só confirma
Como eu te amo
É noite
As palavras Sumiram
Minhas mãos estão pesadas
Como o meu coração
Lá fora o céu está estrelado
Mas as palavras não chegam
Meu coração não sente
O cérebro não pensa
A melancolia
A nostalgia
Me abandonaram
A esperança também
Onde estão minhas heroínas
Meus príncipes
As flores, os perfumes
Busco, procuro
Mas não sinto o cheiro e não as vejo
Até vocês me abandonaram
Oh que tristeza
Que mundo cruel é esse
Preciso do meu mundo
Busco inspiração
Num livro
E nada
Em uma música
E nada
As palavras não chegam
Olho para o papel em branco
Caneta na mão
Tento imaginar, sonhar
Mas as palavras não chegam
Vou pensar no mar
Nada
A vida
A gangorra
Sobe, alto
Desce, baixo
Brincadeira
Gostosa
Na vida, a história
No alto, o auge
Aproveite
Na descida se prepare
Você vai vivendo
E sobrevivendo
Nem percebe
Somente quando
O baque acontece
O susto
Percebe onde chegou
Mas calma
Já que chegou, descanse
Análise
Crie força
Tome fôlego
E impulsione
A subida é linda
Solte os braços
Volte a sorrir
Seja leve
Se jogue para frente
E voe
Deixe o peso no chão
Mude de brinquedo
Já que não conseguiu o equilíbrio
O reencontro
De corpo
De alma
O sentimento colore
Os olhos se enchem de cores
Cristalinas
Que molham e desenham na face
Riscos de felicidade
Que se abrem num belo sorriso
O abraço enlaça
Aperta
Cheiro bom da saudade
Que toque mágico do amor
A alma ilumina
Incendeia
A felicidade aparece
Irradia
Eu sinto
A magia se completa
No beijo mais doce
Com sabor de menta
Menta que mentaliza
Que eterniza
O reencontro
Me vejo na sua mão
Me vejo no seu coração
Lugar Sagrado
Onde é o nosso
Mar
O tempo
Repetidamente
Acontece a todo instante
Como foi ontem
E como será amanhã
Pode fazer sol
Pode chover
Ou os dois ao mesmo tempo
O relógio tic tac
No compasso tic tac
Pode ser num Rolex tic tac
Ou num relógio do sol tic tac
O mundo pode até ruir
O tempo é infalível
Dita e impõe regras
Hora de dormir e acordar
Hora trabalhar e almoçar
Tempo para tudo
Estou farta
Não aguento mais o tic tac
Hoje arranquei meu relógio
Não quero saber das horas
Se eu pudesse voltar no tempo
Não deixaria você ter partido
Nessa viagem, que foi sem volta
Se eu pudesse congelar
O momento da sua partida
Seu abraço quente, aconchegante
Seu beijo, nosso utimo beijo
Se corpo colado no meu
Seu olhar brilhante, cheio de esperança
Se eu pudesse
Hoje olho e nem vejo o horizonte
Meus olhos ....te procuram
Carregados de dor e lágrimas
Não te encontram
Você está somente
No meu coração
Uma mão estendida
Implorava por comida
Na pressa
Não me importei
São tantas almas assim
Ou são tantos corpos
Mas para essa
Eu poderia ter sido a diferença
Na volta
Procurei não encontrei
Sofri pela sua fome e meu descaso
Converso com vários
Um me disse que por amar a família
Se afasta
Não consegue parar com as drogas
Nem as bebidas
Vejo ele todos os dias
Com seus tesouros no carrinho de supermercado
Se banha na fonte, nas torneiras das casas vazias
Dorme nas áreas, bares depois que todos se vão
Esse ainda segue uma rotina
Outros mal comem a mistura da Marmitex
Jogam do lado ondem dormem e fazem as necessidades
Gritam sem serem ouvidos
Mas nem sabem o que querem
Uns são violentos
Outros transpassados
Nem reagem
A vida é uma escolha, ou será que eles foram escolhidos e acolhidos pela vida