Keidy Lee Jones
Século XXV
(leia em: keidylee.blogspot.com)
Deve ser essa a diferença
A tal diferença que a tanto falo:
O que me torna diferente
Da maioria dos humanos
É que eles quando estão apaixonados
Perdem o sentido das coisas,
Eu não!
Não vou dizer que sempre fui assim,
Que nunca fiquei boba,
Eu fico boba sim!
Afinal, essa é a graça do amor:
Deixar-te feliz.
Mas os humanos,
Oh humanos!
Custam a entender
Que por mais forte que seja o sentir
Devem reconhecer os defeitos e fraquezas e,
Não só as virtudes.
Desromantismo (keidylee.blogspot.com)
Pouco silêncio,
Cá estou a escutar
Amores eternos acabam
Em dois ou três dias.
No mar onde piratas se consagram
Nas ruas desestas que não calam,
Apelam por paixões inebriantes
Corações sozinhos e palpitantes,
Gritos escrevem suas novas canções
Decorrentes de tantas necessárias apresentações,
Cartas apelam sozinhas
A um dicionário de paixões proibidas:
Um pouco de amor.
Cansadas canetas românticas,
Cabeças pensativas vazias,
"Desromantismo" inaugurado sem nostalgia.
Meus Instintos
Há gestos que insisto em complicar
Foram tantas vezes, não consigo contar
Não cobrei entendimento
Não iria esperar.
Quando tive vontade fiz
Coisas que cheguei a duvidar
Pô-las em prática
Ideias que habitam dentro de mim.
Parei de pensar quando tinha
Milhões de coisas a fazer
Depois aprendi a pensar ao mesmo tempo.
No barulho e no silêncio
Não destino minha cabeça a coisa inúteis,
Simplesmente esqueço-as.
Meu gênio não é muito educado
Mas, me desobedece em momentos contados
E, quando tive de ficar calado
O silêncio invadiu o espaço que habito
Quis explodir com as circunstâncias
Achei melhor ficar quieto,
E fiquei.
Exatidão
(keidylee.blogspot.com)
Nunca me revelei por completa,
Sou uma incógnita até para mim
Não me cobre explicações
E nem me dê mais juízo,
O melhor de tudo é simplesmente não entender.
Inventar a própria razão,
Perseguir incansavelmente a exatidão.
Basta pouco procurar
O bastante até encontrar
Uma certa emoção em andar pelas ruas calmas
E encontrar ali um refúgio a alma.
Minha própria paixão
Também inventada
Ferida pelas calçadas
De dor até certo ponto,
O que deixei para trás
Foi o medo e comigo o desejo
De procurar silenciosamente ruas agitadas
Com a exatidão do infinito.
A Razão de Nossas Vidas
(keidylee.blogspot.com)
Lá do alto das montanhas
Sejamos firmes – alguém gritou.
Friamente sinto um toque
Algo desandou.
Cumpria com paixão
Cada ordem recebida
Sim, estamos em busca,
Da razão de nossas vidas
Decifrando mapas
Atrás de novas conquistas
Às vezes esquecendo das velhas
Que no passado nos livrara da guilhotina.
O capitão havia esquecido as trilhas
Caminhar com o coração, é essa nossa ida
Atrás de alimentos que matem, toda a dor da partida
Sejamos fortes – novamente o capitão gritou
Nada vai nos parar enquanto houver vontade
Aqui é nosso lugar,
Novamente preocupados
Pois tudo se perdeu.
Um bando ameaça:
– Rendam-se ou morram!
Isso ainda não se ouviu
Devemos continuar tentando
Pois nada sucumbiu.
Não me entrego,
Não me entristeço
Com a ira dos dragões
Somos tão pequeninos
Mas nossa coragem se entrelaça
Com um desejo insano de vencer
Enfrentamos mil ladrões
Levantar é preciso quando o sol amanhecer
Nem que amanheça dormindo
E acorde quando o dia escurecer.
É de onde sai toda a raça,
Razão de nossas vidas
Pois preferimos morrer a nos render
A eternidade de nossas feridas.
O Ciclo
A calmaria da noite agitada não me deixa dormir
São tantos conselhos internos que chego a explodir
E encontro minhas maneiras que só agora aprendi.
Ela se revelará nas noites tranqüilas
Com um diálogo bonito cheio de ternura
Que lhe tocará a alma e entregar-se-á.
