José Paulo Santos
Vamos para um lugar qualquer
E se a vida connosco vier
Viajaremos sem destino
Seremos o que ela quiser.
Continuo a aprender e a crescer,
porque há sempre algo que vem agitar
aquilo que ainda não consigo SER.
Se o texto semeia e a leitura insemina, certamente acontece uma gestação atribulada e serena, agitada e pacífica em ti, e darás à luz a mais bela obra de ti mesmo.
Viva, Mulher!
A melhor forma de celebrar o Dia Internacional da Mulher é estar junto dela, é ser cúmplice, é senti-la feliz, é ver o sorriso no rosto e a alegria de viver, é dar a mão numa dança sem fim, é erguer a taça da festa cada dia... é dizer sim e dizer não com carinho e ternura, é cantar a vida num só dia!
Viva a ti, Mulher!
Ter Medo é Um Antídoto
Se tenho medo? Tenho. Seria irresponsável, se não o sentisse. Ter medo é natural. Assumo-o, vivo-o e por isso procuro informação fidedigna e clara sobre a situação dramática que vivemos hoje.
E tenho medo pelas minhas filhas; medo pelos meus amigos; medo dos irresponsáveis; medo daqueles que ainda não compreenderam a dimensão da pandemia; medo da ignorância; medo dos que dizem não ter medo.
Sou pai e tenho medo. Sou Homem e tenho medo.
Então, procuro zelar por mim, por quem amo, por quem necessita de aconselhamento, de palavras e atos de quem tem medo, mas que toma atitudes responsáveis, altruístas, sensatas.
Tenho medo e farei tudo o que for possível para dar o meu apoio, o meu carinho e todo o amor, num momento quem que precisamos de todos!
A Humanidade precisa de pessoas que sabem ter medo e que agem em prol da Vida Humana!
O medo pode ser a vacina que precisamos para atuar com inteligência, eficiência e com cautela!
"Viveu com paixão?"
era a pergunta que os gregos faziam, quando alguém morria...
Vivamos com paixão.
FILHOS, AGORA É A VOSSA VEZ
Filhos, agora é a vossa vez:
Cuidai dos vossos pais!
Sejam vocês mais responsáveis
E mostrem o vosso amor
E capacidade de iniciativa
Autonomia e liderança!
Façam as compras
Vigiem os estado de saúde deles
Atentai aos seus sintomas
Sejam corajosos e valentes!
Cantem, dancem com esperança
Protejam os vossos pais
Protejam os que vos amam
Lutem hoje pelo amanhã
Lutem para serem maiores
Lutem para serem melhores
Porque agora é a vossa vez!
Lisboa-me, meu amor. Lisboa-me de Tejo. Lisboa-me de Fado e Mouraria. Lisboa-me na luz e na calçada. Lisboa-me de noite e de dia.
Lisboa-me, amor, Lisboa-me!
Ainda sou do tempo, dizia ele, em que não havia tempo. Todo o tempo era meu. Tinha todo o tempo do mundo para mim. Para ti. Para nós. Dizem, agora, que o tempo foge. Que não há tempo. Que seria preciso mais tempo ao tempo. Que o tempo não chega. E chega então o tempo do fim do tempo. Trata-se o tempo como um inimigo. E o tempo só existe no tempo que lhe dás. Eu e tu existimos porque o tempo nos deu o tempo de viver.
Vive. Ainda vais a tempo.
Quando chegaste ainda não éramos. Foi preciso começarmos a ser para existirmos. E devagar, bem devagarinho seguimos pela estrada. Estradas diferentes. As existências fazem-se por estradas que fazemos, de alcatrão sujo e brita pontiaguda. Pés exangues, por vezes. De fadiga e esperança, de alma cabisbaixa e bonança, a estrada vai-se ladeando. Colhemos e desapegamos. Avançamos e deixamos para trás. Paramos e andamos, mas parados andamos. E chegamos, um dia. Assim, sem esperar, como se houvesse um terceiro dia. Ainda não éramos e, no entanto, poderíamos então sê-lo. Juntos. Fizemos estradas de iluminação até à madrugada.
E somos. Já somos uma nova estrada de duas vias, indo na mesma direção.
De mão dada, somos a estrada.
O amor uniu-os e foram viver num pequeno poema, na rua da poesia. Nasceram poemas. Tiveram de alugar um poema maior para abrigar a família de poetas. Cresceram e foram estudar na universidade da poesia. Eram tantos os poetas. Ali aprenderam o sol, o vento, o mar, o canto das aves e o amor. Envelheceram juntos num poema e morreram por poema naquele pequeno poema onde outrora o Amor nasceu. Na Rua da Poesia.
Aconcheguei-me a um quarto de mim
E para ti deixei três quartos de liberdade
Para em ti encontrares o teu abrigo
— Somos a casa: estás comigo.
Um dia, descobrirei no fundo da arca das palavras as mais belas sedas das sílabas. Prometo encontrar os arrepios da pele na pluma das brisas.
Quando chegar esse dia, poderei então tecer as tuas noites com fios de lua. Moldarei o planisfério na espuma do teu corpo com melodias de estrelas e cometas.
Um dia, do fundo da arca das tuas palavras.
2017