Layla Péres
Porque simples, ela era especial, ela era diferente de todas aquelas meninas monótonas e fáceis que ele um dia conheceu. De alguma forma, eles ainda são um casal, um casal distante. Só de saber que ele pensa nela, isso é tudo. Porque ela ainda pensa nele, e pensa muito. Eles são um casal sim. Podem mudar suas vidas, seus amores, seus dramas, mas não deixam de ser um casal. Por que não? Existem vários por aí. Podem passar vinte, trinta anos, mas sabemos que um marcou a vida do outro, seja uma lembrança boa ou péssima, mas eles vão estar na memória por um grande tempo.
E eu só fiz a minha parte, de poder compartilhar um pouco mais sobre essa história que jamais terá um fim. Porque é isso, o amor é interminável para aqueles que acreditam nele. E você? Acredita nele? Você pode pensar nesse exato momento que não, você não acredita. Mas no fundo, todos sabem que aqueles que não admitem que sentem o amor, aqueles que sempre evitaram esse sentimento, são os que mais sentem.
Você deve está feliz com a vida que escolheu, mas como tudo isso me deixa no vácuo cada vez mais, tudo isso é dramático demais, tudo isso é podre, tudo isso é vontade. A foto ainda está no meu celular, porque simplesmente não consigo mais apagar seus rastros pelo meu mundo. Se fosse tão simples, tentaria mesmo até tirar você definitivamente do meu mundo, mas como sempre desisto na primeira tentativa fica tão difícil.
Você era um amor para durar apenas uma noite, ou quem sabe duas, ou quem sabe para durar só quando me sentia tão sozinha, mas acabou virando isso, um drama cômico que me parece tão intenso e tão duradouro.
Não consigo ver você indo embora de vez, sendo que sempre espero você voltar para poder ficar para sempre. Não consigo te deixar indo embora sendo que estou ficando.
Consigo olhar tanto essa foto sem enjoar, talvez algo dentro de mim acredita que se eu encarar muito ele te traga para perto de mim, para aonde eu estou, para esse quarto escuro e totalmente sem vida.
Me lembro de tudo, mas não é mágoa, nem ódio, também não tenho vontade de te matar. Tudo isso é saudade, é um pouco de melancolia de fato, e até mesmo masoquismo, mas é que às vezes sinto uma falta tão grande de você, de mim, do que nós fomos e do que nós deixamos de ser. É isso que acontece. Todos os amores que tive foram tão passageiros, eles foram e levaram os meus pedaços tentando aliviar todo o drama e toda ausência sua que cheguei sentir.
Quando penso que tudo está sumindo, é engano meu tudo está renascendo cada vez mais forte, cada vez mais com riscos de durar por mais tempo. E mais uma vez olhei a foto que tanto gosto sua, não sei por que gosto tanto dela, sendo que ela não é nítida, sendo que ela não é atual, talvez sim, talvez eu fosse apaixonada pela pessoa que você era.
Talvez, seja isso o motivo.
Era amor, depois de todas as dúvidas pude tirar uma conclusão, era realmente amor. Depois da falta, da saudade, do desespero, chega o amor, que sempre me parece duradouro. Era isso, depois de tentar encontrar todas as respostas, depois tentar encontrar soluções em tarô, búzios, textos, conselhos. Sentia amor como se tudo fosse transbordar a qualquer momento, e que até mesmo, esse bicho de sete cabeças poderia me engolir. Sim, o amor.
Consegui me adaptar de todas as maneiras. Pude ser menina, dramática, sonhadora, realista, mas no fim, sobrou só essa que vaga todas as noites procurando alguma solução para esse amor, esse amor mal resolvido. Se essa história fosse um filme, não haveria roteiros, o diretor não existiria. Se fosse um filme aparecia eu e ele no final, com um beijo jurando amor eterno. Se fosse um filme, seria aplaudido, mas também seria vaiado. Se fosse, mas não é um filme. Isso tudo é real, sou verdadeira.
Mas eu sei que depois de procurar tantas personalidades em personagens pude ter a certeza que descobri a maior delas. Eu sou dele. É exatamente isso, podem se passar anos, mas ainda continuarei dele. Porque é assim que o destino sempre quis. Todo esse tempo, o destino une e separa as pessoas como se fossemos um quebra cabeça sem encaixe.
Ele era o meu sem coração preferido, até que eu caí na besteira de gostar dele. Ele era a dor mais gostosa de todas, até que eu escolhi sofrer de verdade. Ele era o assunto até que virou o motivo de tudo.
Seria difícil me contentar com toda ilusão que criei dentro da minha própria cabeça para poder vencer esses dias terríveis. Os dias terríveis que pouco a pouco consigo me conformar que deixei de ser aquela menina quando ele se foi, e pouco voltou. Deixei de ser tantas em uma, para ser a que eu sou hoje.
É tão estranho pensar que encontramos com outras pessoas nas ruas e que jamais vamos ficar sabendo se são ou não realmente felizes. É tão estranho, continuo parando em cada olhar que passa por mim, na esperança que a qualquer momento, ele pudesse chegar disfarçado, ou até mesmo, um pouco mais velho da última vez que eu vi. É tão estranho continuar nessa espera, mas não tem mais nada para ser esperado. Não há mais ninguém longe ou perto para esperar.
