Luana Rodrigues
(...)E quando a primavera da as caras por aqui
me rendo ao teu riso e volto a sorrir
imaginando momentos imaginais
tais momentos que nunca vão existir
penso que essa primavera está tristinha
pois o sol anda se escondendo
e me deixa calma, mas não acalma teu riso agora
primavera deu as caras, vamos embora
o teu riso é a minha maior demora
tá acabando, e nesse inverno ao avesso
atravesso tuas lágrimas, à noite, quando
choramos, no mesmo tom, pelo mesmo motivo
queria ser sol, ou ser a chuva, mas não aceito meio termo
você sabe, minha pequena, sou a tempestade no copo d'água
mas não importa, minha menina, agora que estas sorrindo
todo desleixo é poesia, toda preguiça vira música
toda espera fica bela, ao esperar um beijo teu.
Parei pela metade, nunca fui até o fim, ando sem paciência até pra mim, estou sóbria, pela primeira vez consciente do que escrevo, mas sei que quando eu bebo eu esqueço, que eu amo ela, e isso é horrível.
Não faço muitos estragos, eu só fico quieta, observando tudo, sem muitas revoltas adolescentes para comentar, mas é isso que sou, uma coisa totalmente sem interesse nenhum, por nada, só no conhecimento, porque por enquanto, é a unica coisa de valor que me restou.
Meu silêncio quase abstrato.
Do que eu mais precisei foi de conforto, emocional. Na vida as coisas são tão difíceis, mas escrever me salva a alma, como se o mundo estivesse a espera da minha escrita, e as pessoas estivessem gritando de vontade me ler, “Escreva, Escreva, Escreva!!”. Mas como se isso fosse possível, quando ninguém mesmo me conhece, nem eu própria sei de onde vim, ou pra que exatamente estou aqui. Mas na corrida que eu sempre me perco, há de ter alguém me esperando, há de ter alguém pra me dar um apoio emocional, ou ofensivo.
Eu espero para que todos durmam, mas na maioria das vezes eu durmo primeiro, pois não vejo a hora de chegar em casa e me deitar para me desligar da realidade, as pessoas que já não tem mais prazer em viver deveriam ser chamadas de “anti-vida”, sim, as que perderam totalmente a vontade de levantar e continuar.
Mas mesmo que o mundo acorde sempre de manhã, eu sempre vou ter amor, seja lá de quem for, ou meu próprio, sei que nasci para poucas coisas, e elas são, escrever, amar meus filhos que ainda pretendo ter, e amar o mundo com sede de viver, mesmo sendo fingimento, talvez alguém um dia consiga se acostumar com essa rotina de quem é feliz, e por se acostumar tanto, nem perceba que já se é feliz verdadeiramente, sem mentiras.
Um dia na casa mais bonita da cidade, a gente vai se encontrar, eu vou ficar em silêncio, como de costume, é o que eu mais faço, fico em silêncio, e vamos ter uma conversa silenciosa, eu e você, vida.
Vamos discutir esse estado tão vazio em que meu coração e alma se encontra, quero um dia poder ter forças pra mostrar ao mundo que a minha opinião também quer ser reconhecida, apesar de ser injusta, mas o amor que carrego comigo é para os outros, estou disposta a amar qualquer ser, a ponto de perdoar até a mim mesma. A ponto de amar uma criança e cuida-la e cria-la para ela mesma, e souta-la no mundo, depois que já se acostumou tanto comigo a ponto de me chamar de velha careta.
Sou um tanto quanto careta, na verdade beber e fumar sozinha e coisa de quem é meio viciado em solidão, eu gosto só do que me interessa, e que fique bem claro, eu odeio gírias, e tudo que se está na moda, e tudo que todo mundo usa. Adoro a diferença que alguns tem prazer em fazer, adoro contestar em silêncio, beijar na chuva e beber sozinha, sim, sem ninguém, já não basta ter que aguentar as minhas próprias opiniões formadas em relação a tudo, e todas são absurdas, sobre o amor eu já nem sei, como se já não bastasse eu, eu não me aguento quase sempre, tenho antipatia por mim mesma. E fico absurdamente feliz quando encontro alguém mais perdido que eu.
Amor, pra quê??
