Karoll Bianna
Cadê, o projeto original?
Me lembro bem, que tínhamos um projeto original de amor e felicidade eterna. Mas o nosso sonhado esboço, durou apenas o tempo da borracha rasurar o papel, de tantas vezes, que mudamos para acharmos a perfeição daquele projeto.
E entre riscos e rabiscos, de toda a nossa história, o que ficou, foi à marca que a borracha deixou, que hoje eu chamo de saudade, no qual foi apagando lentamente, tudo o que estava escrito.
Mas e o nosso projeto original?
Onde foi parar?
Me diz!
Foi você?
Fui eu?
Ou fomos nós, que o perdemos?
Armadura da Felicidade
Não me importo com sua LÍNGUA AFIADA. Sou revestida de um metal chamado PROTEÇÃO DIVINA.
Tenho duas mãos, onde a esquerda chama-se FAMÍLIA e a direita, AMIGOS.
O que corre em minhas veias é um líquido chamado, BONDADE.
Tenho ossos com uma cartilagem única chamada SUCESSO.
Meus olhos nasceram com três lentes, que são nomeadas pelos três “P”: PACIÊNCIA, PROSPERIDADE e PERDÃO. Onde, juntando todas, posso ver claramente que você e sua língua podem até cortar, mas quem está machucado não sou eu.
Meu coração é coberto de uma carne chamada de CARIDADE.
Tenho pensamentos que possuem o filtro da SABEDORIA.
Meus ouvidos são surdos, não que isso seja ruim, é apenas por saber que a humanidade, apesar de ter dois ouvidos e uma única língua, consegue, não se sabe como, falar mais do que escutar. E diante disso não é necessário que eu escute nada. Posso muito bem me conduzir pelos outros sentidos.
Perante esses poderes que possuo, não há facas, nem punhais, nem espadas, nem diamantes, nem mesmo a mais afiada das línguas humanas, que seja capaz de me ferir.
Porque eu sobrevivo e alimento essa armadura, com três substâncias vitais:
Eu respiro DEUS, bebo “VIDA” e alimento “VOCÊ”!
De todas as rosas que colhi no jardim da vida, o amor foi a única que nunca precisei colher. Ele nasce em todos os lugares! Nas pedras mais duras, nos desertos mais secos e nas águas mais sujas, apenas para contrariar o que se dizem ser impossível.
A gente passa a vida inteira correndo atrás do amor, sem saber que ele está parado ali, olhando você correr.
Adestrador (Narração de rodeio)
Já domei touro bravo por mais de oito segundos.
Mergulhei rio na África com crocodilo faminto.
Comi escorpião sem ter que tirar o ferrão.
Do pólo Sul ao Pólo Norte, encontrei frio e relento. Brincava de guerra de neve, com ursos polares violentos.
Atravessei o Saara escaldante, pisando em milhares de serpentes.
Fiz corrida com tubarão pra passar o tempo dormente.
Dando banana aos Gorilas fui prendendo-os lentamente.
Leão nunca meteu medo nesse corajoso coração.
Até agora não encontrei fera que não se abaixe a esse domador paciente.
Animal nenhum no mundo me matou.
Que bicho é esse que me mata de amores loucamente?
E pela primeira vez o adestrador se rende entregando o seu coração, nas mãos de uma bela fera carente.
A criatura
Sou ferida em meu desespero, doente das loucuras que assombram meu coração. Desejos e sensações, espalhando pólvora dentro de mim. E me pergunto, quem será o palito que acenderá a essa explosão? Deixando alguns rastros profundos e outros que se apagarão com o tempo. Nessa angustia, eu anseio a uma criatura, do outro lado do rio. Chego ás margens, sempre querendo atravessar, mas nunca consigo. O medo da água, ou talvez o não saber nadar, entram em choque com todo o meu desespero, por desejar aquela fera, ali, na minha frente. Eu a vejo e a admiro em cada detalhe, que faz único seu ser tão magnífico, que enlouquece e acalma meu coração, desde que a vi. A criatura, e quase tudo que vejo, porque tudo em volta, já não tem a importância, que ela tem pra mim. Tudo se desbota, diante do meu ser desejado. Em meus pensamentos, apenas uma pergunta. Manter-me na margem, sabendo que jamais terei a fera, ou mergulhar de cabeça na correnteza do rio, tendo o alivio de saber, que ao menos tentei? Olhos fixos aos meus, penetrantes, mas não sei dizer, se ela quer que eu atravesse o rio por ela. Irrelevante talvez! Apenas preciso dizê-la, o quão linda és e como me encanta com sua presença. Necessidade para que saiba, que mudou tudo em que eu acreditava, no instante em que a vi. A dor, já se alastra dentro de mim. Não adianta! Melhor morrer tentando, do que a desejando. Junto tudo que tenho, tudo que acho que tenho, tudo que penso em ter. Força? Talvez seja isso, que espero juntar, para tentar minha ultima chance de tê-la. Me afasto da margem, corro e mergulho de cabeça no rio. A correnteza, o frio, as pedras, tudo parece apunhalar-me, a dor chega a um estado, que ultrapassa meu limite. Não paro, já não sei se tento, para não perder a vida ou se para ter a minha criatura. Meus gritos, traduzem meu desespero de chegar a outra margem. Mas já não consigo mexer-me . Aos poucos, tudo fica lento, a respiração já não absorve o oxigênio que necessito, meu corpo trava, meu cérebro para. Meu ser então fica indolor, mudo e surdo. O que aconteceu? Devo ter morrido. Não tem importância, ao menos tentei tê-la. Depois de um tempo na escuridão, uma luz bem pequena no final do túnel, faz com que eu olhe fixamente. Deve ser o céu ou o inferno, seja lá pra onde eu tenha que ir. Finalmente consigo abrir os olhos, mas vejo arvores, deve ser o céu, penso. O inferno não teria arvores, teria? Tento me levantar, mas sinto que cada pedaço do meu corpo, foi esfaqueado por milhares de facas. E tão obvio, volto a sentir as dores, a angustia, a loucura e o desespero. De repente, sinto um carinho. De quem é a mão que me afaga? Me viro e lá está a minha criatura. Não é o céu, é a outra margens do rio. Com seus olhos penetrantes e doce, aquela imagem, já me faz esquecer de tudo. Onde estou e quem sou? Não sei dizer. Irrelevante talvez! A fera, ali, diante de mim, tão perto, tão magnífica, tão linda. Levanto e me aproximo, somos um só naquele momento, pois não há necessidade de palavras. Bastou um único gesto para que a criatura entendesse, que tudo que fiz, faria de novo, pois é melhor “morrer”, do que jamais ter, o meu ser desejado.
"Aprenda: namorado que compete com suas amigas, não te ama de verdade. Homem que é homem sabe que toda mulher precisa de companhia feminina. Até mesmo para ajudá-lo quando ele precisa."
Me ensinaram quando criança, que só Deus pode julgar, mas com o passar do tempo eu descobri que no mundo, haviam mais "deuses" para julgar, do que humanos para pecar.