Layla Péres
No fim da noite, depois de abusar e desabusar de toda pureza que poderia haver dentro daqueles meninos, eu voltava com crise de abstinência. Uma droga que possuía nome, telefone, e endereço. Uma droga que possuía sonhos, segredos, e poemas.
Talvez, agora, depois de tanto tempo você possa entender as inúmeras vezes que não deixei completar a ligação. Talvez, agora, você possa entender as inúmeras vezes que te contei meus segredos e assumi meus medos. Quis que você fosse para sempre o dono do meu sorriso torto e da minha afeição tão séria.
Eu não queria mais te amar. Não queria mais chegar em casa e ligar correndo para alguém e contar os meus medos e tudo aquilou não queria mais te amar. Não queria mais chegar em casa e ligar correndo para alguém e contar os meus medos e tudo aquilo que estava acontecendo. Eu não queria mais insistir em você, nem nos seus medos, muito menos nos seus poemas. Não queria que o meu sexto sentido tão aguçado continuasse a me dizer as verdades que não queria ouvir. Não queria mais sentir aquele amor dentro de mim, mas ainda assim, eu sentia. Sentia descontroladamente, desesperadamente e tudo que pudesse terminar com – mente. que estava acontecendo. Eu não queria mais insistir em você, nem nos seus medos, muito menos nos seus poemas. Não queria que o meu sexto sentido tão aguçado continuasse a me dizer as verdades que não queria ouvir. Não queria mais sentir aquele amor dentro de mim, mas ainda assim, eu sentia. Sentia descontroladamente, desesperadamente e tudo que pudesse terminar com – mente.
Eu amo você. Mas quero que se lembre do que fomos e não do que nos tornamos. Quero que recorde das inúmeras vezes que te procurei e você me acolheu tão bem. Eu amo você, mas preciso ir. Preciso ir, seguir.
Talvez a gente na próxima esquina, mas talvez, não nos encontraremos jamais. Essa será uma das últimas cartas que irei te mandar. Guarde sem dor, sem desespero, sem medo a nossa história. Uma das últimas cartas, uma das últimas partículas de sofrimento. Preciso ir, já é tarde. Preciso ir, seguir em frente, ser feliz. Mas não esqueça, não se esqueça jamais dessas minhas palavras amargas e contraditórias. Não se esqueça que o amanhã será melhor.
Você não me vê mais, não me escuta e nem me lê. Você se perdeu em meio de suas farsas e suas verdades. Você se perdeu nessa trilha e não há mais ninguém para te salvar. Você preferiu ir embora e eu concordei, mesmo querendo agarrar seu braço e gritar que nunca poderia me abandonar.
Queria ter segurado sua mão e chorado tudo que poderia chorar um dia, só para você se sentir culpado. Mas isso era antes, hoje, depois de tanto tempo, só creio que poderia ter chorado mais. Não deveria ter engolido o choro. Não deveria ter engolido tanta coisa, entre elas, zombarias. De tanto apanhar, um dia a gente aprende a bater e com força
Criei um luto só meu. Criei um lugarzinho entre o que era realmente realidade e o que era imaginário. Criei um lugar que eu poderia ficar triste sem dar muita explicação. Eu pude chorar por tudo, pude sofrer todas as dores do mundo, sozinha. Pude me preparar para a volta por cima. Eu não estava pronta para levantar. Não estava pronta para ser feliz – Creio que nunca estou, na verdade - . Tudo que eu pensava era como iria dar a volta por cima.
Eu danço conforme a baladinha brega da vida. Danço conforme a vida quer que eu dance. Mas sou teimosa, às vezes, tento outros passos, outros ritmos, outros corpos, outros amores. Mas volto, eu sempre volto! Mas decidimos que seria o fim. Tudo bem, somos decididos, estamos decididos. Escolhemos de novo e mais uma vez. E continuaremos escolhendo por meio do acaso algo que se pareça com a gente. Porque passamos, claro que passamos, mas de uma forma ou outra, ficamos.