Eu te quero em todo espaço do meu tempo, e bate na minha porta quando anoitece, esperando a carência se manifestar e mandar eu ir te procurar, esperando achar o que não vou me adaptar, amor, amor só tem nos meus contos e contos de fadas não existem, só abalam ainda mais corações românticos e tolos dessa nova era, que eu particularmente costumo chamar de "era dos desonestos apaixonados". Era como se fosse amor, mas um amor desonesto o suficiente para me roubar o coração, me deixando tola e inconsequente, fazendo-me fugir da realidade acima permitida, me fazendo desgastar promessas que sei que nunca vou cumprir, e gastar salivas com palavras bonitas, que pra quem não ama, não possui muito significado...
Estou errada, mas amo mesmo assim, desonestamente, mas estou acostumada, a ficar contente, com um sorriso, ou com uma dança lenta, que me faça rever e ver que defeitos todo mundo tem, e com orgulho eu digo que eu sou uma incógnita, maldita, que ama mutuo, sóbria dos defeitos próprios, que ama as desaventuras e interesses maus compreendidos desse nosso amor patético e bêbado, que vê coisas onde coisas simplesmente não existem.
(Re)encanto, canto e escrevo enquanto os outros sorriem pelas minhas costas.
Era feriado, não me lembro de que. Mas todos estavam dentro de casa, conversando e rindo. Não sei, mas perto dos familiares eu volto a ser criança, é uma coisa automática. Nesse dia eu estava deitada na rede com a máquina de escrever no colo, escrevendo minhas revoltas em primeira pessoa. Estava pra lá de aérea, não escrevi nada de bom aquele dia, na verdade ando sem escrever nada de bom faz meses, não que meus textos sejam bons, mas é que nada tem feito muito sentido, acho que é porque eu não faço muito sentido, e automaticamente o que eu escrevo também não faz. Pois a minha beleza exterior, eu chamo misteriosamente de -beleza clássica- não faz sentido também já que não sou clássica e nem bonita. A antiga espera pelo nada, saio de batom vermelho encantando os rapazes.
Eu misturo os verbos, enquanto, deitada na rede escrevo isso com a máquina torta entre os braços, bem portátil. Já está anoitecendo e o meu cachorro está latindo descontroladamente para os carros na rua, impressionante o jeito como ele late querendo dizer alguma coisa. E de repente me da uma pausa literária e preciso urgentemente tomar um café e fumar um cigarro, na verdade ando fumando muito ultimamente, estou descontrolada fumando um maço por dia, e estou tomando muito café, sei que é besteira, mas acho que esse “mito” de que café tira o sono realmente é certeiro, não sei também, não estou afirmando nada. Ou eu só perco o sono por te amar demais, e desejar seus gestos perto do meu rosto, e desejar absurdamente sentir o gosto e o cheiro doce ou amargo da tua boca. E pegar na tua mão e dizer que eu quero você sorrindo na sala de estar e eu lá contando piadas sem graça nenhuma.
Preciso urgentemente da sua companhia, feminina e amiga também, preciso de delicadeza, porque de brutalidade mesmo que sendo emocionalmente...
estou exausta […]
Vivo em um filme onde a personagem principal está prestes a se atirar de um penhasco e deixar pro mundo só sobras de uma boa e velha escrita.
Segunda-feira, tens um gosto amargo de demência, bonita também, eu diria, sem nenhum espetáculo, pela primeira vez estava tão distante...de ser boa.
Não sei definitivamente inventar estórias. Acho que meu estilo de escrever é meio vago, vesgo, cego. É dançar a caneta no papel e rabiscar a folha com palavras inúteis. É escrever sobre um cotidiano que não existe. É escrever simplesmente o óbvio. Por mais clichê que possa parecer, escrevo o que eu acho que é verdade, e o que eu acho que é mentira. Tenho preguiça de revisar acontecimentos concretos. Tenho fome de escrever bobagem.
Desanimo.
Ando me odiando muito, o tempo tá passando rápido, e eu não faço nada. A unica coisa que me resta é escrever, porque é a unica coisa que me faz sentir-me útil. Eu ando meio que viciada em literatura e café, como se no mundo eu só existisse para ler e escrever e tomar café, e depois ir dormir.
