Juliana Rossi Cordeiro
Para mais alto voar
Precisamos de se livrar
De alguns pesos desnecessários
Mesmo que haja laços de sangue
As vezes é preciso desapegar
Daqueles que te olhar só pra criticar
Aqueles que estão há espera de um tropeço seu
Os que não se alegram com suas conquistas
Que nada tem a lhe acrescentar!
E hoje resolvi mudar
E desses pesos me livrar!
Lute, Levante
E siga a diante
Não espere
que o acaso
Aconteça
Plante a semente
Depois regue
E então, espere.
Que por fim você colhe!
Olhando sempre em frente
Amor versus paixão
O Amor é perfeição
Promove a união
Enquanto a paixão
Só causa divisão
Paixão é doença
Pura obsessão
Como uma gripe
Entope o coração
O Amor é pacifico
É prazerosa abnegação
Doce renuncia,
Traz leveza ao coração
A paixão é tempestade
Amor é brisa
Paixão talvez acabe em amizade
O amor com afinidade
Paixão é chama
Amor é brasa
Paixão inflama
Amor é casa!
Desmancho-me
Em palavras
Transformando-me
em poeta
Escrevo,
Seja por fuga
Ou paixão
Ou também por diversão
Se me calo
Desmancho-me
Em lagrimas
Escrever me consola
Dá-me asas
Quando escrevo
Sou livre
Meu defeito
É ser intensa
Pois carrego no meu peito
Um amor imenso
Esse defeito
É que faz a diferença
Não me doo pela metade
Quando amo, sou inteira
Compro as brigas
E vou à luta
Mais tenho outro defeito
Sou justa,
Tenho esse direito
E sei que sofro o seu preço!
De você desistir
Foi minha melhor opção
Pois por que persistir
Em quem só maltrata meu coração?
No começo vou sofrer
Mais com o tempo vai passar
E a minha vida
Eu vou recomeçar
Fecho os olhos,
E puxo o gatilho da alma
Expulso pra fora sentimentos
E isso me acalma
Talvez seja minha sina
Escrever, esvaziar-se
Pois me alivia, como morfina
Quando você lê Minh’ alma
E suspira, ou sorri
O prazer é imenso,
Pois toquei sua alma
E sinto que meu alvo
Eu atingi!
Devaneios
Não consigo me concentrar
Minha mente corre sem freios
Já não sei mais oque é real
Ou puro devaneio
Aves de rapina voam sobre mim
Olhando-me como alimento
Parece um pesadelo sem fim
Engulo o choro, e lamento
Percorro do inferno ao céu
Meus medos, e anelos
Provando do mel e do fel
Em um universo paralelo
Porém, meu maior receio
É perder-me de vez
Nesses devaneios.
Seu olhar
Seus olhos insanos
Penetram minha alma
Desvenda meus fetiches
Tira totalmente minha calma
Seu olhar me prende
Domina-me
Faz-me tua
Seu olhar
Entorpece-me
Falta-me o ar
A razão,
Deixa-me dopada
Pela emoção.
Refletindo em meus medos
Que se escondem nas profundezas
Do meu intimo
Revelam-se, tristezas e friezas
Que sofri na infância
Traumas e desafetos
Rejeição e exclusões
De pessoas de meu sangue
Das que eu esperava aceitação
Sobrevivi a isso
E aprendi uma lição
Tem de partir de mim
Primeiramente a aceitação
E e então posso sobreviver
E veja no que me tornei
Melhor do que tudo que passei
Hoje sou poeta
Sou filha,
Sou mulher, amante
Companheira, amiga, mãe
Transformei minha dor
Em algo que me faz bem
Amadureci
Cresci
Sobrevivi
E não vou nem quero
Desistir!
Por que escrevo
Escrever me liberta
Dá-me asas para voar, alto
Sem medo da desigualdade
Da falta de tolerância
Sem se preocupar com julgamentos
Escrevo em prosa
Ou em versos
Com ou sem rima
Quando escrevo
Solto os pássaros
E as borboletas,
Soltos os ratos e
Os escombros,
Exorcizo a mente
Escrever me faz livre,
Faz-me infinita
Imortal!
