M.M.Soriano

A MENTIRA pode ser convertida em verbo e, assim, conjugada em todos os tempos, em todas as pessoas... eu menti, tu mentirás, eles mentem... A VERDADE não aceita verbalizações, não admite pessoas, é atemporal.

Portos seguros são temporários. Navios são feitos para zarpar.

Um homem vil começa a se tornar invencível, quando pára de ostentar sua força e começa a reconhecer suas fraquezas.

Todos carregamos o sadismo de querer ser a madrugada de insônia de quem desejamos.

Em Amor, até a Morte se torna um pardalzinho sujo empoleirado num túmulo.

O bonito é discutível, mas a feiura é unânime.

No século XX havia o gay enrustido. Hoje em dia, há outra espécie inusitada: o machão tradicional enrustido.

O dia acordou carrancudo feito bêbado sem cachaça.

O 'raio-que-o-parta!' costuma cair várias vezes no mesmo lugar.

Mergulho no mar dos sonhos exatamente porque não sei nadar em vazios.

O amor só se confirma depois que acaba.

Quem deixa para viver depois, acaba morrendo antes.

FUNDO DO POÇO

Poesia, carne
e osso.

A luta longa.
A lua alta.
O poço fundo.
O tombo feio.
A treva densa.

E o horror da
água negra
até a miséria
do pescoço.

O amor é a melhor cirurgia plástica.

Não dizei
Bom dia, meu amor!
Dizei
Bom amor, meu dia!

Todo o boteco tem alma
de solidão coletiva.

Em pé, com as mãos entrelaçadas diante do peito (como quem contém o próprio coração), pálpebras fechadas e o olhar perdido em algum horizonte - um centro do universo - que ninguém mais pode ver... ORAÇÃO, para mim, é isso.

Amor mesmo - Amor de verdade - é aquele, tão proibido e escandaloso, que jamais há de ser declarado.
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Caixa 2 (sentimental)

É em meus silêncios que as palavras se libertam da gaiola que sou... feito pássaros em debandada...

Verdade na cara tem mau hálito.

O amor é o antídoto para a morte. Quem ama vive para sempre.

Toda a decepção é anunciada. Decepcionar-se é um risco assumido.

PLAGIAR
é enforcar-se com gravata emprestada.

TERCEIRO MANDAMENTO HUMANO:
Fazei do Domingo o vosso dia da graça... olhai para frente, olhai para trás, olhai para cima, exceto baixai os olhos para contemplar as mortalidades rotineiras; descansai no alto da colina que vós mesmos erigistes com a força das próprias mãos, com o suor do próprio rosto, com o gume afiado das próprias unhas encravadas na terra... gente que é gente, não cava a própria cova, modela e constrói a colina mais que vos seja possível, simplesmente para sentar no topo do mundo e ver, na paz reconfortante do último dia, o triunfo individual que a ninguém mais será dado o privilégio de testemunhar.

A literatura é o lado redentor do tédio.