Não sei mais cantar, desaprendi o jeito. O violão que me fez fazer estória com alguns amigos, hoje em dia, está jogado num canto todo empoeirado e desafinado sem utilidade nenhuma.
Desaprendi o jeito de querer também. Nunca mais pedi nada, nem um abraço de reconciliação, talvez.
Agora posso dizer que nem triste estou mais, estou sóbria, não sinto mais nada. Eu só não quero desaprender o jeito de como se escreve.
É difícil.
É cansativo.
Alias [...]
sinto que não tenho mais o que escrever.
Preguiça de escrever.
Eu queria poder saber mais coisas. Mas como eu sou uma pessoa completamente desinformada e com a cultura em falta, sei que eu deveria ler mais livros, revistas e até mesmo jornais. Mas tudo é uma questão de vontade, tenho preguiça de ler e principalmente de escrever. Mas me explica como posso adorar tanto escrever se na maioria das vezes deixo de escrever algo por preguiça?
Lembro que um dia estava eu conversando com um professor de História sobre literatura.
Eu disse pra ele:
Não me entendo!! E ele disse: "Oras...Ninguém se auto-entende, pequena" Achei lindo!
"Para o meu amor, com todo amor do mundo."
E que agora toque uma música bem calma para acalmar os nervos. E que comece sem moda nenhuma, apenas contornando as curvas magras do meu corpo, me tocando e deixando bem claro que não passará de um simples carinho entre duas almas carentes. E que também chegue limpa, e sóbria, e que antes de tudo converse comigo, e seja minha amiga. Me liberta da ansiedade de querer te ter na minha mão. Te encher de carinho e depois te ver indo embora sem me dar nada em troca.
...E a música abafada desse fundo como é que fica? Me faça o favor de explicar. Já está acabando também a minha paciência e criatividade pra escrever poesia sobre coisas OBVIAS. Quero saber o que eu ainda não sei! Escrever o que ninguém sabe. Nem que seja sobre mim mesma, como exemplo disso; Sou completamente dispersa, fora de mim, propensa a qualquer hora cometer um suicídio, emocional, só, meu Deus.
Não deu certo
[...]
Eu, descrevendo eu mesma.
Vou indo então assim mesmo, sem frescuras, ou modéstias, vou indo assim mesmo sem vergonha na cara, sem modéstias, fria, sem amor, sem o teu amor, sem o nosso amor. Vou sem nada, só com Deus; sem Deus pois não creio nele, alias, me odeio por não crer em absolutamente nada, me odeio por ser tão crítica, por ser tão desconfiada, por só acreditar no visível, por ser só isso que sou, nada alem disso, sou o tédio em forma de gente, ou melhor, em forma de animal , pois se tu for parar pra pensar, é isso que somos; animais, somos animais da pior espécie.
Bom, disse que já estava indo, mas resolvi sentar e esperar por criaturas que me deixem ser livre, estou esgotada de mim mesma, estou depressiva pelo mundo, e pelo seus abitantes, estou decidida, não vou te ligar, não vou esperar.
Mudei de ideia, vou indo, não vou esperar nenhum detalhe, estou sóbria, sóbria de mim mesma, sobras de um sonho literário, todo escritor quer uma crítica bendita. Toda Eu quer um amor sem rotina.
Acho que vou esperar, vai que nessa espera alguém não chegue me dando boas vindas, me mandando flores, ou me trazendo um jardim inteiro. Espero pois sem a espera não é vida, então antes que eu resolva parar de esperar, vou embora.
Não entendo a maioria das coisas que escrevo, faz tempo que eu me desencontrei. Faz anos em que eu me escondi e me privei de mim mesma, a verdadeira Eu senti muito, sente demais, sente muito mesmo.
Vou indo embora desse lugar onde não passa gente, só uns fios de cabelo voando soltos no ar, apesar de achar que esse é o melhor lugar do mundo, vou indo, o cotidiano me espera. Odeio ser de gêmeos, mudo tanto de ideia, e comportamento, e vícios, e deslumbres.
Odeio ser só eu, a desinteressada por tudo, a brutal amiga da onça, a pessoa que venera o impossível, mas que infelizmente só acredita no visível.
