Layla Péres
Eu não vou ficar mais triste quando chegar mensagem no meu celular e ainda assim, não é a sua mensagem. Eu não vou mais ficar triste por você ter ido embora de vez. Não vou mais me desesperar quando sumir do nada e aparecer mais do nada ainda. Não vou ficar mais triste ainda quando alguém pedir para ver seu facebook. Não vou ficar triste, não vou ficar nada, eu só quero ir embora.
É muita mágoa acumulada entre os textos, é muita mágoa que só agora, depois de dez meses venho assumir. Essa mesma mágoa que não me deixa seguir em frente é a que me arrasta para o futuro sem ao menos perguntar se quero realmente ir embora. É muita mágoa, muito drama e pouca saudade.
Saudade já não existe, saudade é aquilo que inventei para que eu pudesse sentir dor sem que ninguém me perguntasse o que eu tinha. Inventei toda essa grandiosidade para que eu pudesse sentir todas as minhas dores sem dar explicação alguma.
Eu não vou mais mover o mundo para que eu possa me sentir feliz ou em paz, não vou mover o mundo para que você possa ver o que eu fiz por você durante esse tempo todo. Eu só quero ir embora. Eu só quero acabar de vez com isso que acaba comigo
Você já não mais sente dor olhando sua cicatriz. Eu já não mais sinto dor alguma olhando minha cicatriz, mas me lembro de quanto ela me doeu, um dia. Um dia não tão distante desse disse. Lembro das dores e dos remédios que pensam em tomar para que a dor sumisse de vez.
A gente nunca se despediu, apenas seguimos, cortamos o contato ou qualquer sentimento de modo bruto e estreito.
Não nos despedimos, apenas deixamos viver. Apenas nos libertamos daquilo que um dia soltaram os nossos sorrisos. Apenas deixei aquilo que um dia me fez sorrir e que hoje já não há alguma graça.
Você não vai voltar, telefonar ou qualquer possa mostrar uma aproximação. Você não vai voltar e eu também não. Quero que seja feliz, de verdade.
Você não vai voltar, eu também não. Então, fica combinado, um dia eu te conto tudo que eu fiz para você. De tudo só sobrou a mágoa. Mágoa acumulada, mágoa guardada e infiltrada. Mágoa apenas de saber que você evitou. Mas eu aceito. Você não vai voltar e eu continuarei sendo feliz sem você.
Doze de setembro estava eu lá nascendo, nascia o grande escritor Caio Fernando Abreu também, e até o mesmo o presidente Juscelino Kubistschek.
Virgiana, teimosa, e com uma loucura misturada em desespero. Meus dezoito anos são esses. Não sei o que eu espero dessa minha nova fase. Talvez um amor novo, ou mais paciência para lutar por aquilo que eu sempre quis. Na verdade, não tenho mais paciência para ficar sofrendo. Não tenho mais paciência para confrontar com pessoas e até mesmo dar a volta por cima.
e eu pudesse encontrar com a Layla de quinze anos, hoje eu daria só um conselho. Se eu pudesse encontrar com a Layla que tinha de quinze anos, eu a mandaria nunca ter medo de ser quem realmente é. Mandaria não ter medo de enfrentar a vida e nem medo de se enfrentar. Mandaria desconfiar das boas intenções e das péssimas. Mandaria não acreditar e não evitar o amor, mesmo que isso fosse tão difícil para mim na época. Se eu pudesse voltar ao passado, eu não voltaria, talvez voltaria só para reviver momentos, mas não para concertar erros. Talvez, se eu pulasse as etapas que tanto sofri hoje não seria o que sou. E o principal, mandaria se acalmar, porque futuramente tudo daria certo
Acenei para desconhecidos, sorri para os apaixonados, escrevi textos sem nexos, fotografei lugares e deixei que eles pudessem me fotografar. Sorri para aqueles que jamais tocarei novamente, fiz piadinhas de mal gosto, enfrentei tudo na base do grito.
Não sou de acumular amizades, mudo de colégio em cada ano e assim, me desapego sem ao menos dar conta. Por mais que eu fico odiando a solidão em toda minha existência, eu não escapo dela.
Talvez, hoje, é a morte da antiga Layla. Talvez agora renasça outra, melhor e bem resolvida. Porque é isso, chegou à hora de crescer e encarar tudo como sempre encarei. Não abandonarei aquilo que achar verdadeiro. Não peço mais que força.
