Laécio Malta
Era uma vez... "A Sociedade do vazio", nela viviam homens solitários que vagavam por entre uma multidão de seres e coisas. Andavam para lá e para cá com as cabeças sempre baixas, tinham em suas mãos um objeto luminoso cujos dedos em um movimento mecanizado quase que não descansavam. Os olhos dessa gente nunca encaravam os olhos daqueles que a elas se aproximavam. Em seus ouvidos, ao invés de recepcionarem as vozes de quem vêm ao seu encontro, o qual deseja compartilhar as emoções do dia, havia aparelhos que traziam consigo sons diferentes dentro de si e impunham um silêncio. Os lábios estavam cerrados sem expressarem sorriso algum. Suas faces eram indecifráveis. Essa gente não se abeirava, o toque, o entrelaçamento das mãos, o abraço, o encontro mágico dos corpos era quase que inexistente. Quando diziam estar com alguém, em poucos dias se distanciavam, como quem se desfaz de algo sem valor. Os seres dessa terra confundiam as pessoas com as coisas. O que elas eram não tinha relevância e sim o que possuíam, ou aparentavam possuir...
No dia em que me amares, ama-me intensamente...
Que teus beijos sejam ardentes de paixão,
Que teus lábios desejem se unirem aos meus,
Que teu corpo ao encontrar o meu, se entregue...
Que teus olhos quando em direção aos meus, brilhem como as estrelas
E que tua pele arrepie-se ao perceber minha presença.
Mas, se por ventura desejares partir, vai...
E se em tua ida encontrares um outro ser
A quem seja digno a contemplação de teu sorriso,
Do amparo e acolhimento do calor de teus braços,
E cuja boca seja merecedora do descobrir os prazeres de Vênus. Vai...
Com toda alegria e te entrega verdadeiramente.
Ama-o com todas as tuas forças, pois,
Não há maior dor que a incerteza do amar e ser ou não amado.
E não há maior transgressão,
Que o de não entregar-se totalmente aos desejos dos deuses do amar.
Porém, se por onde fores,
Não encontrares quem te deseje com paixão e amor
Mais elevados que meu amar por ti, e decidires retornar,
Saberei que sois minha, pois, pudestes ir
E no entanto, retornastes para os beijos e abraços meus...
L.Malta
O ser poeta que há em meu Eu possível, sobre o qual não tenho como reter ou guardar, reger ou dominar, restando-me apenas poder externá-lo e o tornar conhecido pelos que me cercam.
O imprevisível Amar
Por ventura escolhem os corações a quem amar?
Não seriam estes insondáveis e imprevisíveis?
Abre-se, pois, e te entrega num constante Amar
Amar e ser amado
Amar sem ser amado
Amar e ser lançado na incerteza do Amor
Amar ainda que sem o Amor
Enfim, Amar ...
A tudo em minha vida sou grato!
Apesar do peso e responsabilidade do existir, a tudo em minha vida sou grato!
Pelos presentes vividos e os não vindos... Aos amores e paixões que tive (as quais me permitiram perceber o quão bom é amar alguém!) e as que possivelmente virão; às poucas e proveitosas leituras, e ao pouco que sei; às lágrimas e sorrisos; aos beijos e abraços apertados; às loucuras e meias loucuras; aos poucos momentos de aparente normalidade; aos esquecimentos e reminiscências; às ideias e ao coração, estas criaturas inquietas e indomáveis; ao leite materno, terno e doce, o qual me possibilitou vida!; ao colo macio e aconchegante; aos olhares atentos e cuidadosos que me cercam; aos muitos conselhos e poucos sermões; aos amigos, estes malucos por não perceberem a periculosidade que é estar ao meu lado; aos parentes e achegados(risos); aos que me levam na lembrança ou no esquecimento; aos meus mestres do Saber; aos que me inspiram e me motivam; aos que me criticam, pois, me corrigem; aos meus aluninhos, estes grandes sábios sempre a me ensinar; aos deuses todos a me proteger, em especial a Vênus, deusa do Amor, a quem me faço eterno escravo nas artes do Amar, e à senhora Morte, a qual, ansiosa espera minha chegada. A tudo que me traspassa e me afeta sou grato!