Eu definitivamente não creio em nada, estou certa de que eu tô vivendo, e o resto é complexo demais, então deixa o resto pra depois, ou pra nunca.
Escrever já não me basta
Não me salva,não me leva
não me cura, não me afoga
Me faz de refém,
dentro do meu próprio crime.
Inofensivo; sinto muito.
Mas escrever já não me toca a alma.
Certa vez continuei.
E continuei fazendo essas coisas rotineiras que todo mundo faz, não sei me dispensar. De repente a inspiração bloqueia, sei lá. A tarde estava chuvosa, e a minha casa estava escura, a cozinha cheirava incenso, e no rádio antigo que ganhei da vovó tocava aleatoriamente as músicas do Chico Buarque, tudo extremamente calmo. Deixei as festas e os rapazes de lado, e fui viver de poesia, e dos sambas das mais belas canções de Noel Rosa, deixei minha vida com uma trilha sonora calma,uma sensação de um teatro organizado, com tecidos de laços, laços coloridos, mas com tristeza nos olhares, porém um pouco feliz.
Decidi; a felicidade existe sim. Por mim, pela poesia, pelo meu violão, pela minha criança. E pelo chá na varanda cinco horas da tarde. Decidi que ali seria minha ultima espera, esperei esperei e esperei, com flores na cortina estampando a janela, flores amarelas, é a tua cara. Estou bem, a minha tristeza era bela, vaga e poética. As festas estão me esperando, e os convites para o barzinho da esquina com um samba ao vivo me aguarda. Samba calminho...Tive que variar um pouco, cansei do choro. Cansei dos discos mofados e arranhados pelo tempo, às vezes eu me defino, como a versátil mais clichê do mundo. Me reciclo, me rimo, me concluo. Te dou carinho apenas no meu mundo.
Ao mais velho e ácido amor já inventado, ao mais reciproco amor desesperado, que grita ingratidão, que perfura sentimentos abandonados dentro da sala de cinema, nem sequer um telefonema cura uma briga tão vulgar. Ama as armas de fogo, e as meninas despreocupadas, e todos os rapazes famintos pelo teu corpo, pela tua voz, pela droga. Ao mais desprezível amor de princesa indecente que colhe frutos daquele amor doente com um príncipe ladrão. E todas as músicas interpretadas por ela soaram como se não fossem minhas, e a voz dela quando fala o que eu não devo, mas pago. E a voz dela cantando o meu amor por você. Parece que é frio, o coração das duas sereias presas dentro de um quarto semi escuro, quietas e frágeis, delicadas e ao mesmo tempo selvagens demais, carentes demais, perdidas de todo o resto, se é que há resto. Eu só lhe peço qualquer coisa, seja o que for, não ouse se apaixonar por mim.
quadro morto.
Com o tempo a gente vai se contemplando. E então se acostuma com essa metamorfose constante entre nós. Se deixa levar pelo vento, faz bem. E da maneira incerta que sempre vou, me queixo e me espalho sorrateira no chão da rua, do trabalho, das festas. E enquanto não posso escrever teu jeito, me sinto no desleixo de poder imagina-lo, me deixo entrar totalmente em meus próprios planos, me clamo. Como sempre vou, indignada, procurando em todos os cantos palavras novas, mas são sempre as mesmas que sei, são sempre as velhas. Sinto inteiramente meus sonhos interligados com a insignificância do meu amor por ti, do meu sofrimento ligado parcialmente com o seu desconhecido, dos meus dedicados textos à ninguém, e pela pausa antecipada do vento, do sol, do planeta sem estória, sem conteúdo, ninguém sabe o que aconteceu antes de sermos jogados por aqui. Ninguém tem certeza. A única certeza é de que há muita incerteza por menos de pouco amor, sermos inteiramente ligados há uma energia que contém prazer, faz sentirmos algo que decidimos batiza-lo de amor, isso pra mim é desculpa esfarrapada pro sexo…Eu sei, não é assim, mas deixe-me fingir. Um dia o vento passa e leva, minhas pétalas indecisas, minhas flores plantadas em quadros, meu retrato morto, encostando-me ao fim de tudo.