"Após dois séculos diários
a demora sai de cena
e os corações se encontram.
Tadinhos! Estão cansados".
Então, sendo assim, a rosa que acalanta
Deixa seus espinhos secos
Em cima de algo que você esquecera de lembrar.
Seu coração passeou sozinho e submisso
Ele não foi capaz de retratar um rosto e guardar,
Esqueceu as poucas feições ontem à noite
Quando saiu e começou tudo de novo.
Viagem ao Fundo
Isto está ficando estranho,
Meu medo desapareceu quando percebi
Que ele era pai dos covardes.
Afundei e desafoguei
Rastros pintados e bonitos
E levei minha mente a um lugar longe
E cantei: “vamos sair daqui
Pra qualquer canto ainda mais perdido”.
Você ainda está perto,
E isso não alivia minha dor.
Minhas bases caíram
E meus amigos sumiram
Minhas provas apontaram
Suspeitos comumente culpados.
Em meu traço cansado
Pousou um pássaro
Pediu-me para voltar a copiar
Rostos em minha mente,
Concordei e depois fui há um lugar
Cá estou, perdido de todos
Encontrando a mim mesmo.
O Mestre
Há cem anos indaguei um mestre
Queria saber o que é sentir
E, sair de minha vida anestesiada
Longa demais em um só dia.
Ele esperou o inverno chegar
E o frio acalentar minhas vestes suadas
Levou-me a ruas calmas,
O mundo estava calado
Só se ouviam suspiros raramente
Quando até as matas se fechavam.
Ele segurou minha mão
E mortalmente intactos
Escutamos um barulho inebriante do inexpressivo,
Das pessoas paradas nas ruas desertas,
Dos pingos de chuva
Que insistiam em lavar minha alma
E, em me dizer: você está vivo.
Escutamos o puro inocente barulho do mundo
Que não conseguia calar,
Pois suas paredes riscadas insistiam em me comunicar.
Entrara em mim. Senti.
Eu Nem Sei. Sou Leiga
Eu já nem sei mais no que pensar,
Eu nem sei porque insisto em procurar meus amores,
Já que os encontro todos os dias
E os perco todos dias.
Amo cinco ou dez vezes no mês,
Sabendo que nunca vou amar de verdade, nem quero.
Ou talvez já ame, porque eu sei que quanto mais o tempo passa
Mais você é única para mim.
E que não importa quantas pessoas eu ame na vida
Quantas eu conheça em um mês,
Nenhuma delas me tocará como você,
Nenhuma delas me fará sentir as certezas que você tem.
E eu sei que cada dia fica mais difícil
E, às vezes fico incrédula quanto a você
Mas um dia talvez aconteça, ou não.
Independente de tudo eu te amo.
E eu acordo todos os dias sabendo disso.
É por isso que eu não falo ‘eu te amo’ aos meus amores
Porque só você é dona de mim
Faço minha as palavras do poeta:
“Se eu tivesse 30 segundos de vida
Queria passar olhando nos seus olhos”.
Contemporaneidades (keidylee.blogspot.com)
Não gosto de pessoas, das multidões,
Tampouco fazer amigos. Eu detesto fazer amigos!
São poucos os que conseguiram quebrar minha barreira.
Bem poucos.
Poucos mesmo.
Meu quarto, minha caneta e papel me bastam.
Não gosto de conversas para conhecer pessoas,
Perguntas bobas, convites...
Não gosto de pessoas.
Eu detesto coisas contemporâneas,
Causam-me um nojo enorme
Prefiro beber vinho, ler e fingir que vivo no ano um.
Minha vida passada foi no ano um.
E quando conversam comigo pela primeira vez,
Rolam duas ou três palavrinhas de minha parte,
O restante é observação, não das pessoas, mas do complexo.
Nunca uma pergunta!
Detesto responder e fazer perguntas de pessoas que nunca vi.
E são perguntas bobas, cansativas.
- O que gosta de fazer?
Ah! Eu não gosto de responder.
Poucos conseguem sobreviver ao pouco diálogo
E ainda sim gostar de mim.
Eu detesto fazer amigos.
Eu gosto de coisas diferentes,
Detesto as pessoas que me agradam por conveniência.
Amigos são bem poucos,
Os que realmente confio são meus amigos.
Minhas Certezas (keidylee.blogspot.com)
De todas as coisas que juro ter nessa vida
Poucas são as que realmente tenho
As que eu sei: são minhas e das quais pertenço.
