Katia Lima
Gosto de observar as colegas numa viagem a trabalho e vejo que somos todas iguais. É interessante ver todas aquelas mulheres bem vestidas com suas pastas e notebooks saindo do hotel para mais um dia de reunião. Todas bem preparadas, com títulos acadêmicos e uma carreira. Profissionais da Educação prontas para mais uma formação, em busca da melhoria da qualidade do ensino no estado de SP. Todas prontas para discutir teorias, metodologias, práticas educacionais mas que não começam o seu dia sem antes ligarem para as suas casas, seus maridos e filhos pra ver se está tudo certo. Se dormiram todos bem, se comeram, se as crianças foram para a escola e se a casa está em ordem. É engraçado ver como todas aquelas profissionais se desmancham falando com seus filhos por telefone e como as despedidas se prolongam até o último segundo antes de desligarem seus celulares porque a reunião vai começar. Começam o trabalho e ao mesmo tempo em que participam das discussões e fazem suas anotações, desviam seu pensamento olhando para os relógios, lembrando que precisam ligar pra casa mais uma vez pra saber se as crianças voltaram bem da escola, se almoçaram direitinho e que não podem esquecer das lições de casa. Só depois de terem certeza de que tudo está bem em casa é que elas saem para almoçar em algum restaurante e comem rapidinho na esperança de que dê tempo ainda de comprar um presentinho para os filhos antes de recomeçarem o trabalho. No fim da tarde, a caminho do hotel, aproveitam mais uma vez para procurar presentinhos porque é quase impossível comprar na hora do almoço. Passam muito tempo procurando algo que realmente signifique "Pensei em vc o tempo todo" e o tempo fica curto demais!
À noite, antes de dormirem naquele hotel frio e sem graça, sem ouvirem as vozes ou sentirem o cheiro de casa e sem poderem colocar seus filhos na cama, ligam para casa novamente tentando fazer com que aquele "boa noite" por telefone leve à família o carinho de um beijo cheio de saudades.
Tentam dormir rapidamente para que as preocupações e até aquela culpa por estarem longe desapareçam logo mas não sem antes pedirem a Deus em oração que proteja suas famílias.
Enfim, somos profissionais, competentes, encontramos nosso espaço no mercado de trabalho, mas com toda a evolução da mulher na sociedade, lá no fundo, nossa essência continua sendo a mesma: somos donas de casa, esposas e mães. Nascemos para cuidar e para proteger. Não há como sermos boas profissionais sem antes sermos o que Deus planejou para nós; sem antes sermos simplesmente mulheres.
Quando eu era criança e corria pra cama dos meus pais por causa de um pesadelo, ou quando ficava doente e com medo, tudo mudava, ficava mais leve quando meu pai me abraçava e dizia: "Filha, o papai está aqui!"
Era nele que eu encontrava segurança pra dizer aos meus problemas: "Escutaram? O meu pai está aqui e vai acabar com todos vcs!!"
Cresci. Agora diante das minhas angústias adultas ele diz: "Vc precisa me dizer o que está acontecendo pra eu poder te ajudar!" Claro que as palavras dele mudaram, são menos infantis mas eu ainda ouço a velha frase: "Filha, o papai está aqui!" E novamente eu olho para os meus problemas e digo: "Vcs entenderam, né? Já conhecem o meu pai!"
Pais... são anjos! Acho que Deus os criou para que a gente pudesse experimentar um pouco do que é o Seu próprio amor. Enfrentando os problemas da vida e experimentando o Seu cuidado, a Sua providência e a Sua direção, apesar das minhas imperfeições, Ele me mostra a cada dia o quanto me ama. Ouço nítida e clara, mesmo através das pequenas coisas, a doce voz do Senhor me dizendo aquela frase tão familiar: "Filha, Eu estou aqui!" E então eu olho meus problemas e não preciso dizer nada. Todos imediatamente passam a ser apenas experiências.
Obrigada, pai, por me mostrar Deus através da sua vida!
Obrigada, Senhor por poder Te chamar de PAI!
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. (1 Pedro 5:7)