LASANA LUKATA
os filhos já não deixam de jogar
para receber o beijo
que trazem os pais
quando chegam do trabalho,
evapora-se o orvalho
e fica só o verso seco.
é a era de aquário,
do sangue quente dos leões,
do sangue frio das serpentes.
uma serpente dá inúmeras picadas,
o homem perde-se em rajadas.
em meus momentos de mar, solífugo, a evitar o sol,
as ondas submetendo a proa, olhava o horizonte...
sereias labializavam meu nome,
o navio a extraviar-se, agonizava a silhueta,
e a melancolia era a tinta
para pintar os meus naufrágios.
nesta pandemia que desagrega,
que esfrega os barcos nas pedras,
que naufraga todo dia
e devora toda noite-
impossível-
mil caírem ao meu lado,
dez mil à minha direita
e eu não ser atingido.
antes de Whitman, Klopstock
já disparava a sua Glock,
livremente,
20 versos por segundo
para não errar o mundo.
e vou rimando livremente.
A política da garça
A garça precisa voar para tirar os dois pés da lama! Não adianta alternar, encolhendo ora um, ora outro.