Leandro Cesaroni
O amor enxota os medos, os cuidados, os segredos, os pecados, o cansaço. De tudo o que chegou mais cedo, ele vai tomar o espaço
O sol se aproveita da sua pele para se mostrar. Ele quer carinho, e deita, mansinho, onde sabe que pode ganhar
Eu sou uma poesia eterna
que nasceu e não quis morrer
Eu sou a inspiração que criou pernas
o amor que aprendeu a escrever
Quer esconder o natural?
Por que amar sem demonstrar?
Se o próprio amor dá o sinal:
te faz sorrir com o olhar
Que sensação bonita essa de quando o silêncio vem nos dar prazer! O amor grita no mesmo instante em que não há mais nada para se dizer
Já relacionei o amor com Deus e o mundo
do abstrato ao mais palpável
Descobri que o amor é compatível com tudo
contudo, é incomparável
Eu pedi
desenhei
escrevi
insisti
e até supliquei
em vão
O amor entendeu tudo errado
e fez o que quis com o meu coração
Procuro usar a voz só quando é realmente necessário; quando o sorriso, os olhos e as mãos não podem mais dar conta do recado
Dentro da poesia há uma mensagem.
Dentro da mensagem há um conflito.
Dentro do conflito há uma miragem.
Dentro da miragem, um infinito
Transformo o amor em palavras
e dou um sumiço no resto
Eu não sei fazer mais nada
é só pra isso que eu presto
Só posso me comparar
com quem eu era antes
ou com quem eu quero ser
daqui pra frente
O resto é distante
ou diferente
A inspiração é como a respiração: está constantemente em atividade, mas só se faz percebida quando sente vontade
Senti seu perfume numa rua escura
assim que passei por um jardim
Senti ciúme
e sei que é loucura
mas ele vai ter que devolver você pra mim
Abraça tua amada como abraça tua última esperança, pois ambas, se não são bem abraçadas, vão pros braços da lembrança
Um amor tão delicado que, de repente, não se sente mais. Mas ele vem, acordado, constantemente encantado, na janela do banco de trás
Permita que eu seja o silêncio
que grita e te faz falar
que faz sala enquanto eu penso
que esse encanto não vai passar
Responda-me quem for capaz: amor de verdade praticamente não existe ou existe mas não se pratica mais?