São poucos os fatos que considero
Poucas pessoas e objetos
São bem poucas minhas certezas.
Já andei duvidando de coisas que não podia
Confiando em coisas que não mereciam
Precavendo-me excessivamente por medos passados.
Já andei parando pra pensar
Quando os fatos queriam que eu andasse
E fui impulsiva quando na verdade deveria está intacta.
Andei fazendo balanços relevantes
E cada vez mais concluo
Que são poucas as minhas certezas.
Contáveis certezas,
Deus, a primeira delas.
E você.
Se eu já andei conquistando alguém por ai,
Isso ocorreu sem intenção.
Não é de mim fazer juras intencionais.
Eu te amo!
Amor Repreendido
Calou-se!
Diante de tanta frieza,
A demora de atos
Falhou-se!
Oh querida percebe agora
O que não me canso de dizer?!
Não há nada que possa fazer-lhe entender?
Entenda que eu te amo,
Que és única, querida minha.
Quanto mais eu ando
Mais volto no lugar de onde nunca sai
De perto de ti, querida.
Deve ser isso que faz com que entendamos
Quando se acha o amor eterno.
É querida.
Encontrei meu amor eterno.
Querida minha!
Mundo Virgem
Intimidade ao mundo
Que a lágrima não enxugou com amor
Dos altos lares e profundos
De minha alma que talvez esteja perdida.
Em luas sozinhas de qualquer galáxia
Um dia o mundo acabou
Meu silêncio se fez para sempre
Meu século passou
Minhas pregas na cara viverão
Por mais dois minutos apenas.
Meu copo está seco
Está em qualquer recanto imundo
Teu sorriso se mostrou para mim
Porém não gravei,
Perdi,
Eu não sei mais
Acabou.
Por Trás de Mim
Por trás desse meu sorriso há alguém chorando,
Por trás da luz duvidosa que meus olhos passam,
Há alguém cheio de dúvidas em relação ao tudo,
Há alguém que simplesmente não se entende,
Há uns olhos que não são o espelho da alma,
Pois se fossem, eu desprezaria tua pena.
O Teu Pranto
Estou por trás do teu pranto
Quando minha tentação impede de amar
Sensações sou empeça de tê-las.
Se veja livre de mim
É só beber água da fonte
Do monte de mim
Guardada para mim.
Estou por trás do teu pranto
Não se encoste mais
Não cobre o que não posso dar-lhe
Sou uma pobre semente
Sem amor.
Estou por trás de teu pranto.
Traição
Quando eu digo que não a trairei
Não é por respeito ao seu amor
Pois dele talvez, eu desconfie.
Não traio a minha dignidade
Porque ela está em mim
Eu não conseguiria viver enganado.
Teu amor pode só existir aqui,
É triste dizer isso.
Mas foram as coisas da vida
Que escreveram isso aqui.
Foram elas que me tornaram assim.
O Que Eu Quero?
Não quero muito,
Apenas um pedacinho
De papel
Com uma frase construtiva
Que eu possa ler
Quando quiser.
O Que Eu Quero? - Segunda Parte
Não quero muito
Apenas um banco de praça
Onde eu possa sentar,
Pensar e,
Escrever uma poesia.
O Que Eu Quero? - Terceira Parte
Não quero muito
Apenas um travesseiro
Onde possa encostar a cabeça
E soletrar meus sonhos.
O Que Eu Quero? - Quarta Parte
Não quero muito
Apenas o complexo
Justificado numa chuva doce
Pra que não molhe meus contos.
O Moço da Esquina
Eram seis e meia da manhã, ele estava se aprontando para o trabalho quando de repente escutou lá de fora algo que lhe chamou atenção. Ainda não dedilhou aquelas palavras como deveria e até como desejaria, mas algo em seu mundo parou e andou rapidamente, ele tentara acompanhar, mas de nada adiantava seu sentimento de perda e ganho. Trabalhou introspecto querendo ainda ter o pouco de nada ter. Queria ter o dom, a beleza que jurava estar na casa do vizinho. Ele queria mudar até o dia em que percebeu que não se entenderia de forma alguma. E continuou a viver com o peso silente de existir. Ainda não me contou o que aconteceu, ainda não sei o que havia escutado. Mas ele queria mudar o mundo e de tanto tentar acabou sendo modificado pelo mundo, mas não sobreviveu a tal e voltou a fazer do desentendimento seu fiel companheiro.