Luiz Teixeira
"Escutei um dia, que o solo que até então não conhecia, por força do destino
meu braço alcançaria,
a terra prometida que seria, para viver, para amar,
para ouvir o mar
e para um dia silenciar, reencontrar o silêncio
e a terra voltar"...
A preguiça é abundante no paraíso, arcanjos não me falam tudo e lá onde escuto vozes, lá, a urgência é regra, viver é urgente. Se não te vejo, te sinto, e mesmo que nada tenha comigo, é inerente, te sinto, e mesmo que tudo tenha, não teria como saber, pois em minha alma mora um desconhecido, que nunca, como um arcanjo, me conta segredos...
ahh, cada dia te vejo melhor, disse um dia a garrafa de um bom escocês para outra, esguia, fina, "dai capelli rossi", saída do sono da casa Chianti e que a olhar-se estava. A vinha, riu-se então daquilo que planejara...
...há um rio a correr entre duas margens distintas, uma é nossa íntima catedral e a outra nossa esperada revelação. Precisamos encontrar a ponte que desde sempre existe...
Prefiro curar minha alma da inveja e das mazelas que só pensei. Certamente são piores que aquelas que pratiquei...
Tudo que pareça muito ser acidental é proposital, e tudo que pareça muito ser proposital, na maioria das vezes não passa de uma mera concidência.
As pessoas me perguntam a razão de não me casar, e digo de pronto. Deixei de me casar uma vez com alguém que amava muito, mas ela traia João, que enganava Helena, que flertava com Rafael, que se atraia por Andreia, que brincava com Carlinhos, que se arrastava por Bob, que amava Suzana, que eu pensei que me amava, mas queria apenas meus discos do Scórpions, e foi-se com Tadeu, que sempre amou Tereza, que ninguém sabe que fim deu. Enfim, não casei, porque gente é complicada.
- eu tenho um baú de pedra, feito de pedra de rio, nele guardo coisas que não acredito, outras lindas, um segredo nunca dito, um vento forte e um suave assovio, e abro as vezes o baú só para sentir um calor no peito, um suor nas mãos e um arrepio, pois tudo que gosto, apesar do gostar aquentado, me faz da cabeça aos pés, barriga então, por um segundo, tremer de frio.-
Tenho certeza que sou da borda da terra, que nem mais terra é. Tenho certeza, que não sou dessa terra, que também nem mais terra é. Não tenho certeza se sou qualquer coisa, gente, bixo, lua ou maré, pois, tudo que habita em mim, é um tanto de vazio e um tantinho de fé...
uma insanidade latente, é comer brócolis pensando no futuro, e não comer chocolate, esquecendo o presente
Em segundos a vida se expande, cria uma janela de cores. A imagem da fotografia nunca mais será a mesma, a janela nunca mais fechará. O mundo é um velho casarão com incontáveis janelas. Debruçado no umbral de uma delas, olho a vida...
Nada quero, nada me conte, meu epitáfio um dia ditará tal fonte: deixei tudo por aí, amores, dinheiro, bens e medos, meu orgulho e até os teus segredos. Portanto, não atravesse a ponte.
Poesia instiga, provoca, mas mora longe, muito longe, quase intocável como realidade. Poesia tem endereço e remetente, tem um tanto de gente que não aceita da vida, a metade.
Quanto mais analiso e observo o ser humano, pouco descubro sobre o viver e muito aprendo sobre a natureza humana.
Sorvete e amores, coisas diferentes, tão iguais. Os dois são prazerosos, mas expostos ao sol do dia, ou ou a luz da rotina, os dois derretem.
Diga-me com sinceridade,
- o que há entre vocês?
Sincero digo:
- Não te preocupes. Apenas existe, tudo que não existe entre nós.