Leivânio Rodrigues
Em alguns momentos de nossas vidas são tão imprescindíveis que nos fazem ter a real noção de reciprocidade que não é de ordem efêmera, o qual em um momento possamos nos dar conta de nossas verdadeiras relações amistosas que se torna subsistêncial e indissolúvel no caminho da verdadeira amizade, e isso é o melhor serviço que a razão afigura para definir um amigo.
Grisotto nos diz que "chega uma hora na vida que a gente cansa, as meias verdades já não satisfazem mais, antigas historias já não convencem.
Chega uma hora que as máscaras caem... Os ventos mudam a direção e é hora de dar lugar ao novo. Quando o novo toma forma, as portas se fecham para o antigo e eis que a esperança se materializa, a vida tem mais brilho e abrem-se novos caminhos."
Mas no real, ao que diz respeito o dito do autor, quando se cansa, o pior não é o esgotamento físico, mas o sentimento que consciência nos traz, é isso que nos faz parar.
E digo mais, ressalto fielmente o que Clarissa Corrêa enuncia; "...uma hora a gente cansa de bater na porta de quem não abre."
Há dias que despertar é mais confuso do que aventurar-se em interpretar um sonho, a experiência não tem serventia, nada é lógico, não existe sentindo, é um furo na realidade que não te leva a lugar nenhum.
Deixa-te imóvel, estático diante do que não tem cifra. E mesmo que se busque um termo o qual corresponda ao que se sente, não explica nada. É angustiante... anula qualquer projeção ao futuro, é um labirinto de nostalgia, uma sensação semelhante quando se desperta de um sonho ruim ou que se tem consciência que fez algo errado. É despertar e saber que hoje nada é diferente de ontem e, possivelmente amanhã também não haverá graça alguma... É um preço pago por ter vida quando há dias que não se está vivo.
Quando a maturidade mental chega, nos damos conta que na vida só se precisa ter certeza de algo quando a incerteza nos demanda isso. Ao contrário, a única certeza que se tem é a vida que se sente nesse instante.
Pôr do sol
É... Imaginei somar uma aventura, sem identidade, sem saber o que teria por trás de uma voz que diz tanto sem saber o que diz, a qual fala sem falar nada.
A inconstância que se apresenta antes de sua voz sufoca, não há glória alguma para quem não sabe sentir a fundo o que é dito.
A cada chamada sem intenção, o prazer de abrir um baú que não é meu, e a cada encontro, se entregar ao que não se sabe.
Particularmente eu gosto do desconhecido, porque conhecer demanda mais que intimidade, requer gasto de energia libidinal, por isso, se for pra conhecer que seja como uma criança nos primeiros anos de vida, que busca vivenciar o mundo pelo tocar dos lábios, pois por as mãos não basta, precisa-se sentir taticamente, sensorialmente, ter acesso ao encoberto, modelar a forma com a língua, degustar cada pedaço como uma nutrição única.
O não saber é o que enche meus olhos, sentir e sentir como um animal voraz, não há razão, é o que traz do fundo aquilo que não era simples pra mim, na verdade, é que nunca foi fácil mesmo.
Busquei palavras pra preencher algo que não tem fundo ou não quis ter contado algum, porque lá estava eu. Antes de tudo, tirei a roupa para que desse a segurança para ti te despir. A minha nudez é minha emoção, e diante a nós, a dualidade de quem não teme nada.
Confesso que a convicção que se mostra, me traz o caos, pois o trânsito ainda está em pico pra mim, ainda não sei cortar pela transversal.
Mas houve um lugar, um lugar o qual bati algumas vezes, no entanto, a porta não abriu... Ninguém atendeu! Fez frio, me veio na cabeça uma musica que sempre toca na mente quando existe o real sabor do desamparado.
Recuei como alguém que chega tarde demais no aeroporto e toma ciência que o vôo já partiu... Lamentei, mas afigurei estar sentado ao lado apreciando também o pôr do sol e genuinamente poder sonhar, olhando aquela paisagem de que como se vive, não se descreve, porque não há fim... E eu estava lá, pois a sua ausência me trouxe aqui.
Sobretudo, a desculpa por toda a verborragia má empregada me põe a questionar o que de fato tenhamos vivido, pois desde que viera conhecer, nunca viera a pensar em nada, só sentir... E deu saudade, algo mudou, alguns móveis troquei de lugar. É... Estava me refugiando no passado, tomando como única certeza minha vida pregressa, mas de um jeito qualquer, estou aqui!
No momento tenho consciência que esta história não é a melhor opção, mas já existe um tempo que venho contando a mim mesmo a estória de sempre, que sou feliz por está fixado nas fartas colheitas do passado. E sem esperar um futuro certo, encontrei um motivo para tentar outra coisa ou quem sabe tentar tudo outra vez.
Esperar segurança pra descer a escada é aceitável, demonstra bom senso e amor ao espelho, afinal, ninguém nunca se sabe o que nos espera lá embaixo. Mas esperar de mim esta segurança para então sair de casa (zona de conforto), desculpe... Já faz alguns anos que saí de casa e venho caminhando sozinho!
