Magaiver Welington
Você fuma cigarros franceses
e esconde o vermelho atrás de seus wayfarers,
mas quando a noite chega
seu quarto está cheio de coisas vazias.
Então nada mais te resta
a não ser os quadros dos anos 60
tortos em sua parede para admirar (...)
O poeta é um ser imortal, cuja após o abandonar de seu corpo seu espirito permanece em suas palavras.
Se engana todo aquele que acredita que o poeta é alguém que escreve poesias.Pois são as poesias que escrevem o poeta.
A grandeza de um poeta não é medida pelo tamanho de suas obras, e sim pela grandeza de seu mundo contido na mais singela das frases.
Um ultimo brinde, aos filhos da noite cujo os becos da cidade sem cor suas almas habitam.Se perdeu a esperança que aqui um dia desfilou em trajes dourados.As tabernas já não me atraem como antigamente, tão pouco os bordeis, já jogados as moscas,com escravas raquíticas.Detesto pensar no amanhã, nas garrafas de fundo vazio e sem vida, a olharem pra mim com ar de despreço.Do cafés frios com sabor de lama que servem nos hotéis de beira de estrada ou em festas de caridade.Detesto pensar nas poesias inacabadas, escritas em uma manhã de ressaca no espelho embaçado do banheiro.Falta de espaço em meu ser.Mergulhado em um mar de augas mortas, a conduzirem a maré inebriante.Os olhos fixos como dois faróis quebrados.É realmente assustador não ter sonhos aos quais navegar...
Sou apaixonado pelo perfume da noite, me encanta, me fascina.Há algo nos olhos noturnos que hipnotiza minha alma, que me rouba o ar.A noite embala meu espirito, me deixa mais leve.Me sinto vivo novamente ao tocar seus lábios.Há uma magia inexplicável nela...
O homem mau vive escondido atrás de uma mesa sentado numa cadeira de couro.Ele veste terno e gravata, ele nos esmaga com mãos de ferro.
Bebi todos os sonhos que encontrei, me tornei todos os rostos.Dormi com o sol e as estrelas, me misturei ao céu, me tornei o novo vinho, confidente do vazio.Me despertei de meu sono sombrio e embriaguei amantes com palavras.Eis o segredo de minha loucura.Não me tornarei mais uma caixa de retalhos, entregue ao negro pó de uma estande humana e ilude.Aclamados sorrisos que pairam sobre o Coliseu, é chegada a hora.Vamos, destilem o veneno que aqui corre sobre aos pés dos narcisos embriagados e desinibidos.Mostrem-me a nudez de tua razão, o motivo que as cores dispensam explicações.Não serei inebriado por sua falsa paz, muito menos pelos corações covardes a acarentar suas desculpas.É inútil tentar sobreviver em meio aos porcos burgueses, inútil tentar sobreviver, ao invés de tentar viver.
Ela é como uma noite de lua cheia
a beira do oceano,
o mais nobre dos perfumes litorâneos.
Um segredo, um pecado,
o mais belo de todos.
Seus beijos me embriagavam,
me roubavam o ar.
Hoje são só lembranças...
Eu perfurei os pulmões de saturno e roubei seus anéis com meus versos, foi como um soco no estomago do mundo."
Talvez eu seja mais um número, esperando a hora de se juntar a tantos outros números.Um acorde tremulo, torto, inepto, uma mandala sem cor
Não havia nenhum sentido
diante de meus olhos pardos, fálicos.
Só um monte de palavras
em papéis borrados de vinho,
um olhar triste dentro do espelho
que insistia em me encarar.
Eis o inferno da alma...
Não existe amor verdadeiro
sem antes haver amizade,
cumplicidade entre os dois seres.
O amor é aquela sensação de bem estar,
de se sentir a vontade com a outra pessoa.
De olhar nos olhos um do outro
e não precisar palavras
para descrever aquele momento.
É aquele abraço apertado
em que o coração dispara.
Que um beijo tem o poder
de parar o tempo, o mundo.
Que uma hora parece um segundo.
Que o dia passa sem percebermos.
O amor é aquela sensação engraçada
de frio na barriga.
Sensação estranha porém tão boa.
Que os corações encontrance em harmonia.
Aquele ciume bobo,
aquele amor de verão que dura a vida toda.
O amor é aquele momento
onde dois sorrisos trocam olhares.
Sonhos, segredos...
Onde as línguas se entendem melhor do que ninguém.
Onde as cores se misturam,
onde o suor é um só...
Quando o fogo encontrar-se com o silêncio
e os pássaros abandonarem as árvore tremulas, eu já estarei partindo para a cidade das luzes.
Covil das Máscaras
No desfeche da tarde
Meu coração dependurado permaneceu
Antes de se juntar ao sol
E todo o resto de fraqueza que pereceu
Inerte, intacto
Como os amantes da noite
Cuja as asas amançam as estrelas
Ao som dos alaudes da morte
Teu mar és meu abrigo, meu refugio
Por onde meu corpo rasteza
Como o delislizar de uma serpente
Te invade, te alimenta e te deseja
Delicadas correntes reais
Enfeitam os trajes mortuários
Dos ineptos cadáveres vivos
Que sob as chamas embalam os corsários
O esmagar do teu cránio sobre as tropas
Não há troféu maior pelo qual lutar
Reluzentes cabeças enfeitadas com medalhas
Ébrio mandrião fósmios sobre a noite a se espalhar
Arraste-me para a floresta de cristal,
onde o sol e mais real
do que em qualquer outro lugar.
Onde as ninfos nunca dormem
e a música alimenta os famintos.
Me deixe adormecer
sobre a sombra de serpentes aladas.
Deixe-me viver o sonho dos ébrios,
provar o vinho do Olímpio.
Deixe-me mastigar a ultima poesia sagrada.
Eu e meus cigarros franceses, minha xícara de café, meus livros empoeirados.Horas e horas tentando decifrar Rimbaud. Noites regadas a absinto e vinhos baratos.Ruas amenas davam lugar aos latidos dos cães na madrugada.Bebedeira após bebedeira, as ruas se tornavam nobres hotéis.Amores após amores, comprados nas tabernas e nos bordéis
da vida, assim nasceu a poesia.