Ludwig von Mises
A história econômica é um extenso registro de políticas governamentais que falharam, pois foram projetadas com um extremo desprezo pelas leis da economia.
É inerente à natureza da economia capitalista que, em última análise, o emprego dos fatores de produção visa apenas a servir os desejos dos consumidores.
Se a história pudesse nos ensinar qualquer coisa, seria que a propriedade privada está inextricavelmente associada à civilização.
Devemos a origem e o desenvolvimento das sociedades humanas e, consequentemente, da cultura e da civilização, ao fato de o trabalho realizado sob a divisão do trabalho ser mais produtivo do que quando é realizado isoladamente.
No livre mercado, os esforços de um empreendedor em aumentar seus lucros e enriquecer não prejudicam ninguém. Para ser um real empreendedor, um indivíduo tem apenas uma tarefa: se esforçar para obter o máximo lucro possível. Lucros altos são a evidência de um bom serviço prestado perante os consumidores. Prejuízos, por outro lado, são a evidência de que erros graves foram cometidos, e de que houve falhas em se efetuar satisfatoriamente as tarefas que cabem especificamente a um empreendedor.
O progresso econômico é derivado do trabalho dos poupadores, que acumulam capital, e dos empreendedores, que utilizam este capital para implantar novas ideias.
Lucros e prejuízos são os instrumentos por meio dos quais os consumidores passam o controle das atividades produtivas para as mãos daqueles mais capacitados para servi-los. Qualquer medida para se restringir ou confiscar os lucros irá debilitar esta função de mercado que eles exercem.
Os consumidores são implacáveis. Eles nunca compram para beneficiar um produtor menos eficiente e protegê-lo das consequências de sua incapacidade gerencial. Eles querem ser servidos o melhor possível, sempre.
O socialismo não é nada do que finge ser. Não é o pioneiro de um mundo melhor, mas o destruidor do que milhares de anos de civilização criaram. Não constrói, destrói. A destruição é sua essência. Não produz nada, apenas consome o que a ordem social baseada na propriedade privada dos meios de produção criou.
A única fonte de lucros de um empreendedor é a sua capacidade de antecipar melhor do que os concorrentes a demanda futura dos consumidores.
O conceito de ''preço justo'' é desprovido de qualquer significado científico; é uma afetação emotiva, uma efusão de desejo, uma luta por um estado de coisas diferente da realidade.
Aquele que deseja paz e harmonia nas relações humanas deve sempre lutar contra o estatismo.
A teoria econômica demonstrou de forma irrefutável que a prosperidade criada por uma política monetária frouxa e de crédito expansionista é ilusória e sempre termina em crise econômica.
A ditadura, claro, não é solução para os problemas econômicos, como não é solução para os problemas de liberdade. Um ditador pode começar fazendo toda a sorte de promessas, mas, ditador que é, não as cumprirá. Em vez disso, suprirá imediatamente a liberdade de expressão, de tal modo que os jornais e os oradores no parlamento já não possam assinalar – nos dias, meses ou anos subsequentes – que no primeiro dia de sua ditadura, dissera algo diverso do que passou a praticar dali por diante.
No mercado de uma sociedade capitalista, o homem comum é o consumidor soberano.
Quanto mais se eleva o capital investido por indivíduo, mais próspero se torna o país.
Tomemos como exemplo a liberdade de imprensa. Se for dono de todas as máquinas impressoras, o governo determinará o que deve e o que não deve ser impresso. Nesse caso, a possibilidade de publicar qualquer tipo de crítica às ideias oficiais torna-se praticamente nula. A liberdade de imprensa desaparece. E o mesmo se aplica a todas as demais liberdades.
Na estrutura de uma economia de mercado não sabotada pelas panaceias dos governos e dos políticos, não existem grandes nem nobres mantendo a ralé submissa, coletando tributos e impostos, banqueteando-se
suntuosamente enquanto os servos devem contentar-se com as migalhas.
O sistema de lucro torna prósperos aqueles que foram bem-sucedidos em
atender as necessidades das pessoas, da maneira melhor e mais barata
possível. A riqueza somente pode ser conseguida pelo atendimento ao
consumidor. Os capitalistas perdem suas reservas monetárias se deixa-
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rem de investir no tipo de produção que melhor satisfaz as solicitações
do público, no plebiscito diário e contínuo no qual cada centavo dá direito a um voto, os consumidores determinam quem deve possuir e fazer
funcionar as fábricas, lojas e fazendas. O controle dos meios materiais de
produção é uma função social, sujeita à confirmação ou à revogação pelos
consumidores soberanos.
Não tentavam descobrir as leis da cooperação social, porque pensavam que o homem podia organizar a sociedade como quisesse. Se as condições sociais não preenchessem os desejos dos reformadores, se suas utopias se mostrassem irrealizáveis, a culpa era atribuída à deficiência moral do homem. Problemas sociais eram considerados problemas éticos. O que era necessário para construir a sociedade ideal, pensavam eles, eram bons princípios e cidadãos virtuosos. Com homens honrados, qualquer utopia podia ser realizada.
O que era necessário para construir a sociedade ideal, pensavam eles, eram bons princípios e cidadãos virtuosos. Com homens honrados, qualquer utopia podia ser realizada.
O conceito moderno de liberdade é isto. Todo adulto é livre para moldar sua vida de acordo com seus próprios planos, não é forçado a viver de acordo com o projeto de uma autoridade planejadora que impõe seu único esquema através da polícia, isto é, o aparato social de compulsão e coação. O que restringe a liberdade do indivíduo não é a violência ou a ameaça de violência de outrem, mas a estrutura fisiológica de seu corpo e a inevitável escassez natural dos fatores de produção. É óbvio que o critério do homem para moldar seu destino jamais poderá ultrapassar os limites estabelecidos pelas chamadas leis da natureza.
Estabelecer esses fatos não equivale a uma justificativa da liberdade do indivíduo em relação a padrões absolutos ou noções metafísicas. não expressa qualquer julgamento quanto às doutrinas em voga
dos defensores do totalitarismo, seja “de direita” ou “de esquerda”. Não tem nada a ver com as afirmações de que as massas são muito estúpidas e ignorantes para identificar o que melhor atende as suas “verdadeiras” necessidades e interesses e de que necessitam muito de um protetor, o governo, a fim de não se prejudicarem a si próprias. Tampouco procura discernir se há super-homens disponíveis para exercer tal proteção."
Ludwig Von Mises - A Mentalidade Capitalista pag.14