Não te culpo, não estou zangada, muito menos desiludida. Te agradeço por ter me mostrado que sou muito mais do que os outros esperam de mim. Te agradeço por ter me ensinado o valor das coisas. Te agradeço principalmente por ter me ensinado que é preciso ser de verdade, e que nunca se deve usar máscaras. Te agradeço por ter me feito enfrentar o que eu tinha medo. Você me fez enfrentar o que sou, e o que sinto. E pude ver que apesar de tanta desgraça eu ainda sou uma menina cheia de vida. Não deixo mais que a olheira ou o sono tomem conta de mim. Não deixo mais que a vida me arraste. Ando com os meus próprios pés e sigo o meu próprio caminho – Às vezes tenho uns tombos enormes pela estrada mas logo estou de pé, tentando andar novamente – Te agradeço por ter ido embora e ter feito com que eu pudesse tornar algo bem melhor do que era antigamente.
Mas sei que algo dentro de mim ainda acredita que um dia você irá voltar. Engano meu, eu sei. Mas não custa nada a sonhar. Não queria ter recomeçado, mas seguir em frente é preciso. Feliz dez meses de sua ausência. Fique com suas lembranças em paz. E quero que continue não olhando para trás.
Setembro mês das flores, da despedida do inverno e a chegada da minha maioridade. O ar está mais puro, sem sobrecargas de desespero do agosto, e nem da aflição que existe somente em julho. Setembro que vem e vai sem despedidas, sem adeus, sem choro ou desespero. Setembro que aconteceu os maiores desastres, Setembro que me fez nascer – já que era para ser de Novembro – Setembro que logo chega ao fim. O mês em que as flores nascem, o dia se acalma, e o espírito se renova. O mês em que trás renovação e a esperança, já que o fim do ano está próximo. Setembro em que virginianos se tornam librianos.
O que você espera de Setembro? Você esperar que o amor da sua vida volta? Você quer que seu príncipe de olhos claros apareça num cavalo branco na porta de sua casa? Você quer o que de Setembro? Não adianta esperar. Se não for, nunca será. Você quer mudança? Se sim, comece essa mudança dentro de você. E se algo está te arrastando para frente e fazendo que você abandone, deixe-se levar por essa maré. Deixe-se levar por novos sonhos e novas intenções. Vai, sorria, comece a colorir seus dias tão sombrios. É Setembro! Se transforme naquilo que sonhe. Abandone as lembranças de agosto, e os sofrimentos de julho. Se deixe levar.
Não reclame por ter seguido em frente. Não chore se aquele menino tão bonito já não te quer. Não impeça seu destino, não se proíba de sonhar assim, menina. Não corte suas esperanças. Não desacredite em anjos e até mesmo nos milagres. Agosto já passou, o setembro está aí. É hora de cortar as raízes e deixar tudo sem muita dor ou desespero. É hora de apostar numa nova história, numa outra vida. É hora de parar de chorar. É hora de levar sua cabeça, se maquiar, e arrumar sua vida que anda bagunçada demais. É hora de tentar.
Comece a perdoar aquelas pessoas que um dia te fizeram chorar. Comece a perdoar aquele menino que hoje tem outra pessoa. Eu sei que ele te fez perder tempo,eu sei que ele não te deu valor. Perdoe ele por tanta mágoa acumulada. Perdoe o por ter te deixado para trás e ter te esquecido dia após dias. Mas também não se culpe por nada. Se perdoe por ter depositado tantos sonhos em cima de uma história sem valor. Se perdoe por pensar em desistir da vida. Se perdoe por desistir desse menino. É o mês de perdoar e se perdoar. É o mês em que as florzinhas aparecem. É o mês de Caio Fernando Abreu. É o meu mês.
