José Carlos Fineis
Toda relação baseada apenas no utilitarismo (em que essa pessoa pode ser útil para mim?), seja amorosa, familiar, de trabalho ou de organização social, está fadada ao fracasso. Há que se valorizar as pessoas pelo que elas são, sentem e pensam, por seu caráter, suas vivências e sua integridade; não apenas pelo que produzem ou são capazes de fazer.
Vivenciar Jesus Cristo no dia a dia, com atitudes mais do que simples palavras, é jogo duro. Cristo é radical, visceral, não comporta meios-termos. Diz que devemos servir, acolher, sem julgar. A fazer o bem sem segundas intenções. A amar o estranho como amamos a um irmão. A doar o que temos para os pobres. A deter nossa a caminhada para socorrer um desconhecido. Ser cristão é muito difícil. Talvez por isso, muitos dos que se dizem cristãos se apegam aos santos, enquanto outros tantos se refugiam no Velho Testamento – cujas leis, por sinal, Cristo aboliu. São tentativas, talvez inconscientes, de agradar a Deus sem abrir mão do egoísmo e da vaidade, passando ao largo do próprio Cristo e de tudo o que ele ensinou.
Vivenciar Jesus Cristo no dia a dia, com atitudes mais do que palavras, é jogo duro. Ser cristão exige renúncia, doação. Talvez por isso, muitos dos que se dizem cristãos se apegam aos santos, enquanto outros tantos se refugiam no Velho Testamento. São tentativas, talvez inconscientes, de agradar a Deus sem abrir mão do egoísmo e da vaidade, passando ao largo do próprio Cristo e de tudo o que ele ensinou.
Não menospreze os idosos só porque são idosos. Chegar à velhice é uma dádiva que, por motivos que escapam à nossa compreensão, não é dada a todos. Um dia, com sorte, você será um idoso também, mas nada garante.
A mim, à minha consciência, interessa saber apenas isto: se fiz o melhor que pude. E sim, dentro de minhas possibilidades, capacidades e limitações, fiz o meu melhor, dei o melhor de mim. O que outros possam pensar não me interessa. De minha verdade, daquilo que vivi, só eu sei, só eu posso falar.
O grande engano das pessoas de boa vontade é acreditar que podem vencer qualquer discussão valendo-se unicamente da verdade. Esquecem-se que grande parte das pessoas prefere a mentira, para não ter de mudar ou abrir mão de privilégios.
Se você não está nem aí para os amigos e as pessoas que lhe dedicam amor, se você prefere tratá-las com desprezo apesar de tudo o que elas lhe proporcionam de bom, pelo menos seja inteligente em seu egoísmo: não faça nada que um excelente psicólogo (ou psiquiatra), os fármacos e as terapias disponíveis não possam consertar, quando bater o arrependimento.
Quem ainda não se convenceu de que o inferno são os outros, como escreveu Sartre, vá em frente: arrume um sócio.
Um belo dia a gente percebe que a pessoa é falsa, mesquinha, traidora, egoísta, maldosa, encrenqueira, virulenta. Mas quem somos nós pra julgar, não é mesmo?
É um mundo perverso este. Depois de sacanearem você de todas as maneiras imagináveis, até o ponto de tornarem impossível sua trajetória, ainda sempre tem alguém que olha nos seus olhos e diz: o "seu" problema é que você é muito bonzinho.
Li em algum lugar que o cachorro, quando dorme bastante, é sinal de felicidade. Devo ser um cão feliz.
No mais das vezes, a grande reviravolta pela qual ansiamos é silenciosa e pode ocorrer desde que estejamos dispostos a pagar seu preço, que geralmente inclui uma mudança interior profunda.
É facil reconhecer um chefe incompetente, pelo caráter das pessoas com as quais ele se cerca. Um incompetente está sempre rodeado de bajuladores, que elogiam mesmo seus erros mais grosseiros. E se algum subalterno, movido pelo profissionalismo, ousar questionar uma decisão sua, está fora da equipe.
A pessoa de boa índole geralmente esquece o bem que ela fez às outras e o mal que fizeram a si. Já a de má índole geralmente esquece o bem que fizeram a si e o mal que ela fez às outras. Simples assim.
É triste constatar que expressões indispensáveis a uma convivência sadia, como "me desculpe", "por favor" e "muito obrigado", tornam-se cada vez mais escassas nas relações humanas. Mas talvez isso seja apenas um sintoma de uma civilização em colapso, em que o genocídio é tolerado, os direitos humanos são preteridos e os idiotas flertam com o fascismo alegremente.
O ótimo é inimigo do bom. Se os artistas fossem perfeccionistas, Shakespeare não teria escrito "Romeu e Julieta", o retrato de Mona Lisa seria apenas um dos muitos esboços de Leonardo e os Beatles remanescentes ainda estariam discutindo qual a melhor introdução para "Love me do".