...ando muito inspirada ultimamente, mas deixo de escrever, às vezes espero pra ver se passa, e não escrevo nada, tomara que essa inspiração saia logo de mim, sempre quando to inspirada é porque estou mal, ou porque simplesmente a vida não anda pra frente, e a desgraça inspira o poeta, a tristeza lança livros, canta, dança...vazia de certezas. Inspiração é sinal de que estou me desfazendo, se ando escrevendo demais, pode ter certeza de que tudo anda extremamente delicado, precisando ser colocado nos eixos, precisando de um concerto imediato, queria ajuda, de mim mesma, mas não faço nada pra sair desse meu vicio em coisas simples e paradas, estou bem perante a todos, estou mal perante a mim...
Sei que tinha cheiro de primavera, e que encantava demais com suas estórias lúcidas…Descia correndo as escadas com seu novo riso limpo e azulado, olhava os quadros na parece e tudo de repente se tornava poesia fácil. Sempre lírica, dava uma impressão de fragilidade inigualável, um dia soltou as asas… Dizia que o ódio poderia um dia ser apenas outra forma de amar.
Sobre oque?
Não sei. Não quero saber. Não me desperta o interesse. [Afinal, sobre oque mesmo? Sobre oque são seus textos?]
A resposta é simples; Sobre oque há de ver no mundo intimo. No meu intimo conturbado exponho, folha em branco, caneta na mão, inspiração transbordando pelos poros. Pronto, tudo feito, posso cometer o crime de me expor em forma de poema, em paz. Vida de escritor é literalmente um livro aberto. Minha dor agora virou talento, dom, prática.
[Mas, sobre oque?] Ainda não entendeu, meu Deus! Vou responder da minha forma, OK?
Nunca li um livro até o final, eu gostava de ficar inventando finais melhores pra eles, nunca entreva em concordância com o autor. Meus finais não precisavam ser felizes, bastavam ser interessantes. Foi a partir desse momento que comecei a virar fã das minhas próprias ideias. Foi quando resolvi me entender...
[E sobre oque você transborda?]
Não entendi. Mas como frase com palavras bonitas mesmo que não façam sentido viram poesia...Bem,.
"Eu transbordo a paz
De um copo plástico
E a marca de batom
Em suas bordas.
Transbordo a ausência
De quem nunca
esteve presente."
Descobri que as frases escritas em partes erradas não eram erros, eram acertos, apenas poesias disfarçadas de erros. Escrevo minhas dores porque se gritasse elas iriam me chamar de louca. Até que ponto poderei juntar a minha escrita com a minha lucides? A arte é a cultura mais evoluída querendo generalizar a loucura...
[Sobre oque?] Sobre mim, a paz de um domingo de manhã.
Estende-se a mim...
Quando penso que me libertei desse vício, chega alguém e comenta inocentemente sobre você. Tive vontade de mandar calar a boca antes que eu tivesse um ataque depressivo e começasse a chorar, mas como sempre eu respondo. Muuuito legal!... Você nunca vai acontecer em mim, nunca vai estender-se ao meu corpo, e beijar, e tocar. Coisas assim me assustam, não o mundo do jeito que tá, nem a filha da vizinha que foi estrupada e morta pelo padeiro. A única coisa que me atinge mesmo, é Ela, e a menina que eu amo, e que nem sequer conheço. Sem nenhuma causa, nem dor, apenas me fere. Acho que se ela soubesse estaria se perguntando -E o que eu tenho a ver com as tuas dores, querida?- Típico. Não sei, talvez tudo. Ironia terrível que eu mesmo custo entender. No meio de tanta desgraça eu ainda me preocupo com aquele amor não correspondido, ou com a água que demora pra esquentar no chuveiro, ou com meu gato que sumiu misteriosamente à alguns meses. Assunto polêmico que faz meus olhos se inundarem em lágrimas. Me preocupo com coisas que não deveriam ter nem um pouco da minha atenção. Ela nem existe no meu mundo. Ela vive uma coisa, eu vivo outra. Juro que joguei pro universo meus versos pedindo ela aqui comigo. Ela não vai mais ser a minha escrita com letra maiúscula. Escrever é ir deitando palavras no papel e fazendo o texto ficar sem assunto, e você já se cansou disso, então...como não vai ler até essa parte, se está lendo, Obrigada, mas, vou contar um segredo e prometo parar de usar muitas vírgulas nas frases emfim então vamos lá. Não conheço essa menina, sei que amo ela de um jeito como se a conhecesse a anos, ela mora perto da minha casa, eu poderia ir ver ela, porque realmente, eu posso dar qualquer desculpa esfarrapada pra ir lá, mas eu não vou, eu tenho medo e vou parar com essas vírgulas. Geralmente meus textos são uma mistureba de assuntos nada a ver com o que eu tinha planejado escrever, faz de conta que está lendo um livro, esse é o suposto final, terminarei assim; Emfim, vamos começar a estória. Página em branco, essa é a minha verdadeira estória, uma televisão arrogante que engana os telespectadores, essa palavra esquisita deveria ter um nome mais reduzido; Idiotas. Ou tudo que me vier na cabeça enquanto escrevo minhas frustrações.