Fiz um mantra, apelei para qualquer forma de fé que pudesse existir em qualquer mundo estranho ou submundo. Sou uma menina, com quase dezoito anos, então, preciso parar de me comportar como se eu tivesse ainda catorze, ou quem sabe quinze. Preciso parar de inventar amores só para conseguir sorrir. Preciso parar com tantas infantilidades e manias.
Preciso me comportar como uma adulta, porque é isso que eu sou. Amarei sim, amarei quando for verdadeiro, mas enquanto isso não chega, prefiro não amar ninguém. Não quero me envolver, porque no fundo, sei que essa pose de mulher-madura-super-ultra-mega-resolvida acaba. Se eu me iludir, me sentirei como se eu tivesse novamente treze, catorze anos. E eu cansei de procurar alguma motivação para poder ser feliz, para ser completa.
Quer saber? Eu sou completa. Com ou sem ele. Com ou sem amores platônicos e impossíveis. Quero parar de me destruir, mas cada vez que penso que irei parar mais consigo me destruir. O novo menino que anda nos meus pensamentos, é lindo, juro. Mas sabe qual é o pior? Ele é impossível. Notaram? Só ando me apaixonando por quem não tem a menor chance de dar certo. Se é que eu nunca sei o que é dar certo com alguém. Não dou certo nem comigo mesma.
É tão triste ver que tenho tanto amor dentro de mim só que não tenho para quem usar. Não tenho para quem doar. É tanto amor que me sufoca, e faz com que meus olhos enchem de lágrimas. Porque é muito amor, é exatamente isso. Eu poderia ter amado esse menino que me deixo para sempre, se ele quisesse, mas como ele não me permitiu, preferi usar esse amor de outra forma. Preferi não me dar ao valor, porque seria bem mais fácil. Mas sei que sou uma mulher completa, e por isso, deveria sim, deveria me dar valor.
Por muito tempo me dei ao trabalho de negar o meu passado, e tentar negar o meu futuro. Como se houvesse uma escolha de mudar de planos e de vida. Seria uma história triste com o um título e descrição mais triste ainda. Está na hora de esquecer as lágrimas, as faltas, e a saudade. Está na hora de enfrentar isso de frente, como uma mulher. Pode ser ou pode não ser bem resolvida.
Está na hora de esquecer as lágrimas, as faltas, e a saudade. Está na hora de enfrentar isso de frente, como uma mulher. Pode ser ou pode não ser bem resolvida. Mas chega uma hora que é preciso esquecer seus medos da rejeição, da dor, e da vida e enfrentá-la de frente. Chega uma hora que cansa de planejar sonhos em cima de pessoas que não valem à pena. Chega uma hora que cansa de sentir dor, vazio, e angústia. Chega uma hora que tudo que preciso é dar tempo para a vida fazer o que deve ser feito realmente. Sem escolhas. A vida acontece cada vez mais que tento impedir.
A única parte de ter certa carga de quem já sofreu é que conheço todas as intenções, e sei quando elas são boas e sei quando elas são péssimas. Não quero me dar à permissão de ser iludida. Pensam até que podem me iludir, vê se pode umas coisas dessas. O novo menino quer me iludir, mas eu já sou iludida. Então, chegou tarde demais. Alguém já fez tudo que ele queria fazer. Alguém conseguiu me iludir e jamais conseguiu mudar essa história.
Estou renascendo ao pouco, sem luxo, sem brilho, sem nenhum glamour. Estou renascendo aos poucos para poder continuar acompanhando a vida. Ela se foi, e me arrastou junto. Mas não me importo. Estou indo, junto com as coisas, junto com o destino, junto com o que quiser denominar. Não sei se é errado, não sei se nem ao menos é certo. Mas não me importo mais.
Muitos tentaram, poucos conseguiram. Muitos sonharam, poucos realizaram. Muitos amaram, e muitos desacreditaram. Muitos queriam, e eu desisti. Muitos desistiram, e eu insisti. Insisti no erro, no acerto, no amor e na falta dele. Insisti em você, em nós, até mesmo somente em mim.
Nunca mais eu vi você sorrir. Nunca mais você fez com que o meu mundo melhorasse. Nunca mais pude ouvir sua voz, porque cada vez mais entrava dentro dessa história. Nunca mais pude prometer que amaria outro, porque sempre vem você na lembrança e como não tenho mais forças para recomeçar ou começar outra história, só consigo abafá-la. Só consigo sentir pena de mim, mas sinto mais pena de você do que de mim.
Porque sei, ninguém, jamais, conseguirá te ver como te vi nesses anos todos. Ninguém conseguirá te agüentar com suas histórias, e seu jeito de querer ser diferente em tudo. Não digo isso com intuito que você mude de jeito, porque foi desse jeito, esse jeito indiferente e desligado que me apaixonei naquele tempo, ou nesse tempo. Não sei mais onde estou, e nem que ano vivo. Não sei mais definir passado do presente, ou presente do futuro.