Josie Conti
Um dos riscos que a experiência de vida nos traz- e que age de forma contrária à maturidade- é passarmos a ver as pessoas através de algumas de suas características mais marcantes criando um pré-julgamento quase imediato. Nossas experiências e repertórios anteriores podem nos ajudar em julgamentos defensivos, mas também podem trazer generalizações e categorizações prévias que nos impedem de ver a nova pessoa dentro de sua totalidade. Sempre me fiscalizo com relação a isso. Considero um bom exercício de humildade em prol da verdade.
Sempre que corro o risco de me perder na mesmice e no senso comum, olho ao lado e percebo a genialidade daqueles que estão ao meu redor. A genialidade mora na diferença de crenças, perspectivas e abordagens, mas não só nisso. A genialidade está naquele pequeno espaço de intersecção entre o rotineiro e o novo- podendo ser o que nos causa riso, estranheza ou até repulsa. Ela é a embriaguez da rotina que permite a criação daquilo que ainda não existia para mim, mesmo que já existisse para o outro. Genial é aquilo que abre as portas para a recriação interna e que revela a beleza do avesso
O maior aprisionamento das pessoas acontece por trás de uma busca ilusória por segurança. Escondendo-se de um perigo, essas pessoas criam suas próprias grades.
CONSTATAÇÕES DA REALIDADE (o retorno)
_ Pessoas pobres em sua conduta laboral são sérias candidatas a "Síndrome do Pequeno Poder", pois sentem-se infelizes em suas atividades, engolem coisas que não gostariam, fazem o que não querem, e depois descontam suas frustrações em pessoas que estão hierarquicamente abaixo delas, são grosseiras com colegas ou mesmo, depois do trabalho, são agressivas e intolerantes dentro de casa.
-- Por se nivelarem por baixo, essas pessoas temem doar-se. É como se todo e qualquer ato de gentileza ou mesmo altruísmo pudesse lhes amputar um braço. Visitamos serviços e sentimos a má vontade com que nos atendem. Percebemos o pavor que sentem ao receber uma tarefa nova. Arranha-nos o apego mesquinho que demonstram com relação a alguma informação que já adquiriram, justamente por não perceberem que quem vive em ambientes gentis troca o tempo todo e não precisa se apegar a pouco;
- No final das contas, a média da qualidade na prestação de serviços nas mais diversas áreas é tão baixa que as pessoas têm perdido a grande chance de perceber o quanto é fácil se destacar no meio da mediocridade.
Fotografias sempre foram capturas de instantes, mas estão longe de ser a vida como ela é. Por trás da imagem paralisada está a vida em movimento.
Diversas tribos indígenas temiam a imagem capturada, pois achavam que sua alma ficaria presa naquele papel. Hoje, o "fake" surge da confusão entre o momento estático e o tempo que flui. Há quem segue o movimento e quem vive fixado no ilusionismo da captura. O que antes parecia ingenuidade nos índios se tornou realidade: para onde olho vejo almas presas em fotografias enquanto suas vidas passam. A imagem deixou de ser lembrança para o futuro e passou a ser a essência do momento.
Algumas ações que retiram a credibilidade de qualquer um:
- não dar crédito às pessoas que ajudam em um projeto;
- copiar o projeto de outras pessoas ao invés de trilhar seus próprios caminhos;
- dizer que fará ou resolverá algo e não honrar com o compromisso, sendo esse comportamento algo contínuo e não uma exceção;
- dar desculpas esfarrapadas para falhas pessoais óbvias. Nesse caso, além da falha do ato, a mensagem ainda é de que o outro é um bobo que cairá na conversa fiada;
- falta de humildade ao lidar com pessoas da convivência- e principalmente com desconhecidos. Isso mostra arrogância e baixa inteligência emocional;
- achar que as pessoas têm obrigação de servi -lo, limpar sua sujeira ou mesmo pagar suas contas;
- tentar empurrar convicções pessoais goela abaixo de quem pensa diferente;
- achar que quem pensa diferente está errado e julga-lo ingênuo por isso
Constatações de domingo
- a pessoa bonita, dentro do que a sociedade espera, pode perder o seu encanto em segundos caso não seja uma pessoa interessante. Já a pessoa interessante, a cada segundo que passa, torna-se mais bonita aos nossos olhos;
- saber conversar não é saber exibir conteúdo aprendido anteriormente. Sabe conversar aquele que troca, adapta e constrói novos conteúdos nas mais diversas situações e entre as pessoas mais variadas, mesmo que para isso mencione conteúdos anteriores;
No final das contas, você não é bonito porque tem beleza ou é sábio porque tem conhecimentos. Ao contrário disso, você pode ser bonito e sábio apesar de sua beleza e de seus conhecimentos.
