M.K Miller
Quando nascemos, queremos coisas de criança. Brincar, jogar bola, empinar pipa e desenhar. Quando alcançamos a bagunça que é a adolescência, choramos à toa, queremos beijar na boca, trocar confidências com os amigos e estarmos certos em tudo. Quando passamos dessa fase aborrecente, e nos transformamos em adultos (ou quase) deixamos tudo isso para trás. Vem a faculdade, o trabalho e mais algumas iguarias de responsabilidades, as coisas de crianças esquecidas, a adolescência soterrada. Vem a construção de uma família, os filhos e os netos. E a velhice? Ah, a velhice vem. Traz de volta a vontade de ser criança. Traz idas frequentes ao hospital, e a aproximação da família. Traz aquela nostalgia gostosa, aquela vontade de chupar um picolé, e se lambuzar sem medo de alguém estar olhando. Traz aquela frase à tona "Ah, na minha época..."
Valentina
Como o sibilar de uma serpente
Subi lá em cima enfeitiçado
A moça sorriu para mim, com o seu vestido dourado
Comi muitos pratos de ilusão
Para as sombras me iluminar
Enquanto do topo do prédio
A garota pensava em se jogar
É um triste fato que me ocorreu
A ventania do vento, agitando os cabelos da moça.
Como um gato escala um telhado
Finquei nas paredes, minhas coxas.
Onde já se viu algo assim?
Quem te viu, quem te vê
Atrás de uma moça, que sibilou para você.
Quando cheguei ao topo
A fim de cessar aquela dor
Era tarde demais
A brisa matinal da manhã eclodia.
Doce Valentina!
"Eu amo coisas antigas. Desde filmes, à livros. Eu prefiro mil vezes filmes em preto e branco do que essas vergonhas de hoje em dia, do cinema. Eu não faço a linha romântica, mas alguns gestos aleatórios e nada forçado, costuma derreter esse meu coração, vez ou outra. Eu já me decepcionei muito com amizades, com amor, não muito. Isso não quer dizer que eu nunca tenha me apaixonado. Talvez já tenha. Mas nada que tenha feito eu tirar os pés do chão. Eu não sou muito de me abrir com as pessoas, por medo de incomodá-las mesmo. Eu prefiro escutar os problemas delas e aconselha-lás. Eu nunca sei lidar comigo.
Eu gosto de desenhos animados, e problema dessas pessoas que acham infantil demais. Eu gosto de música clássica, não que eu escute o tempo inteiro. Mas eu gosto.
Gosto de abraços, me sinto tão segura dentro de um.
Leio tão rápido quanto respiro, e se leio devagar, não entendo nada. Eu sou muito fria quando fico brava. Eu aprendi a perdoar, mas não a esquecer. Eu sou mulher, menina e aquelas crianças encrenqueiras em um corpo só.
Eu sou muito lerda, e não sei flertar ou seduzir. Eu sou patética quando se trata de dizer a alguém que gosto dela. Eu não sei fazer nada certo, e não consigo imaginar alguém pensando em mim. Sou pessimista e um pouco paranóica.
Gosto de conhecer pessoas, e ainda mais quando elas possuem os mesmos assuntos que eu. Eu sou tudo isso, e um pouco mais. Mas não me recomendaria para ninguém. Eu sou problema, meu bem."