José Carlos Fineis
Não existe uma fórmula para a felicidade. Mas existem inúmeras maneiras de se tornar uma pessoa infeliz. E uma delas, com certeza, é acreditar que é preciso provar algo para os outros e para si mesmo, o tempo todo.
Existe uma linha muito tênue de sabedoria que perpassa todas as coisas, e que precisamos nos esforçar para enxergar, a todo momento. Nem sempre conseguimos. Pior: sem sempre tentamos. Em última análise, os nossos medos, desconfianças e preconceitos são frutos de nossa falta de visão.
Apegar-se a certas recordações é o mesmo que guardar carne podre na geladeira. Por isso, em minhas orações, peço a graça do esquecimento. Quando eu esquecer, é sinal de que terei perdoado a quem não foi correto comigo. E a carne podre estará, finalmente, onde deveria estar desde o início: na lata de lixo.
Existem muitas maneiras de se tornar uma pessoa infeliz. Uma delas é acreditar que é preciso provar algo para os outros e para si mesmo.
Se você gostaria de ter feito alguma coisa ontem, mas não conseguiu fazer nem ontem nem hoje, não se preocupe: amanhã com certeza você faz, mais e melhor. Agora, se não fizer amanhã nem depois, talvez seja melhor procurar um médico.
As pessoas passam a vida correndo atrás de dinheiro e quando finalmente conseguem, o que fazem? Gastam! Não faz o menor sentido.
Todo amanhecer é uma bênção carregada de possibilidades infinitas e maravilhosas. Todo dia pode ser o começo de uma vida melhor, se você desejar com força – e se a Polícia Federal não bater à sua porta às 6h da manhã.
Sonhei que havia um pé de mangas verdes e amarelas num lugar de muito boa vista e que lá do meio da folhagem uma voz perguntava, baixinho: "Eles já foram embora? Será que eu já posso descer?"
A Vida é um professor que escreve a matéria na lousa e não a explica. Cabe a nós encontrar os meios para entender a lição. Na verdade, acredito que não necessariamente a lição em si, mas descobrir como decifrá-la e trazê-la para nossa realidade, seja esse o grande aprendizado.
A Humanidade ainda vai evoluir para um estágio de consciência segundo o qual é uma questão de saúde mental abolir a dependência das telinhas. O celular voltará a ser apenas um telefone. As redes sociais, e-mails e tudo o mais ficarão em casa, restritos ao desktop. Uma ou duas vezes por dia, as pessoas se sentarão ao desktop e responderão as mensagens mais importantes. Poderão usar a IA para filtrar o que realmente precisam ver ou saber. E terão suas vidas de volta. Vidas que hoje literalmente são sequestradas pelas telinhas.
Perder com dignidade, reconhecer a derrota e reagir a ela com espírito democrático é, em largo sentido, uma forma de vitória. Pior do que ser derrotado é não saber perder.
Vamos ser sinceros. É impossível estar de bem com a velhice sem que se tenha pacificado intimamente a ideia da morte, para além de qualquer argumento que não seja apenas um subterfúgio.
Os ideais podem ser elevados, os anseios podem ser legítimos, os projetos podem ser excelentes, as intenções podem ser as melhores. Mas se não houver grandeza de espírito, humildade e disposição para renunciar ao ego e trabalhar em conjunto, mais uma vez se partirá do nada para chegar a lugar nenhum.
Nem sempre é possível ser a estrela principal do musical. É preciso ter humildade e profissionalismo para ser corista, quando necessário. Mas vai explicar isso pra quem acha que nasceu pra ser o Pavarotti.
Levando um pouco adiante o raciocínio de Eco: as redes sociais, com efeito, deram o direito de falar a uma legião de idiotas. Mas não é, digamos, menos ruim que todos os idiotas tenham esse direito? Por que somente uma minoria de idiotas ricos poderia ter o direito de falar, como costumava ser antes da internet e das redes sociais?
Não ocupe um espaço por ocupar. Recuse-se terminantemente a ser um "cone". Na empresa, na família, num grupo teatral, na direção de alguma entidade, se assumir um papel, uma função, dignifique-a, faça o seu melhor, entregue-se por inteiro. Não se economize! Sei que falo como um coach. Não é meu propósito. Só estou cansado de ver gente fazendo coisas meia-boca.
Miniconto
Uma leva de pessoas recém-falecidas chega ao Céu.
Logo avistam a placa ao lado do portão principal: "Favor deixar aqui o seu celular."
Todos se entreolham com ar de preocupação, até que alguém verbaliza o sentimento geral:
"Só podem estar de brincadeira."
Dizem que não se deve esperar gratidão. Eu sempre espero. Gratidão, respeito, consideração: o melhor das pessoas. Prefiro me decepcionar de vez em quando do que perder a fé na Humanidade.
Os casais deveriam se amar na frente das crianças e brigar no quarto, a portas fechadas. Mas o que ocorre é justamente o contrário, e talvez por isso o mundo seja tão triste.
Ainda não perdi a esperança de que possa existir uma imprensa em que o povo, com suas dificuldades e anseios, esteja no centro das atenções, acima de qualquer interesse que não seja o bem comum.
Você percebe que foi abençoado com o dom da simplicidade quando recorda com alegria, ainda depois de muitas semanas, do prazer que sentiu ao tomar um café expresso e comer um pão de queijo no Mercado Municipal.
Se eu pudesse dar um conselho aos candidatos – todos – que querem ter alguma chance de ser competitivos, eu diria: não deixe que o modifiquem, não aceite que mudem seu modo de vestir e de se comunicar, não permita que harmonizem sua imagem e adociquem sua voz, que amenizem seu discurso, que coloquem palavras na sua boca, não admita que o transformem em um bom menino ou menina,quevocênãoé.