Luciano F. Aschkar
“É assim a vida, um eterno almejar, saboreando o amargor da lembrança, mas nunca perdendo a esperança.”
“Viver em sociedade significa fazer do coletivo sua própria felicidade, não impor sua vontade, ou aquilo que acredita seja a verdade.”
“E apesar de tudo, seja abafado, refreado, ou contido, será muito bom se for sentido, afinal, é o sentimento mais aspirado, o mais santificado, mesmo com dor, será sempre amor.”
“O bem feito ao próximo, reflete no próprio benfeitor, cada vez que um melhora, o mundo é melhorado...”
“Ao receber o bem seja grato, para se ter gratidão não é necessária eterna submissão, nem exacerbada reverência, mas sim reciprocidade de ação, boa querência.”
“Nunca seja indiferente ao benefício angariado, provavelmente quando precisou, usou de fino trato, não seja agora ingrato.”
“Nem se conheciam, se gostavam, e de uma forma tal, que parecia normal, eis a prova de que o amor é espiritual !”
ESCREVE POETA
Escreve, poeta,
coloqua em marcha a tua tarefa predileta;
não é salutar que fiques reprimido,
que teus escritos sejam omitidos,
e nem quem os lê deva ser tolhido.
Escreve poeta,
tuas palavras,
colocadas ordenadas
formam as lições,
nas quais abeberam-se
as subjetividades
das variadas interpretações.
Escreve poeta,
transborde o teu sentir
para que ele possa fluir
e, assim,
com a harmonia das letras,
teus versos proporcionem
aos detentores de sensibilidade,
a boa possibilidade
de se emocionarem, sentirem
sorrirem, chorarem, evoluírem,
e talvez até de não entenderem,
mas permita lhes que pensem.
Escreve, poeta,
do teu coração brota sempre uma lição,
que em realidade,
apesar de parecer ficção,
é um respeitável ponto de vista da razão.
Escreve, poeta,
e observa bem que
o teor de teus rabiscos é sempre atual,
mas coaduna-se com o passado
e com um porvir desejado,
e que, portanto, escrevendo,
teus pensamentos serão eternizados.
Escreve, poeta,
para que um dia sejas lembrado,
como um escritor que
certa vez se enfastiou,
parou, descansou,
e valente a pena empunhou,
a escrita retomou,
e que novamente idealizou,
o sorriso na dor,
o poder da conquista de uma simples flor,
o amargo como um mero sabor,
a simplicidade no doutor,
a bondade no malfeitor,
a frieza do calor,
e que atribuiu maior valor
ao verdadeiro amor.
Escreve, poeta,
é tua sina,
vaticina.
Escreve, poeta, escreve...
AMOR SEM RAZÃO
Sem razão me encontrou,
sem razão se declarou,
sem razão me amou.
Por que estranhou?
O amor não precisa de razão,
precisa de emoção
para manter avivada
a chama da paixão.
Pra que razão se pelo amor vai perdê-la ?
Pra que razão quando quem manda é o coração?
O amor sem razão muitas vezes é a própria razão do amor !
Por tanta falta de razão havida,
esse amor poderá ser a razão da vida.
Eis enfim a razão, a felicidade
almejada, e às vezes encontrada, sem razão.
BRILHA SOL
Cai a noite, tudo se cala,
menos o pensamento
que fala !
Fala de emoção...
Fala de expectativa...
Fala de dor...
Mas quer mesmo falar de amor.
Raia o dia, tudo se movimenta.
o corpo age, interage !
A emoção supera a razão,
a expectativa se viabiliza,
a dor ameniza,
o amor se realiza.
Outras noites virão,
novos pensamentos se propagarão,
mas sempre haverá de brilhar o sol
para exterminar a escuridão.
LIÇÕES DA PRAÇA
Sentado na praça, num banco, que fica num canto,
sinto o odor das flores e contemplo as cores.
Vejo o bailar dos pássaros
em vôos de liberdade. Igual à que tenho,
porém, não a faço uma verdade.
A fonte luminosa e jorrante,
esplendorosa,
brilhante,
pela qual descem véus de água cristalina,
que vão e vêm,
ensinando que os ciclos se renovam,
e que todos,
a seus respectivos tempos,
beleza peculiar ostentam.
A banda no coreto postada,
toca as músicas da saudade,
aquelas do tempo em que tive vaidade,
Observo o ziguezague de pessoas ao redor,
as moças com marcha à direita,
os moços à esquerda,
se cruzam, flertam e se vão.
Não é tudo que se admira que se pode ter,
não é tudo que está no caminho que vai ficar.
Praça, simples praça,
cheia de sabedoria,
cheia de graça,
nela descanso,
num remanso,
e com suas lições
paz alcanço.
Dançar na chuva trajado a rigor,
porém, descalço,
mesmo sem saber dar um único passo,
e, ainda assim, apreciar o descompasso.
"Um pão alimenta um só dia, e não é preciso viver mais de um por vez, e nem de ter o próximo, pois algum deles o último será, certamente."