Maquiavel
Existe uma distância tão grande entre como se age e como se deveria agir, que aquele que despreza o mundo real para viver num mundo imaginário encontrará antes sua ruína do que sua salvação.
Quem deveria ostentar maior amor à paz senão aquele que foi ferido pela guerra?
Ninguém teme enfrentar uma situação pelo qual foi treinado.
Os homens se devoram uns aos outros e sempre se sai mal quem menos pode.
A guerra nunca é evitada, apenas adiada para sua própria desvantagem.
A única maneira de se proteger da bajulação é fazer as pessoas entenderem que dizer a verdade nunca o ofenderá.
Não tem outro modo de esquivar-se das adulações senão fazendo os homens entenderem que eles não o ofendem dizendo-lhe a verdade.
O amor é mantido por um vínculo de reconhecimento, mas, como os homens são maus, se aproveitam da primeira ocasião para rompê-lo em benefício próprio, ao passo que o temor é mantido pelo medo da punição, o qual não esmorece nunca.
Um povo corrupto, liberto, com dificuldade grandíssima pode manter-se livre.
É tanta a ambição dos grandes que, se por várias vias e de várias maneiras, ela não for abatida em uma cidade, logo conduzirá tal cidade à ruína.
Um povo totalmente contaminado pela corrupção não pode viver livre mais do que um curto período.
Aos amigos do Rei, exceções e favores.
Aos desconhecidos e inimigos, nada além do que o rigor da lei.
Contra quem tem boa reputação com dificuldade se conspira, com dificuldade é atacado
Decidir com lentidão é sempre prejudicial.
Um homem que quiser fazer profissão de bondade, é natural que se arruine entre tantos que são maus.
O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons.
Em verdade, há tanta diferença de como se vive e como se deveria viver, que aquele que abandone o que se faz por aquilo que se deveria fazer, aprenderá antes o caminho de sua ruína do que o de sua preservação.
Não podemos atribuir à fortuna ou à virtude o que é alcançado sem nenhuma delas.
Quem quiser praticar sempre a bondade em tudo o que faz está condenado a penar, entre tantos que não são bons.
O príncipe às vezes devia encarnar o leão poderoso e firme, às vezes a raposa astuta e esquiva.