Layla Péres
Na verdade, eu amei apenas um e logo me disseram que ele não seria o amor da minha vida, e que vão existir outros e mais outros. Aí, sinceramente não gostei da ideia de ser de outros. Por isso, me fechei durante muito tempo. Não ousava olhar para qualquer outro menino, e eu segui na linha da fidelidade sem reclamar. Mas afinal de contas, eu estava sendo fiel a quem? A um amor fantasma ou ao um vazio? Não sei o que foi pior.
Daí os anos se passaram com uma rapidez incrível. Guardei minhas Barbies, guardei minhas bonecas, e tudo que tinha direito. No lugar de bonecas vieram os garotos. E como era bom falar deles quando tinha treze anos.
Eles queriam meninas mais velhas e pobre de mim, tinha apenas de doze, treze anos. E daí? Não liguei. Segui minha vida conforme aquilo que muitas vezes acreditei ou como todo mundo diz: Na boa. Mas eu não iria ficar triste por tamanha mudança. Não iria mais sentir descolo por ser tão sozinha, desde pequena e não iria mais deixar que alguém pudesse fazer algum comentário maldoso em cima de qualquer atitude minha.
Muitas vezes me senti sozinha, mas aí eu me lembrei que cultivei isso. Me fechei para que ninguém mais pudesse entrar na minha vida e eu não suportava a ideia de que uma hora ou outra, alguém iria embora. Ninguém suspeita mas eu choro muito.
Por mais forte que eu seja, por mais descrente que eu possa ser, eu sinto por tudo, por todos. E eu sou livre. Até demais. Não me prendo em memória, e nem em amores. Meu espírito é de qualquer garota desapegada, e isso não é tão ruim.
Não sei qual parte de mim ficou perdida por aí. Depois de tantas despedidas e desesperos fica até difícil sair por aí reconstruindo.
Tô tão perdida, tão estranha, tão fora de tudo aquilo que sempre coloquei em prática. Eu só queria que alguém me achasse mas nada verdade, não sei se quero me encontrar.
Eu não posso ligar para nenhum cara que fez parte da minha vida e implorar para que ele volte correndo para minha história. Não posso sair procurando o amor aonde eu nem fui chamada. Não posso continuar assim, eu sei que não. Vem me buscar, vem me buscar e me tira dessa confusão que criei durante tantos anos.
É muito choro aglomerado que teimei em não chorar. Muito silêncio transcrito. Muita dor em forma de poeminhas ou contos.
E eu só queria que alguém chegasse. Só queria acordar e ver que a minha idealização não foi tão mal. Só queria que alguém me fizesse entender que o amor não é tão cruel como eu penso.
Já amei sim, amei muito, mas já faz tanto tempo. Meu Deus, não lembro mais como é se sentir apaixonada. Me Deus, não lembro mais o que é ficar o dia sussurrando ou olhando para o celular, aflita. E eu sinto tanta falta disso. Mas ao mesmo tempo me sinto bem. É um misto desregulado de emoções que não sei mais lidar.
É difícil ser sozinha, acordar sozinha e logicamente enfrentar o mundo inteiro sozinha. Mas ao mesmo tempo ser sozinha me faz entender que não preciso de um homem qualquer para me sentir viva.
Não preciso ficar apaixonada por alguém que precisa necessariamente me massacrar. Sei que vou muito além de qualquer anos de sofrimento, ou de qualquer ciúmes idiotas de qualquer menina que o rondou. Mas sabe, tô tão perdida.
Vem me buscar? Vem. Se quiser, eu deixo aberta a porto. Deixo minha vida aberta para que você conheça cada parte de mim. Sou cheia. Cheia da vida, dos sonhos e dos amores estranhos. Sou feita da lua, estrelas e aquela chuvinha lá fora.
Se quiser, eu deixo aberta a porto. Deixo minha vida aberta para que você conheça cada parte de mim. Sou cheia. Cheia da vida, dos sonhos e dos amores estranhos. Sou feita da lua, estrelas e aquela chuvinha lá fora.
Daí vem a cabeça aquela baladinha brega que muitos pais dançaram um dia "Eu sou free, sempre free, eu sou free demais.". Com a mesma baladinha brega que ainda continua posso dizer: E aí sei que sou livre. Sou free. Free-da. Sou sofrida. E não nego.
Sou isso. Sou o pior, o melhor. Mas ainda assim, sei que sou aquela mesma menina. Aquela menina que olhava para baixo quando estava num edifício em uma cidade de Santo André, aquela que queria ser princesa e acabar com toda a pobreza. E eu vou ser assim. Porque é preciso assumir os anjos e demônios que residem. Então, assumo, e sei que agora posso viver por um momento breve de paz.
E eu não queria ter me afastado dele. O combinado não era esse. O combinado era eu ir atrás dele depois que eu terminasse o Ensino Médio. O combinado era que ele soubesse só depois de dez anos que eu havia me apaixonado por ele. Mas como todo homem, ele não foi diferente. Ele só me mostrou que foi um tamanho de um canalha. Um canalha e mimado. E eu gostava de toda confusão que eu havia criado. Eu gostei de sentir aquilo dentro de mim. Gostava de sonhar com ele e acordar desesperada no outro dia. Gostava de sussurrar baixinho que o queria por perto.
Não me adapto em outras histórias. Eu queria a minha história. Aquela que ele havia tirado sarro o tempo todo em dizer que não tinha nada a vê. Eu queria ser dele todos os dias e não só quando faltava meninas. E queria que ele lutasse por mim, que não me deixasse ter ido embora desse jeito. Queria que ele fosse atrás de tudo aquilo que disse para mim.
Por que tudo tinha que acabar assim, hein destino? Eu gostava tanto dele e você sabia disso, destino. Você sabia que eu sonhava com ele, almoçava pensando nele, e ia dormir pensando nele. E a música ao fundo dizia "Baby, por que foi para tão longe? Bastava não telefonar". E eu só consigo suspirar. Suspiro de tristeza, desconsolo e de saudade.
E aquele silêncio falou mais alto que qualquer pessoa, qualquer grito. Aquele silêncio gritou em meu ouvido que já não queria mais que eu me apaixonasse por ele. E eu não me apaixonei mesmo. Fiquei livre de novo, mas tentei ser o que não era para que ele voltasse.
Fui cool, descoladíssima, animadíssima, mas não, depois de tanto "issímas" só consegui ser tristíssima. Fui de tantos que acabei não sendo de ninguém. Aquele silêncio foi o mais doloroso de toda a minha vida.
Mas aí eu lembrei por uma última vez dele e da nossa última música. E me lembrei de todos os porres. Tamanho drama não fez que nada acontecesse. Fazer esse drama mexicano não vai fazer com que ninguém volte. E eu aprendi.
Sinto muita falta de estar com ele, de pensar, e até mesmo de escrever. Sinto falta de fingir que estava longe do celular só para não atender. Sinto falta de muita coisa, e é verdade. Mas dei um tempo. Dei um tempo enorme para mim, e eu não quero mais voltar. Não quero mais chorar do nada, surtar do nada, ficar infeliz por nada. E então, como a música acabou, resolvi fazer o mesmo: Acabei com tudo, lembranças, deletei o número dele.
Finalmente coloquei o ponto final que deveria mas que nunca tive coragem de colocar. Finalmente não haverá vírgula, nem reticências, apenas um ponto final, porque definitivamente acabou. Ele sabe que eu o amei da forma que eu poderia.