LASANA LUKATA

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⁠só se faz estacas de planta sadia. Se a planta for doente, as estacas serão doentes.

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⁠a familia é a pedra onde deveríamos
nos firmar

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⁠a diferença entre Deus e o diabo
é que Deus acusa,
o diabo sempre acusa

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⁠o fósforo brilha
porque se rala na aspereza

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⁠ao escrever A Madrasta de Pedra, eu não fiz opção pelo sofrimento, eu tinha um material sofrido de onde extraí poesia.

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⁠dependendo da queda,
cair no chão
já é um amparo,
melhor do que o abismo.

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⁠A Ganância tem duas filhas gêmeas:
Arrogância e Soberba.

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⁠o Brasil é um circo
que funciona
todos os dias

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⁠se a sua rotina começa 6 da manhã
e acaba às 9 da noite,
seu dia termina como um morcego:
de cabeça para baixo.

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⁠meus olhos
são dois cavalos rebeldes
que de repente disparam pra longe
e regressam com as patas sujas de versos.

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⁠poema é igual dinheiro, tem que circular.

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⁠o perverso
encontra em Deus
um adversário

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⁠Brasil, rotina: em cada esquina uma propina.

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⁠meus versos são chapiscos,
sempre fogem dos apriscos,
voam fora do teu céu.

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⁠A insaciável sede tem de ser atingida,
repetidamente,
pela água.

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⁠ah, se toda pancada fosse de chuva
e a pouca distância, de fato, uma curva...
minha vida envolvida em água tão turva,
tropeçando, caindo, infinitos estorvos.

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⁠tarde atijolada
o pai pedreiro
trabalha no céu
erguendo o muro
que nos separa da loucura

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⁠abertura do ano mal começou,
na fala do amigo a rima com ou,
Fátima morreu e Jorge se enforcou.

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⁠periferia
o vento de outono soprou
e fui colhendo folhas...
em cada uma havia um verso
e todas juntas um poema,
que agora averbo em teus ouvidos
e na margem deste mundo.
o meu poema te rodeia,
espaço branco producente,
de umidade e razão.
garça, alba plumagem
onde escrevo teu nome.

⁠remembrar


depois do trabalho de cavar
à espera do profundo,
decepcionada com o ninho
e o ritmo ordinário,
a saúva sobe o abismo
e, entre as folhas do outono-,
reencontra suas asas.

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⁠Fosforescência
nascida da putrescência
é excrescência.

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⁠o diabo é mais rápido que Deus
porque escreve em papel-carbono,
mas sai tudo ao contrário.

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⁠boquiaberto
com a técnica oriental
de se olhar por dentro
o capitalista percebeu
que tinha coração
e assim começou a venda de órgãos

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⁠SUICIDA PÓS-MODERNO

por sua causa, Raquel,
ele foi para a frente dos carros,
mas eram carros de brinquedo;
por sua causa
ele pulou da ponte Rio-Niterói,
mas praticando bungee jump;
por sua causa
ele ia tomar chumbinho,
mas deu ao rato mesmo:
não se deve cobiçar as coisas alheias.

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Eu sou auditivo
As pessoas dizem que uso palavras rebuscadas, umas maldosas dizem que quero ser diferente e não é isso. Eu quero oferecer aos ouvidos os sons diferentes. Eu sou aquele menino que reúne diferentes conchas do mar numa latinha e começa a buscar um ritmo, também assim faço com as palavras sacudindo-as dentro do poema. As palavras que causam estranhamento no leitor são palavras que eu amei pelo som como a palavra Flostriar, Conquassivo, Indelével com o L sendo pronunciado. Eu sou a simbiose de judeu com africano, dois povos extremamente auditivos.

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