Kátia de Souza

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A vida e seus diálogos ...

Iludo-me pensando que sei
e assim sei o que ainda não cabe
preencho-me de algo que é nada
pois, é isso... nada sei...

Quando penso que sei
ali há o outro que vai além
disso que pensei saber
ilusório, este não sei
e base desse tudo e nada...

Por isso há o senhor
você, tu, o outro
pois também dentro do nada
sabe e cabe dentro do que sei
cala quando vê que sabe
fala quando o não saber não cabe

E assim crescemos, fazemos o saber
na troca do que não sabemos
na partilha desse nada
vamos conhecendo, transformando
por fim sabendo...

... que saber é movimento
diálogo entre eu e você!

Sobre a verdade ...

Quero o aconchego desse abraço por onde sinto, firmada além desse pilar que me firma e me contorna, além desse barco que nas ondulações flutua, no aguardo e de mãos postas!

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Quero o aconchego do meu tempo abraçando feito dia, a escola das auroras escorrendo feito noite, amanhecendo pequenina e orvalhando poesia!!!

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Sou extensa, fluida ...
... carrego em mim o oposto daquilo, a que me entrego em definição. Portanto, expandir é meu prazer, a metamorfose diante dessa sutileza que não tenho, é o que tenho de mais concreto e o intangível é o que me contorna!

Que o dia não nos seja traço, risco, marco...
seja ele habitado pela abstrata insegurança
de um poema sem letras

E ali, ouça-se em magia o que nos é único,
inteiro ... faroleiro, oculto em poesia!

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É preciso encanto no olhar
ao reino delicado da natureza,
lendo as sutilezas da vida,
vendo-se acolhido, entrelinhas

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como é difícil ao homem reconhecer a beleza e a sublimidade das coisas quando estas se refletem fora de si ou, pelo menos, quando pensa, ser fora. Talvez, seja porque em si mesmo não as reconheçam. Mas, são, e em todo ser espelhadas, por aí ...

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Aos olhos e ouvidos, sementes.
À terra, o germinar.
E à flor, florescer.
Conexões invisíveis, mas essenciais,
movimentos ignorados, não visíveis,
mas vivos e presentes aos que sentem!

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Faça uma viagem, retorne ao começo onde tudo é, onde és só, sozinho mesmo, de malas vazias e nu ...

saiba-te, sinta-te, acolha-te ...

e agora, recomece com tudo aquilo que ali encontrou:
malas vazias, nu e você, tão somente, você.

E se os "por quês" e "não é assim" vos chegar, sinta: estes, estiveram lá com você? Se sim, não haverá perguntas. Se não, não há resposta. Sorria dos moldes, a nudez é para quem viaja por dentro e ver requer esse passaporte.
Permita-se!

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É uma interrogação perene
que me faz continuar,
passar como quem passa íngreme
rumo ao sótão desse chão
tão firme, calado, dissolvendo-se
a cada resposta encontrada

... tal é o tesouro que me afortuna!

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À ela
todas as cores

refratária,
é palco exuberante

da luz,
dispersa em manto!

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"Amor em ação"

Rosa em gestos
preenche o olhar
colore a alma,
adorna o sorriso

dos espinhos às pétalas,

tua natureza,
é em nós, violeta ...
... à transmutar!

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Adormece a noite ...
... em festa

no céu, bailam ...
... pequenos grãos-cometas

e naquele olhar...
... brilham estrelas!

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Tô esvaziando as malas
soprando sutilezas
colhendo brisas
soltando poemas
em letras aéreas

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Tô indo embora
em busca do vazio que me acolhe
e em liberdade,
me permite voar ...

Semeastes tuas manifestações sobre esse solo, germinastes em faces e concedeu-me os frutos, nessas expressões. Hoje, lhe reconheço, recebo, aceito e sou grata! Em mim ouço-te... nítida voz em comunhão!

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sobre os cansaços
pousados entre as narinas
suspirei clareiras e vi
vestidas de cravos
as flores dos teus olhos
soprei levezas
acolhi em pétalas
meu campo conhecido
o teu jardim ...

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Oh! ouvido este que se amplia,
infinitos tons em ti acolhes,
quando a Vida em si permites ...
... ouves o Todo, sinfonia!

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Saber sentindo a vida e sua dinâmica em movimento, é acolher que nada é igual nesse agora. A continuidade da dança da vida, marca o presente com sua perspicaz coerência de jamais ser a mesma, portanto, tomar a si ou qualquer outra referência pelos passos marcados que os pensamentos traduzem, é querer parar a roda e fixar a fluidez da existência; acreditar na estagnação do "ser" e limita-lo ao tempo e espaço, inexistentes.

