LUCAS KALLANGO
"Cadê você menina? Sereia, boto azul
Janga, jangada, iêiá, bela de norte a sul
Sofro nessa esteira, padeço num sonho nu
Lembro da tarde inteira, que nem doce de cajú"
"Às vezes não vemos nada de olho aberto
Pra enxergar de longe o que só vemos de perto.
Às vezes só vemos problemas
Às vezes o pódio é cinema"
"Quando cê vai embora
Pedindo um boa noite, um afago pra dormir
Com o seu jeito chora
Ligando e pedindo garantia de me ouvir
Detalhe insano é pensar
Que uma quinzena não vai me matar
O suicídio parcelado em cada gota desse seu olhar
Mas quando chega à hora
Um toque impaciente, já não quer mais nem dormir
Na sexta vem embora
Dois dias, um relógio, um ponteiro a insistir
Peço não pense na ampulheta
A comida esfria, volta para a mesa
Um banho quente é a certeza
Pega teu caminho, deixa a tristeza"
"Me faz sentir um figueira sagrada vermelha
Em um jardim na guerra, de soldados possuídos,
Como os olhos de censura, das leis de minha mãe"
"No metrô ela prende, na cadeia ela solta sem novidade.
No banheiro é fechada, no desenho é fachada no amor é vaidade"
"Você não sabe o que é não ter
Um plano, um albergue, um lugar pra ir
Você não sabe o que é viver
Morrendo todo dia e nunca mais nascer
Você não sabe o que é ter que ser
Um alicerce firme, sendo um lamaçal escuro
Você não sabe o que é ver
Um filme repetido que é sobre você"
"Nessa estrada o Violeiro cego
Tem visto mais coisas que uma luneta
Mesmo acorrentado pela vil corrente
Entorpece o corpo e deixa a alma quente"
"Somos uma vida, vida de sonhos
Sonhados, pesadelos vividos
Voamos livres sobre o brilho de todas as coisas,
Engaiolados no arbítrio de nossas escolhas"
"Conhecimento que é negado
Está sobrando para os podres no poder
Os reféns da crueldade sentem medo ate mesmo de viver"
Com tanta gente diferente
Desigualdade social
Refeito em ambição humana
São pedras desse matagal
E nós aqui com giz na mão querendo a solução
"Sonhar nos aproxima do encanto
A vida é pouco para explicar
O fim nos faz voltar a ser criança
Pra fazer o som da vida imitar
Encontrar a esperança
De encontrar
Uma estátua na dança
Poder falar
E dizer que nada disso aconteceu"
"Tem dias que me entrego à psiquiatria
Tentando salvar minha condição de estrela guia..
Tem quartas que me deito pra quinta não nascer,
Só pra curtir um pouco mais minha insanidade"
"E entre anjos e demônios eu vou me desglobalizando,
Meu amigo Nietzsche me fez super homem e eu pude voar"
"Se o Real é sempre fictício, o Dólar é doloroso, igual ao pranto do Iraque estuprado, morto,que o diabo Bush quis se apossar (eu vou exorcizar: sai Bush)"
"Será que pode isso moço? Acho que não pode! Já posso ouvir os gritos de lamento e morte..
A Amazônia tá entregue nas mãos dos bandidos, os índios tão doentes sem ter comprimido..
Tem um radar tirando foto, tudo tão bonito
Pra entregar a mata pros diabos unidos"
"Alô, alô seu Rubinato
Quero fazer o meu relato
As coisas não andam tão bem
Elas mudaram de fato... Saudosa maloca, saudosa maloca
Onde samba de verdade era ser um brasileiro"
"E nós olhamos no meio do nada
Ele parece tão inteiro..
Pra destilar nossas bobagens
Uma canção, um exagero"
"Todo dia quando acordo é a mesma coisa
Meus problemas, minha chefe, minha televisão...
Estou sempre atrasado, tomo banho a coxas
Chamo a minha rainha pra medir minha pressão"