Cela em branco.
Chiar em tom estridente
Calar a alma com um sopro
Voar nos sonhos colhidos
Planejar vitórias coerentes
Humilhar a derrota
E colher planos ideais.
Decifrar mistérios alheios
Deixar de esconder os erros
Viver de um único propósito
Viver sem propósito nenhum
Apenas ser a recordação
De um álbum de fotos velhas
Com cheiro de anos passados
Amar as qualidades
Ver além do espelho
Você não é só uma face bonita
O fogo exausto ainda queima
Em algum lugar escondido
Mora os amores próprios
Escrever ideias novas
Compartilhar com alguém
Parecido com você.
Esquecer o martírio
É finalmente, crescer.
Ausência Interior
Nas distantes montanhas de mim
sinto a imensidão dos tempos
voando contra o universo
Me desespero procurando respostas
para as perguntas sem liberdade...
Numa estrada me vejo
desprendida de casa
querendo novos ventos
desejando ser livre como um aspas
que se prende aos especiais...
Palhaços que choram
ao fim de um espetáculo
dão seu show, e se despede com cansaço...
Nos meus passos não há volta
Nem volto as minhas raízes
Nem me liberto das perguntas
Nem me divido em respostas
Sou o resultado de uma metamorfose
doente, que não vai durar muito tempo
Os sonhos me visitam
Vou passear à noite
Sempre vou me elevando aos sinais de luz
Meu rosto irá perdoar
A dor que é levar um tapa da vida
A rotina me dispõe
Sou todo ouvidos
Me divirto com as ilusões da Ilha
Me nado como o mar é pó...
Só a poesia me pretende
Tirar o vicio de ser nó
E ser desfecho...
Nas casas festeiras...
me vejo inteira
fazendo baixinho, rimas ligeiras.
Nas cores festivas
Me vejo deserta
querendo ouvir
o mais lindo som
de roberta
Alguém já ouvir dizer
que menino careta
não pode aprender
a dar flores
para a menina mais linda do bairro
a mais bela flor já colhida
do jardim dos morros de fronteira
Já que faz ouvir
A miragem ainda pergunta
porque olhais tanto a mim
se não faço nada que preste
a não ser ser linda como jasmim...
Me salve, Maria...
Assim iguais aos ventos, me perdoo. Estou sendo mais ligeira, agora, estou prestando linhas, querendo ser a sombra que te acompanha sempre, sempre...Ando tão calma, que até a minha aura pode ser vista por qualquer olhar.
Mas, agora que estamos em mudança, tu e eu, Maria, vamos nos abrigar nas ideias plantadas... Somos inteiramente ligadas à noite, quando sentes que o sol se deita...e então, a minha tranquilidade do dia, vira danças à noite, e me acordo toda vazia...
Escute a minha voz, gritando baixinho em qualquer canto, nem com reza poderosa, nem com sambas, nem com bambas, nem com Boi de Mamão...Nem a Mãe nem o Pai, nem com Bernunça...sem a ternura da Ilha, e suas tradições tolas, me vejo ligada a ti, como nunca me liguei a outrem...quantas reticencias pregarei, nos poemas de manhã, serei mais alguém perdida, ou voltarei a ser o que sou agora, tenho tantas estórias e desastres que prefiro perder a memória, do que lembrar de como foi errado, dizer ser o que não era, e convencer que a minha passagem por aqui não é contornada de erros, viagens e desapegos...