Se eu pudesse voltar atrás, eu não voltaria. Esse é o meu presente para mim. Aceito o que a vida quer. E jamais vou me deixar levar por corações e almas levianas.
Quero que peguem a minha mão e fique caminhando e ao mesmo tempo me encarando, até sentir minhas bochechas arderem de tanta vergonha. Quero sorrisos matinais mesmo com o meu mau humor. Quero abraços espontâneos, e um amor mais espontâneo assim. Eu não quero um homem perfeito, um namorado idealizado, um suspiro forçado. Quero aquilo que possa me fazer sonha dia após dia, sem cobranças, freios, ou neuras. Eu só quero acordar e ter toda certeza do mundo que sou amada. Quero acordar e ter a certeza que alguém pensa em mim, e até mesmo consegue sorrir pensando no que sou.
Quero que ele pegue a minha mão. Quero que ele brigue comigo quando escrever textos que não seja a nossa história. Quero dormir com ele enrolando as pontas do meu cabelo. Quero acordar de mau humor depois de ter brigado com esse menino. Quero que ele se sinta culpado por não ter me dado bala de gelatina. Quero que ele me puxe quando eu estiver falando muita idiotice. Quero que ele me faça sentir tudo o que passei fugindo nesse tempo todo. Eu quero que ele nunca se esconda como meu pai, e sempre me proteja como a minha mãe. Quero que ele implique com o tamanho da minha roupa, ou que me abrace quando me sentir sozinha demais.
Mas eu adoraria amar novamente. Adoraria sentir borboletas no estômago, adoraria me sentir brega e idiota. Adoraria sentir suspirando por nada, adoraria correr por medo, adoraria ter medo de perder mais uma vez só para me perder para sempre. Eu só quero que pelo menos uma vez na vida, alguém, perdido por aí, sinta medo de me perder.
Eu só sou uma garota do colegial que tenta fazer tudo certo. Eu só sou uma garota do colegial que espera que alguém me abraça e diga que fiz as minhas escolhas do modo que poderia ser. Eu só sou uma garota do colegial que está crescendo.
Não sei quem é ele. Não sei onde mora. Não sei seu nome. Não sei nem ao menos se existe. Ele existe dentro do que planejei. Talvez a gente já se encontrou em alguma festa e eu o evitei, e ele estava com os amigos. Talvez a gente já se encontrou na rua e eu abaixei a cabeça, porque não gostava de encarar as pessoas. Agora, eu as encaro. Sem medo, porque sei que posso achar alguém perdido dentro daquelas pessoas. Quero que me abracem quando o medo chegar. Quero voltar a sonhar com calma com um homem que não seja tão perfeito assim.
Ele existe, eu sei que existe. Mas só falta os nossos destinos se encontrarem. Se já se encontrou, eu o perdi. Eu sei que vou poder dizer que escrevi uma vez sobre ele, e ele vai me achar uma louca, mas logo depois que acabará de ler tudo isso, ele sorrirá e poderá dizer que sou o seu sonho mais torto. Ou se não, ele poderá apenas dizer que eu sou a errada e que no fim, acertamos, sonhamos, escrevemos e nos deciframos.
Peguei você pelo braço e te fiz dono dos meus medos, planos e sonhos. Peguei você pelo braço e pedi que nunca mais me abandone. Peguei você pelo braço e implorei que me fizesse feliz. Você sempre foi o dono dos meus medos e dos meus segredos mais obscuros. Te fiz dono dos meus sonhos impossíveis e do meu sorriso fechado. Te fiz criador das poesias, dos contos e algumas prosas. Te fiz encantador de todas as meninas que puderam saber de verdade quem realmente você era. Te criei para o mundo e para ser aquilo que gostaria.
Não ter um pai presente me fez fugir de relacionamentos. Me fez desconfiar, fugir, desacreditar, ignorar e abusar. Talvez, agora explique melhor a quem for porque eu sou assim. Agora deve estar mais explicado porque eu fujo tanto de relacionamentos que possam existir. Mas nada disso impedia que eu pudesse sentir um amor tão corrosivo dentro de mim, um amor tão absurdo, tão diferente, mas tão puro.
Mas aí prometi que não iria te amar. Prometi que não iria mais me ver voltar. Prometi até mesmo que iria tentar ser como todas as garotas fáceis e resolvidas. A maioria das garotas que tem a minha idade são fáceis e resolvidas, por que eu não poderia ser assim?