Palavras
Palavras ferem
Palavras mutilam
Esquartejam e destroem
Palavras matam
Palavras penetram a alma
E nesse alcance ela é forte
Cuidado não as use como armas
Use palavras que conforte
Palavras que curam
Palavras que acalme
Palavras que edificam
Palavras que animam
Palavras de paz.
Oscilações
Essas oscilações
Levam-me aos extremos
Passando amor ao ódio
E sempre causa complicações
Passo da lucidez
A insensatez
Da insanidade
A razão e verdade
Egoísmo, a autodestruição
Autoestima e insegurança
De repente delirante
De repente me fecho
Tranco tudo
Sumo
Sou brisa
E furação!
Hoje estou fora do ar
Por tempo indeterminado
Estou totalmente fora de mim
E não sei se isso é errado
Estou fora da razão
Fora de foco
Estou fora dos padrões
E não sei se eu volto
Por que não aceito
Não concordo
Por que estou fora do ar
Por tempo indeterminado
Envelhecer
O corpo encurvando
Os cabelos grisalham
A pele enrugada
E o cansaço, que desanima
Os olhos embaçando
Os dentes caindo
As pernas cansadas
E dores nas juntas
Mais a mente quer correr
Saltitar, dançar e amar
A mente quer viver
Mas o corpo quer morrer!!!
A maioria das pessoas quer liberdade, mas não querem aceitar que junto com está precisa-se de responsabilidade!
Espalhe coisas boas
Flores, poesias, sorrisos
Perdão, amor, abraços
Amizade e verdade ,
Afinal, o mundo carece
E a gente merece!
As aparências
Ouro de tolo já dizia Raul
Parece tudo perfeito
Bom emprego, tudo azul
Fotos de família que causam efeito
Só aparências, nada mais
Com o tempo você consegue ver
Já não se engana, nem acredita mais
Aprende a enxergar além,
Porque entre quatro paredes
É pé de guerra e desrespeito
Seja como entenderes
Esse é o defeito,
Não passa de aparências!
Mente versus coração
Quero, mais não posso
Posso mais não devo
Tudo permite o coração
A mente barra alguns desejos
Se ouvir minha mente
Agirei pela razão
Se deixar o coração guiar
Posso até cair em contradição
E a razão é concreta
O coração é abstrato
E eu não posso negar o fato
De que o coração é mais insistente
E certamente mais atraente
Minha mente está em guerra
Com meu coração!
Tenha opinião própria,
não se deixe ser manipulado pelos outros,
tire suas próprias conclusões
não acredite em tudo que você ouve,
veja com seus próprios olhos, e lembre-se
Quem muito fala dos outros pra você,
fala de você para os outros!
Um poeta é como um camaleão
Tem habilidade de se adaptar
Porque tem uma grande percepção
Uma sensibilidade nata, de observar
E sua empatia faz escrever e falar
Em primeira pessoa, eu,
Do que talvez seja seu
É como um psicólogo
Que está sempre a analisar
Um antropólogo
Estudando a totalidade humana
Que sente as dores e alegrias
Suas, minhas, e de quem o lê
E essa habilidade assusta
Quem não gosta de se olhar
Aos que têm medo da intimidade
Poucos gostam de ser tocados
Com tamanha afinidade
Mas eu insisto, permita-se
Por dentro olhar-se
Pode ser assustador,
Mas eu garanto...
Que é também libertador!
É quando estou no fundo do poço
Que me vem inspiração
Sinto arrepios até o osso
Olhar pra cima é a solução
Sozinha nesse poço
Sinto-me vazia
Poço seco
Ego oco!
Sinto sua falta
Falta de nossas conversas
De nossos desacordos
Falta de rirmos e chorar juntos
De lutar e sonhar
Sinto falta da sua amizade
De como você me completava
De nossas diferentes opiniões
Sobretudo do respeito;
Sim, sinto falta do respeito
O respeito mútuo
Que avia entre nós
Quando você não usava
Contra mim minhas fraquezas
Meus medos e segredos
Sinto falta de quando me amava
E precisava de mim.
Espero que nos reencontremos
Reconhecemo-nos
E acima de tudo nos respeitemos
Estou aqui, e você?
Desistiu de nós?
Que o tempo tenha a fineza
De me responder.