Karen Almeida
Nestes primeiros momentos de novembro, tenho sentido aquele alívio, como quem tem uma nova chance, como quem pode recomeçar as suas decepções. Essas que passam de mês em mês, nunca me abandonam.
E hoje todos dão adeus a outubro, esse mês que nada me acrescentou, diria. Aposto hoje, mais do que nunca, toda expectativa em mim existente neste novembro que já bate à porta e trás o cheiro de provável felicidade.
Por quê existem pessoas no mundo que não tem consciência da consequência dos seus pequenos gestos? Ah esses inconsequentes!
Que o brilho encantador do teu olhar jamais desapareça da minha mente, que se prolongue por muito tempo, que não tenha fim. É tão lindo, me faz tanta falta quando está longe, ah se faz!
Ele nunca foi o mais bonito, nem o mais romântico e encantador garoto, mas ele tinha algo que me prendia e eu não sabia o que era. Até hoje me prende, até hoje penso nisso, até hoje escrevo disso e continuo a não saber o que era.
Não se deixe levar por belas palavras, garota. Se gosta tanto assim deste encômio, que vá ao dicionário, ele lhe mostrará vocábulos muito mais lindos que estes, e não lhe fará mal algum.
Por mais que eu tenha esse jeito todo falante, eu sou tímida demais pra negar um “eu também” pra quem diz que me ama. Tenho que voltar pra fase de aprendiz do amor, se é que ela existe. Estou fazendo tanta coisa errada.
Eu já cansei de tantas lágrimas no chuveiro por ele, chega de tanto chorar por uma pessoa que não merece nem um quarto, nem nada dessas gotas que me escorrem. Se ao menos um shampoo daqueles “no more tears” ajudassem, mas não. Meus olhos estão irritados pelo que eles veem, e o que eles veem chateia o coração.
Esses olhos que te olham no fundo não contém essa alegria toda que vê, é só ter um pouco de sensibilidade que verás o quão tristes são. São porque nada os motivam a sorrir verdadeiramente, nada os movem para a sincera felicidade.
Um dia saberás que as palavras que profere, me marcam profundamente. E marcam como se fossem pressionadas a ferro quente sobre a pele, formam meus estigmas. Guardo todos aqui, no canto mais escuro do coração.
Esse vento que chicoteia meu rosto me faz lembrar de você. Me faz vir à memória o dia em que chicoteou meu coração. O maltratou tanto que desejei nunca mais vê-lo, mas aqui estou eu, o desejando novamente.
Desde o início declarei que sabia dos teus desconcertos, doce ilusão. Eu de nada sabia. Eram dezenas, milhares ou milhões de vezes, não querendo dramatizar, maiores do que a minha mente podia idear. Nem precisa citar o resultado né, logo de início já percebe-se que literalmente quebrei a cara.
Não adianta, por todo e qualquer lugar que eu vá, sempre encontro algum vestígio teu, de alguma história que passamos juntos. Daí surge a saudade, que fala cada vez mais alto aqui dentro. Alguma hora ela vai ter que se decidir, e eu não quero nem ver quando chegar essa hora.
Eu sei que eu tenho estigmas difíceis de curar, são aqueles detalhes que não quero esquecer e que todo ser que o soube faz questão de lembrar.
Ando imaginando as coisas antes de acontecerem, nada sobrenatural, é só uma forma de me preparar para as notícias que hão-de vir.