Luiz Roberto Bodstein
Cada vez que tentam “fazer minha cabeça” a respeito de qualquer interpretação de uma idéia me sinto subestimado
na minha capacidade de pensar com a minha.
O educador não se norteia pela capacidade de convencer, mas pelo despertar das possibilidades que permitem a cada um encontrar a própria resposta.
O erro de qualquer extremo é acreditar que os fins justificam os meios, quando os entricheirados negam a própria contribuição no resultado que atacam, imaginando só existirem mocinhos de um lado e vilões do outro. O distanciamento da visão sistêmica remete ao radicalismo, que não consegue ver benefício além do que o seu lado se acredita capaz de gerar, posição utópica respaldada por arrogância e incapacidade de autoanálise.
Treinamento se traduz por mera transferência de conhecimento. Educação é a revelação do caminho que se mostra por trás da cortina.
A incontestável evidência da perda de parâmetros de análise pelo extremista se faz visível quando se lhe tentam descrever outras possibilidades onde – por mais racional e até quanto mais lógica se apresentem – a reação se faz mais violenta e a hipótese mais rechaçada, passando a ser vista como uma declaração de guerra.
Não há nada que me assusta mais do que o extremismo. Mais do que qualquer regime político, mais do que qualquer iniqüidade – que são temporais – o extremista me assusta pela perenidade do entendimento de que a coexistência com qualquer hipótese diferente da sua é inaceitável, e sua causa pessoal o transforma naquele tipo de gente para o qual o fim justifica todos os meios.
A cegueira do radicalismo para a complexidade sistêmica, norteada pelo foco único colocado na própria trincheira, torna o convívio um permanente risco para os que o rodeiam, pelo fato do pensamento radical partir da premissa de que todos que não se unem a ele estão contra ele! Como pensa de forma linear, tendo um dos extremos como a única alternativa possível, o equilíbrio representado pela neutralidade se apresenta como uma posição mais próxima da do “inimigo” e que, por isso, também precisa ser destruída antes que se traduza em fortalecimento da “ameaça”.
Sabe o que há de PIOR em se morar sozinho? É que sempre se tem MUITA COISA pra fazer! Sabe o que há de MELHOR em se morar sozinho? É que SEMPRE se tem muita coisa pra fazer!
Quando jovens temos a pretensão de acreditar que nosso protagonismo é decisivo para as mudanças pela qual a humanidade passa, quando não é bem assim. O mundo seguirá seu caminho evolutivo independente de nossas bandeiras, da mesma forma que a terra hoje não é mais o centro do universo não porque Galileu ousou contrariar o status quo da época, mas porque a ciência prevaleceu. Pela visão sistêmica, os mitos de ontem serão sempre as verdades de amanhã, independente da vontade dos que ocupam trincheiras opostas, que nada mais fazem do que acelerar ou retardar um pouco o Samsara da vida.
Tem pessoas que se acreditam democráticas porque concordam que você faça o que ache certo... desde que o seu certo seja igual ao delas!
Mais do que ser único na vida das pessoas, importante é fazer com que cada uma se sinta ao nosso lado como a única.
Antes de sair buscando por alguém que nos complete, o bom é se sentir completo em si mesmo, e conceder a outrem apenas o poder de nos transbordar.
Entender que se precisa de alguém para nos completar é reconhecer que sem esse alguém se permanece incompleto. A presença do outro tem que ser como a cereja que pode até tornar a visão do bolo apetitosa e atraente, mas não o altera no sabor que já traz em si.
A contestação vazia e desprovida de conhecimento prévio é típica da ignorância que impede uma pessoa de alcançar o patamar mínimo de compreensão para avaliar qualquer coisa acima da sua pequenez.
Se as pessoas se limitassem a tentar convencer os outros apenas do que podem comprovar, sem cair na área da interpretação, já conseguiríamos eliminar um sem número de conflitos que dão causa, inclusive, a genocídios sob forma de “guerras santas” em defesa de teses que jamais se mostrarão irrefutáveis.
Se os seus argumentos se mostrarem além de suas verdades pessoais, e os fundamentos acima de seu envolvimento emocional com eles, estou pronto para debater quaisquer de suas idéias.
O problema do radicalismo é que seus defensores encaram suas "verdades" como a única alternativa possível. Acreditam-se tão superiores para ver o que a maioria não consegue enxergar que se distanciam da mais óbvia das realidades: a importância da diversidade para a coerência nas escolhas.
A maturidade só vale à pena quando vem acompanhada do entendimento do que deve ser feito, da decisão para fazê-lo, e de serenidade para lidar com seus desdobramentos.
EDUCAR é ampliar o leque de alternativas para quem não o consegue perceber em todas as suas dimensões. INDUZIR é subestimar a capacidade alheia de fazer as próprias escolhas perante todo o elenco de possibilidades.
ISENÇÃO é não sonegar a ninguém as informações para que concluam por si mesmos. PRETENSÃO é querer transformar todo mundo em meros "players" do seu pensamento.
Fiz alguma diferença na sua vida? Então diga-o enquanto estou vivo! Depois que me for não sei se terei meios para lhe dizer “obrigado”.
Está seguro de que sabe o que quer? Então vá em frente e não dê ouvidos às críticas. Melhor errar pelo que acredita correto do que ser guiado para trincheiras não legitimadas por suas próprias crenças.
Estou mais do que aberto a informações além das que consigo reunir por mim mesmo: regozijo-me até quando me alimentam com elas, desde que baseadas em dados. Mas se você não os tem, ou os sonega ao tentar me convencer do que acha melhor pra nós, por favor: deixe que eu encontre o MEU melhor!
Não se confunda o imbecil com o boçal. Imbecilidade é inteligência em proporção mínima, enquanto se pode ter pessoas tão inteligentes quanto boçais na mesma proporção. Boçalidade é quando o indivíduo exibe tão arrogante, estúpida e grosseiramente valores típicos de um imbecil que não deixa dúvidas de que os entende como a melhor de suas qualidades.