Katniss Everdeen
Olho para aqueles olhos azuis que nenhuma quantidade excessiva de maquiagem consegue deixar verdadeiramente mortíferos e me lembro como, não mais do que um ano atrás, estava preparada para matá-lo. Convencida de que ele estava tentando me matar. Agora tudo se inverteu. Estou determinada a mantê-lo vivo, ciente de que o preço será a minha própria vida.
Nossas mãos acham umas às outras sem maiores discussões. É claro que vamos entrar nisso como um único ser.
Nós, amantes desafortunados do Distrito 12, que sofremos tanto e desfrutamos tão pouco as recompensas de nossa vitória, não estamos procurando os favores dos fãs, não estamos agraciando-os com nossos sorrisos, ou recebendo seus beijos. Nós não queremos perdão.
Desde que acordei hoje de manhã, assisti a Cinna sendo brutalmente agredido, aterrissei em uma outra arena e vi Peeta morrer.
A sensação dentro de mim fica mais quente e se espalha pelo meu peito, percorre todo o meu corpo, braços e pernas, e vai até as extremidades do meu ser. Em vez de me satisfazer, os beijos têm o efeito oposto. Fazem com que minha necessidade seja ainda maior. Pensava ser uma espécie de especialista em fome, mas essa fome aqui é de um tipo totalmente diverso.
esse plano muito bem-detalhado do qual eu era uma peça, assim como estava destinada a ser uma peça nos Jogos Vorazes. Usada sem consentimento, sem conhecimento. Pelo menos nos Jogos Vorazes eu sabia que estava sendo um joguete.
O pássaro, o broche, a canção, as amoras, o relógio, o biscoito, o vestido em chamas. Eu sou o tordo. O que sobreviveu apesar dos planos da Capital. O símbolo da rebelião.
Ninguém em sã consciência me deixaria fazer algum plano. Porque, obviamente, não consigo distinguir um amigo de um inimigo.
Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho dezessete anos. O meu lar é o Distrito 12. Participei dos Jogos Vorazes. Escapei. A Capital me odeia. Peeta foi levado como prisioneiro. Imaginam que ele esteja morto. Há uma grande chance de ele estar morto. Provavelmente é melhor que esteja morto...
Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho dezessete anos. Meu lar é o Distrito 12. Eu participei dos Jogos Vorazes. Eu escapei. A Capital me odeia. Peeta foi levado prisioneiro. Ele está vivo. Ele é um traidor, mas está vivo. Eu preciso mantê-lo vivo...
– O presidente Snow diz que está nos enviando uma mensagem? Bom, tenho uma para ele. Você pode nos torturar e nos bombardear e queimar nossos distritos até que eles virem cinzas, mas está vendo isto aqui? – Uma das câmeras segue o local que eu aponto com a mão: as aeronaves queimando no telhado do armazém em frente a nós. A insígnia da Capital em uma das asas brilha visivelmente em meio às chamas. – Está pegando fogo! – Estou gritando agora, disposta a ter certeza de que ele não perderá nenhuma palavra. – Se nós queimarmos, você queimará conosco!
Parei de falar porque realmente não há mais nada a ser dito e há uma espécie de dor pungente onde meu coração se encontra.
Qualquer pessoa? Na visita de Snow antes da Turnê da Vitória, ele me desafiou a apagar quaisquer dúvidas de meu amor por Peeta. “Convença a mim”, disse Snow. Ao que parece, sob aquele céu quente e cor-de-rosa com a vida de Peeta no limbo, eu finalmente o convenci. E ao fazê-lo, dei a ele a arma de que precisava para me quebrar.