Quero Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. Quero o fim do ano. Quero Setembro. Quero Fé. Nesse Setembro quero que a fé retorne. Que os sonhos se realize. Que os milagres aconteçam. Quero sorrir, aprender, enfrentar. Quero aprender os truques. Quero que aprendam o valor que tem uma pessoa. Quero que ele saiba o valor que tem um amor. Que todos nós possamos perdoar, esquecer, desejar.
Faço um esforço enorme para poder tentar aprender a ser feliz sem os outros. Faço um esforço enorme para que eu possa voltar a ser o que um dia fui. Faço esforço para esquecer. Esqueci pessoas nesse tempo. Aprendi amar outras. Mas cresci. Não em altura. Mas sei que já não sou mais aquela menina que começou esses textos. Aprendi. Superei aos poucos tudo aquilo que me fez mal. E nesse mês, nesse Setembro, traga tudo que precisamos. Que traga a fé para nós mais uma vez. Que traga a esperança depois de um dia de chuva. Que traga um amor.
Aquela menina que você havia conhecido adormeceu dentro de mim. Sempre há algo novo. Um sorriso novo, um rosto novo ou até mesmo uma nova intenção. Sempre serão os mesmos de sempre porque não sei deixar ninguém ir embora. Eu olho para tudo com muita saudade. Porque eu sei que jamais vai voltar. Você jamais vai voltar, e eu não irei mais ser aquilo que todo mundo estava acostumada com que eu fosse. Olho para cada lado e sinto algo desesperador. Uma aflição, um desespero, uma nostalgia sem freios. Mas foi melhor assim. Eu não sei se é o que eu queria naquela época, mas observando bem, foi melhor você ter ido embora.
Era tanta mágoa, tanto rancor, tanta dor que não conseguia me movimentar. Estava cheia de tudo aquilo, literalmente. Foi apenas uma história. Foi apenas uma lembrança daqueles anos atrás. Foi apenas o fim daquilo que nunca começou realmente. Foi apenas eu e você.
Amores grudentos fazem um mal danado dentro da gente. Buscamos água para que fique mais digestível, mais gostoso, mais doce, mas tudo o que conseguimos é o azedo de um amor perdido.
Escrevo milhares de frases apaixonadas e nem imaginam que eu faço meninos sofrerem. Escrevo milhares de frases de pessoa bem resolvida, mas mal imaginam que sou a pior pessoa do mundo para tomar qualquer decisão. Daí eu fico naquela dúvida de quem eu sou de verdade, o que eu quero e o que realmente preciso.
Milhares de vezes me arrisquei por aqueles que nem se lembram mais de quem sou – Por mais dor-de-cotovelo que possa ser considerada essa frase, não estou mentindo. Muita vezes, lutei, enfrentei, e movi o mundo por aquele que não se lembra mais da minha existência, e nem foi por isso que eu morri.
Morri muitas vezes por aquela frase que queria dizer e não disse. Morri muitas vezes por aquele amor que poderia ter dado, mas por teimosia, escolhi negar. Sofri quando desperdicei o amor, sofri por ter desperdiçado a minha vida por nada.
Daí eu passei a metade da minha vida idealizando coisas que nem cheguei perto de alcançar. Quando criança queria ser uma princesa, morar num castelo e acabar com a pobreza e desigualdade – Fui uma criança consciente de todos os males da vida, e desapegada do jeito que sou, sempre me facilitou e dificultou tudo –
Não me tornei a princesa, e nem moro num castelo. Se eu pudesse, até casaria com o príncipe Harry mas não tem nada a vê comigo, então esquece. Meus sonhos de infância se foram e só sobrou o que sou de verdade. Aquela mesma menina que olhava para baixo no edifício do padrinho (lê-se: pai) e que cuspia na cabeça dos outros, é a mesma que olha para o vazio procurando alguma solução para todos os problemas.
Apesar de ser muito sofredora entre aspas e milhares de pontos de interrogação, sempre fui muito esperta. Nunca acreditei em homens.