Por mais humana que seja uma posição de chefia e/ou liderança, ela sempre será solitária. Ela é solitária porque exige escolhas e tomadas de decisão. E, para toda escolha e decisão tomada, existem aqueles que se sentem apoiados e outros que se sentem injustiçados. Às vezes a justiça de uma maioria é a injustiça de uma minoria. Às vezes, também, a minoria é que é injusta com o todo. Mas, no final das contas, o alvo do descontentamento sempre será o líder, seja porque a pessoa que se julga injustiçada acha que o líder não tem razão. Ou, pelo contrário, o ataque pode ser direcionado a ele justamente por ele ter razão. Líder mesmo será aquele que aguentar não ser amado o tempo todo.
Imagine você no colégio assistindo uma aula de português. Entra um professor de matemática e começa a dar aula. Ele sai e volta o de português. Ele para e entra um de geografia. Ele mal começa e entra um de química. Estanho isso? Pois é o que fazemos durante nosso dia enquanto tentamos realizar múltiplas atividades ao mesmo tempo. Como algo assim poderia dar certo? Pois é dessa forma que desperdiçamos os nossos dias na modernidade. Pode mudar o que for, mas o nosso cérebro ainda pede uma coisa de cada vez e se desgasta enormemente cada vez que temos que mudar de foco e recomeçar. Ao contrário da eficiência que quem faz isso julga ter, a única coisa possível é acumular erros, lapsos de memória e chegar a exaustão no final do dia.
A empatia é uma das únicas capacidades que nos salva de generalizarmos nossas verdades pessoais em detrimento da realidade que é fornecida pelo outro.
A competição incentiva o individualismo e o individualismo permite a crueldade quando deixa de ser olhos- e controle social ético- para o que acontece ao redor.
Um dos maiores problemas de uma alta porcentagem das pessoas que têm a inteligência acima da média é que o fator que as diferencia também as exclui. No fim das contas vemos pessoas muito inteligentes intelectualmente, mas que trazem consigo a imaturidade emocional daqueles que não interagiram de forma adequada com seus pares. Olham com desdém para as pessoas que descrevem como inferiores, mas no fundo tudo o que mais desejam é ser reconhecidos por elas. São superiores em muitos aspectos, inclusive em sua solidão e arrogância, um dos principais mecanismos de defesa. A taxa de suicídios é bem alta também. Ou seja, acaba sendo uma vida bem triste se não existir um trabalho muito bem feito na escola e na família. No final das contas somos e sempre seremos seres sociais. Toda vez que isso nos é retirado os estragos são imensos.
"Diz o ditado popular que 'Quem tem boca vai a Roma', mas a boca que vai a Roma tem muito mais do que a capacidade de falar. BONS COMUNICADORES SÃO BONS TRADUTORES. Quem sabe se fazer entender alcança o próximo exatamente onde ele precisa ser alcançado para poder crescer e dar um passo além. Quem tem real intenção de se fazer entender não se esforça para 'falar bonito' onde o espaço é simples. Quem quer ser entendido dispensa jargões que excluem, gesticula, simplifica sua linguagem, explica e até desenha- caso isso seja preciso. Quem tem a boca que vai a Roma alcança o outro apesar de si mesmo e de seus privilégios ou limitações simplesmente porque olha sinceramente para o seu objetivo. Quem quer chegar no outro, mesmo que para ensinar, primeiro tem que tocar esse outro em sua essência sem ignorá-la ou depreciá-la. Quem tem a boca que vai a Roma sabe que esforçar-se para chegar ao outro é ser ponte e derrubar muros: os muros externos e os muros internos."
Duas coisas me preocupam por suas consequências:
_ a falta de elogios que retiram a motivação de quem faz algo bem feito;
_o elogio não merecido que ilude e atrapalha a percepção das limitações reais da pessoa.
Senso de humor é um dos maiores indicativos de inteligência que eu conheço. A abstração necessária para recriar fatos e analisá-los sob outras perspectivas indica alta criatividade, adaptabilidade, além de repertório vasto. Acumular informações não é inteligência, é memória boa. Já a aprendizagem é a capacidade de transformação do que se absorveu anteriormente. É construção e mudança de conceitos. É alteração de comportamentos e melhora de vida.
O problema da "parte que falta" é que o preenchimento é ilusório e temporário, mesmo quando é bom. É a falta que nos mantém em movimento. É no desejo e na busca que permanecemos sonhando e construindo o nosso amanhã.
A seriedade e o foco são importantes para que tenhamos a persistência e a rotina necessárias para alcançar objetivos, entretanto, se olharmos nossas vidas apenas com os óculos da responsabilidade, corremos o risco de levar uma vida séria demais. E, onde sobra seriedade, pode faltar felicidade!
Estatística indica maior ou menor incidência ou probabilidade, mas não regra absoluta. Cuidado com as generalizações. Justiça é uma coisa, estereotipia é outra.
Morar em cidade pequena tem muitas vantagens, mas poucas delas superam poder sair a noite despreocupada, sentar com os amigos no banco da praça e conversar por horas e horas sobre tudo e sobre nada.