Kyle xy
Toda história tem um começo, toda vida tem um propósito e um potencial. Eu não conhecia o começo da minha historia e nem o meu verdadeiro potencial. Até alguns meses atrás, quando conheci Adam Baylin.
Trabalhei anos para desenvolver um útero artificial [...] Inventei um fluido que proveria o oxigênio e nutriria o embrião, assim não haveria necessidade de uma mãe e, obviamente, sem cordão umbilical. Como resultado, a criança NÃO TERIA UMBIGO. (Baylin explica o nascimento de Kyle)
Quero que se lembre desse momento. Depois que eu morrer. Todas as minhas experiências, tudo que eu estudei e aprendi será seu. Sua mente é uma ferramenta poderosa. Desenvolva-a, proteja-a e use-a com sabedoria. E mais importante que sua mente, é a sua alma que toca as pessoas. Você pode tocar o mundo, Kyle. Você é assim, por isso foi feito. (Adam Baylin)
A mais breve relação pode deixar a mais forte e permanente impressão. Adam me inspirou, me encorajou e me ajudou a entender o mistério do meu passado. Mas agora sem ele, meu futuro parecia ser mais incerto e perigoso do que antes.
Às vezes, as ligações que criamos com algumas pessoas chegam suavemente. Dividimos experiências, temos uma história, criamos vínculos.
Naquele momento, todas as coisas que tinha aprendido sobre mim, todos os dons que precisava desenvolver e todos os segredos que prometi guardar, não importavam mais. Só importava estar em casa com a minha família, sentindo toda aquela ligação. E sabendo que não estava sozinho. (kyle retorna aos Trager)
Dialogo:
Kyle: - O telefone vai tocar. (toca o telefone)
Lori: - Como você fez isso?
Josh: - Vou te dizer como. Ele é o Kyle!
“De volta ao normal”. Uma frase tão simples que fala por si só. Os meses que passei fora não foram nada perto do normal, e eu estava pronto para encerrar aquela parte da minha vida. Eu ia buscar a normalidade como se tudo dependesse disso.
Na vida todo mundo é rotulado. As pessoas tentam nos dizer como devemos ser. Mas somos nós que decidimos se o rotulo serve ou não. Depois de lutar tanto contra isso, finalmente, entendi o que eu era. Eu nunca seria comum ou normal. Meu destino era ser extraordinário. Esse foi o rotulo que eu aceitei, e junto com ele veio uma grande responsabilidade.
Foss chama isso de privação sensorial. A remoção de todos os outros sentidos para focalizar em um único. Concentrando-me nos sons da noite o mundo se tornava bem mais vivo do que antes, e com isso as pessoas ao meu redor. Eu podia sentir as coisas, como a culpa e a incerteza de alguém que perde o emprego, ou a duvida e a ansiedade de quem começa um novo trabalho. Até mesmo o sentimento de quem passa da hora de dormir para jogar com um novo amigo, ou a primeira centelha de criatividade de quem não conseguia disfarçar a dor de uma separação. E logo, as paredes da casa começaram a desaparecer. Eu conseguia ouvir a sinfonia dos grilos. Consegui ouvir na casa da Amanda as batidas do coração dela. Interessante que um coração partido consiga bater do mesmo jeito.
As pessoas vivem suas vidas na incerteza. O que vai acontecer em uma semana? Em um mês ou em um ano? Eu pensava na minha própria vida. Se eu seria capaz de responder as perguntas que continuavam surgindo, acho que também estava procurando pela certeza.
Ouvindo a Lori tocar. Me fez perceber que o destino tocaria todos de formas diferentes. Algumas vezes bem intensamente, e outras, bem diferente do jeito que a gente planejou.
Baylin tinha razão. A única certeza para o futuro é que as respostas para o desconhecido estavam praticamente na nossa frente.
Quando eu vi o tanque, percebi que foi naquela sala que passei 16 anos da minha vida. Olhando pra mim mesmo, eu questionei o que eles fizeram comigo todos aqueles anos. Será que alguém se importava com os meus sentimentos?
Finalmente entendi. Eu havia copiado todas as informações do computador central da Zzyzx, incluindo imagens das câmeras de segurança. Eu não estava vendo fantasmas, eu estava vendo o passado. [...] Eu passei minha vida com medo deles, quando na verdade eram eles que tinham medo de mim. O fantasma era eu. O fantasma da máquina.
Por causa do efeito do gás eu achei que não iria sair dali com vida, e eu já tinha morrido uma vez na Zzyzx. Se eu caísse, sabia que não iria me levantar e dessa vez não teria o Foss ali para me ajudar. Então me lembrei de tudo que ele me ensinou e de tudo que ele sacrificou para que eu pudesse viver. Agora era responsabilidade minha sobreviver. O meu medo não importava naquele momento, eu não podia desistir.
Ir até a Zzyzx ajudou a me libertar dos fantasmas que me perseguiam. Mas eu continuava sem ver o perigo verdadeiro que se escondia nas sombras.