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E a luz se fez no coração dos homens
transbordando o que "é", calando os lábios,
sustentando os passos e orientando os gestos!

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Sou o que teu sopro traduz
no silêncio que me cobre
E na segurança do que só eu sei
em mim sou o inalcansável
aos teus dedos tão longe de ti!

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No crepúsculo de um sorriso
o brilho de um olhar se faz presente
quando presente está a segurança
confiança dos passos em Verdade
vestida além das letras
afinal, são estas apenas reflexos
das noites acolhidas pelas manhãs
orvalhadas sintetizam a fluidez
sentimentos que são poesias
contornadas pelas sombras de um poema!

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Em meio ao nada
do lado macio de quem olha
um sorriso entre lábios
confirma em confiança...
O que se sabe
a verdade se estabelece!

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Joias guardadas perdem o valor...
compartilhadas, embelezam a vida e revelam o tesouro que todos possuem!

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⁠Sinto que a vida precisa de mais coragem e menos disfarces; disfarces no sentido de usarmos certas posturas já "batidas, cansadas e manjadas" mostrando algo que na verdade, olhando bem, não é bem aquilo que se sente. Como por exemplo: preciso ser grato às minhas experiências anteriores e todos que de alguma forma fizeram parte da mesma. Sério? Precisa mesmo? Contudo, quer ser grato? E qual a diferença entre querer ser grato, ser grato e precisar ser grato?

Há outra postura que chega ser cômica se não fosse trágica nos tempos atuais. É aquela de que eu sei que "não quero mais estar naquela relação", mas não quero "fazer feio" diante do outro, então polida e educadamente falo algumas coisas para a pessoa que estou encerrando a relação, apenas para evitar dizer: "não quero mais" - simples assim. E o discurso polido vem de forma tão, mas tão vazia que é inevitável não sentir ou notar que é apenas disfarce. Simplesmente a relação desgastou-se, não há mais frequência, chegou ao fim, sei lá. E talvez não haja explicação porque nem tudo tem que ter explicação na vida, não sei se lembramos disso, mas assim é.

Assumir-se, tem sido algo difícil de encontrar por aí. Assumir o que se sente, o que se pensa e porque agiu ou age de determinadas formas. Não se assume, creio eu, porque não se assume nem mesmo pra si ou se julga tanto por dentro que não dá vazão para a coragem vir. Julga-se feio, pecaminoso, errado o que se pensa e sente, como se estivesse sendo ruim - julgamentos de toda sorte sobrevém sobre nós em muitos momentos e quando não vistos ou vigiados (estes julgamentos) estes, se tornam covardias e posturas polidas, máscaras desgastadas de uma sociedade que não consegue mais esconder sua hipocrisia. E gente, por favor né, vamos parar com a ingenuidade né... somos maldosos sim, fazemos muita coisa errada, somos feinhos por dentro em tantas coisas, imaturos, vingativos, preconceituosos, provocativos por coisas banais, chega de querer bancarmos os evoluídos.

E olha, você que se diz evoluído e que não faz parte dessa parte da humanidade que ainda carrega sua sombra junto, vou te dizer: tenho medo de ti porque teus demônios são tão desconhecidos por ti ou ignorados que quando estes vierem a tona para serem vistos, não terão piedade de ti, não. E assim como os ignorou, na mesma intensidade os mesmos se mostrarão.

Sei lá. Tenho lá minhas hipocrisias aqui também, mas sinto que isso já deu né. Tá na hora de retomarmos o barco, porém, de forma mais fiel a nós e mais honesta com a vida ou até quem sabe inventar novas hipocrisias porque estas já estão velhas e desgastadas, e como já disse, reafirmo: muito, muito manjadas. Afinal, hipocrisia que é hipocrisia, de verdade, não mostra sua verdadeira face e estas, de hoje, estão pra lá de transparentes; ninguém mais cai em seu engodo, a não ser que lhe seja conveniente.

A vida precisa de coragem, de pessoas se assumindo mais, de pessoas que realizam ou fazem acontecer não porque podem fazer, não porque o outro precisa que você faça.. a vida precisa disso e tudo mais implícito nessas linhas porque é vida e você, como representante da mesma, é responsável por isso, não mais e nem menos. E tenho dito.

Kátia de Souza - 22/01/2022

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