Luís Eusébio
Sinto o povo murcho. Não é para menos. Com a classe política que tem, não há Viagra que endireite Portugal.
É quando me dizes:
- Beijinhos!
que o sangue se alvoroça e, por momentos, a dúvida sobressalta-me:
- Com que lábios?
Parte substancial da humanidade maniqueísta, passa a vida a rezar o Pai Nosso, enquanto renega o deles próprios ou assassina o de terceiros.
"As mulheres escolhem os homens que as hão-de escolher", dizem. Ainda bem, porque eu, com certeza, teria dificuldade na escolha.
O "inferno" que ninguém tema. Vivemos nele. O que nos deve preocupar é o "céu": todos os moralistas, aparentemente, vão lá parar.
Sou todo pelo pecado. Por uma questão de lógica. Quando morrer, se for para o céu, não me deixarão mais pecar. Há que aproveitar em vida. Se for para o inferno, no meio de tanto pecador, perdendo a graça toda, recusar-me-ei a pecar.
Intimidade
Morena, o coração ribomba
quando lenta te desvendas
Nada há que desiluda
que bem te ficam as rendas
que excelsa ficas desnuda
Todos os equilíbrios são ténues e fugazes. Se alguém pudesse dizer-se equilibrado, estaria morto. O que, por si mesmo, seria um enormíssimo desequilíbrio.
Por vezes procuramos, no mundo, nos outros, o que já temos dentro de nós e não nos apercebemos. No entanto, o facto de continuarmos, incessantemente, a procurar o que já possuímos ajuda-nos a entender o outro e a nós próprios, através do outro. É essa a nossa natureza divina.