O terceiro lugar tem mais valor que o segundo, pois este advém de uma vitória. O segundo resulta de uma derrota... É o Vasco do pódio, já que o primeiro é uma consequência por excelência.
O pior momento é quando tudo passou e se tem apenas a música que trilhou a história. A saudade já não convence porque o medo é maior. Então imagina-se um pós momento, um instante o qual tudo tenha passado, para deitar e não precisar sonhar com o que está ali dentro, que pede um sentido a cada imagem transfigurada, que embora o conteúdo onírico esteja tão calado, se faz ensurdecedor... É como a trilha sonora de um romance que do começo ao fim, te faz reviver tudo outra vez.
Bom humor, bom senso, bons costumes, bom gosto, senso do ridículo e um bom dia politicamente colocado faz toda a diferença nas relações sociais, e, acima de tudo, quando não se perde a oportunidade de manter-se calado. Profissionalmente isso tudo é louvável, admirável e indispensável.
Muitos preferem uma nota, outros materializar um quadro, alguns uma forma. Já eu, meu refúgio são palavras... Em letras as notas que afinam um sentimento, uma canção. Entre versos o horizonte não muito distante, no estruturar de um texto surge a moldura do meu gostar.
É uma obra abstrata, que a arte se faz pelo inacabado, que se deixa a mercê à quem queira entender, sem precisar de um instrumento, sem necessitar de uma tela branca ou algo que anula o empirismo humano, que deixa de lado a argila para afigurar em um papel tudo aquilo que é existente e fiel a subjetividade da qual escrevo.
As pessoas têm necessidades que se elas soubessem a forma que se vedem, deixariam de expressar que sentem vergonha alheia e passariam a ter vergonha de si próprias.
Enquanto não houver um grito, um sussurro que seja, não moverei um músculo qualquer, guardarei toda a energia que me resta à esperar sua voz, e quando a ouvi-la, respirarei fundo, pois o som de sua dicção é o alimento de minha alma. Vou esperar todo o presente que tiver, para que possamos deitar e sobre uma canção adormecer, sem precisar despertar para esperar-te aqui.
"O pesamento é o ensaio da ação" (Freud), pois pensar desfaz a ideia de executar, e se o ato de ensaiar não filtrar esta, executa-se com louvor. Por isso os psicopatas são maestros no que fazem, os atores são viscerais no que mostram, e por fim, o sucesso é para aqueles que pensam antes de executar em ato!
A desvantagem de tornar-se profissional em algo, é ter que guarda pra si nossas opiniões, e mesmo por via da pressão de outro enunciado, tem que manter-se agradável.
Há momentos que só se espera adormecer para no recompor do copo estimar uma nova ideia. E no silêncio na noite repousar sobre seus mistérios sem medos, sem precisar temer a escuridão que esta traz no fechar dos olhos.
As pessoas confundem felicidade com álcool ou com qualquer outra substancia sintética.
Pobre daqueles que só sentem algo bom (sensação de bem estar) por administração de indutores. Estes nunca saberão o quão boa é a sensação por produção natural de neurotransmissores em resposta a uma manifestação interna ou externa de se viver. Pois não bastar acreditar, mas sentir a fundo verdadeiramente a felicidade no corpo e o bem estar na alma.
Grito Mudo
O som do próprio calar eco a lugares que se teme conhecer.
E fica-se imóvel aqui, sem saber dizer nada, sem pedir clemência ao abandono.
Então, por fim criou-se um lugar, onde fosse aresto para depositar em leito o que os receios dos homens deixam de viver, confundindo-os uns aos outros sem temer sobreviver.
O estranhar do mundo já não procrastina o que não se vive, e suplica um retorno do que não se pode ter, negando-os a cada palavra em socorro de consertar o que foi dito.
E uma vez mais carrega-se a história sem um fim, na espera de encontrar no caminho a chave que possa libertar o grito mudo do desmentido.
A sexualidade não é uma opção, uma orientação ou coisa do gênero. A Sexualidade advém de uma constituição daquilo que se viveu no infantil, se vive no momento do hoje e o que o sujeito viverá como ser sexuado por todo tempo de sua vida psíquica.
Muitos são prisioneiros da própria liberdade imoral e reféns da falsa moralidade que encarcera o desejo. Deixando o ser se sufocar pela hipocrisia que advém de uma culpa transferido ao alheio.
Oceano
Talvez baste respirar, e lentamente sentir elevar o sentimento ao mais profundo dos mares, o qual possa deixar a superfície o que já não se quer.
Em léguas e léguas por águas a fora, viver a tranquilidade que o mar apresenta na sua imensidão, a dissolução de cada gota de lagrima de quem não sabe navegar em terra.
A cada som de uma onda que se quebra na praia, novamente poder respirar, e dessa vez se desligar ao que na costa espera, sem medo de afundar, na necessidade de submergir ao que toca. E no sabor do sal petrificar a dor que se vive. E por fim, afogar as palavras que não podem ter vida na praia, que só o oceano pode absorver como parte dele gotas salgadas que os olhos conseguem ao mar falar.