Leandro M. Cortes
De repente deixa de ser amor, deixa de ser prioridade, deixa de ser saudade. Deixa de ser uma possibilidade de felicidade. Deixa de ser história, deixa ser a próxima linha, o próximo parágrafo, o próximo capítulo, a próxima vírgula e se torna o ponto final. Deixa de ser o livro de cabeceira e se torna em só mais um livro nessa biblioteca interior.
Entre histórias inacabadas e pontos finais, transformações e mutações, desejo apenas um amor acima da média. Uma vida descomplicada e pequenas porções de felicidade.
Ela é compulsiva, neurótica, cheia de manias e complexos. É intensa, insistentemente amorosa. É aquela que sempre volta depois de uma discussão. É geniosa, autêntica e vive suas verdades. É tempestade, que logo vira ventania, vento e brisa leve. Vive suas saudades e tem mil e um defeitos. Não, ela não é perfeita, mas ela te ama sem reservas. Ama mesmo com suas imperfeições. Ela é uma super-mulher!
E lá vem o amor, se jogar em meus braços. Lá vem ele, me encher de sonhos, entupir de fantasias e pela milésima vez abarrotar de promessas vazias. E lá vou eu, me iludir mais uma vez. Só me avisa quando enjoar, para que eu possa enfiar o dedo na garganta antes.
Vou ser feliz com, ou sem você. Com, ou sem o seu amor.Não quero amar de vez em quando. Ser feliz de vez em quando, nem viver de vez em quando. Nada de metades. Quero tudo, ou nada. Se vier, que venha inteiro, livre, leve e solto. Simples assim!
É nessa hora que o coração silencia, o sentimento fala e a razão sufoca, literalmente esmaga qualquer possibilidade, de uma mínima fração de saudade.
Felicidade é sentimento que chega de mansinho, sem a ansiedade da busca e da espera. Felicidade é a leveza de uma doce chegada. É o improvável encontro entre almas desiguais. E quem disse que teria ser perfeito?
Ela tinha essa estranha mania de se apaixonar, doar e dar sem medir as consequências. Volta e meia aparecia toda machucada, esfolada sentimentalmente e com alguns curativos ao redor do coração, porque dói não ser valorizada. A dor da ilusão é ainda mais dolorida.
A vida te ensina a ser meio cínica, irônica e racional, porque ser passional sempre dói demais. Chega uma hora em que você aprende a jogar com as mesmas cartas, a dar o troco. Contar vantagem e dar um xeque-mate.
Busco apenas um amor sem complicações. E lá vem a vida me presentear com um bebê, uma criança, um aprendiz. Como se o amor fosse um grande parque de diversões.
Sobretudo, não se preocupe, sempre haverá um sol, depois da chuva. Dias azuis, depois dos cinza. Calmaria depois das tempestades, brisa leve, ventos de mudança. Sempre haverá algumas palavras, depois das lágrimas. Sempre haverá contornos, além das pontas e arestas. Outros amores e histórias, por mais efêmeros e doidos que sejam os fins, creio na possibilidade, não do eterno, mas da continuidade. Sempre haverá outros dias e outras tentativas. Sempre haverá alguém disposto a suportar, viver, entender e compreender suas neuras, dramas e TPMs. Sempre haverá alguém disposto a te abraçar, preencher teus vazios e ser o teu mundo.
Seria sábio, inteligente, esperto e um pouco idiota. Mas é tão bom amar, sentir, viver, ser um pouco bobo, mesmo que isso doa no fim.
E quando estou quase desistindo de nós, jogando a toalha, abandonando o barco, vem o amor e me ganha com mil e um motivos. E esse um, é o que segura esse nó. É o que me faz continuar remando, sem medo de acabar no fundo desse mar.
Às vezes é só o medo de de ser profundo demais, em outras, não passa de uma superficialidade exagerada. E nunca sei a que ponto estamos nesse distanciamento entre almas.
Porque às vezes é bom sumir, não dar sinal de vida, se trancar interiormente e perceber que as pessoas se importam com você. Que elas sentem a sua falta. Falta do amor. Do calor. Do encontro. Do olhar. Da palavra. Da sincronia entre almas e corpos. De tudo que você possa significar na vida de alguém.
Deus não manda recados, nem escreve cartas. Não troca torpedos, nem emails. Porque Deus simplesmente faz! Cumpre o prometido. O que está previamente agendado e premeditado, pois, tudo e todos têm à sua hora e seu tempo. “O choro dura uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer” (salmo, 30). Há um tempo para viver e um tempo para morrer. Por isso, viva mais e morra menos. Prolongue seus dias e sua estada na terra!
Ela tem seu lado doce, ácido e áspero, mas vive seus dias românticos. Tem seus dias de solidão. Dias de drama. Dias em que apenas busca o aconchego de um abraço e o amparo de um olhar. Alguém que a carregue no colo. Fraca? Que nada! Forte até de mais! Manhosa? Um pouco. Nem mais, nem menos. Apenas o suficiente para ganhar seus mimos! Vive suas fugas, mas há dias em que ela quer apenas ser encontrada, raptada, abduzida e amada. Ela ama! Ama intensa e loucamente tudo e todos ao seu redor. Tem suas birras, suas brigas , horas em que sai do eixo. Tem seus momentos de introspecção, diálogos internos, prefere o silêncio ao confronto. Tem seus gostos e desgostos. Vive suas insônias e neuras. Apesar dos medos e anseios que carrega, dentro de sim há uma fé inabalável. Vive suas lutas e guerras internas. Decifre-a e a entenderá. Viva o seu mundo e terá o seu melhor! Não a prenda, nem sufoque. Menina-mulher de alma livre. Vive suas liberdades. Com ela é sim ou não! Ou vai ou fica! Sem desfeitas. Vive pintando seus sonhos e bordando seu futuro, com um pé ainda no presente. Vive seus erros e acertos. Suas festas e farras internas. Uma eterna felicidade naquele interior em êxtase. Tem aversão ao que soa indigno de sua confiança. Prove sua amizade e terá sua lealdade! Vive suas calmarias, tempestades e saudades. Seus amores e felicidades! Ama tudo que acelere seu pulsar e desperte-a de seus sonhos e devaneios. Uma eterna apaixonada pela vida!
Entre contos de fadas, gnomos e duendes, havia uma história que ela trazia em seu âmago, em meio a algumas estórias de outro mundo. Coisas dela. Somente dela, e ao recostar a cabeça no travesseiro sorria ao relembrar alguns capítulos anteriores, entre olhares e toques naquela sedosa pele de papel ainda quente da noite anterior.
E de tanto apanhar o coração vai se recolhendo nessa carapaça inquebrável. Se torna duro, bruto e já não cria expectativas. Passa a repelir qualquer tentativa, qualquer aproximação suspeita.
E a gente vai mudando, não que o amor nos mude. Não! O tempo nos transforma, as relações nos endurecem e as experiências nos tornam maduros.E o que fica é o essencial, o doce além do amargo.
É que a gente tem essa mania de enjoar e jogar fora. Aí vem alguém, junta, recicla e transforma em uma bela obra de arte.