Jônatas Medeiros
Banho gelado, coração apaixonado, dia quente e agitado, sinais que saem leves como um abraço. Ser livre dentro da prisão do meu dia: sonhar em ser o “que mais queria”.
Podemos dizer então que tudo é fetichismo, somos todos frutos desse idealismo, dessa ideia positivista que nos consome e faz de nossas bases um mito pauperizado, alienados (estranhismo é pouco) essa mistagogia dialética cria essa subjetividade que eu desconheço.
Eu simplesmente vou lá! Sei que vou quebrar a cara, e daí? Posso ainda sorrir, posso ainda falar/sinalizar. Se preciso faria e faço tudo novamente, pois é das histórias de "mancadas" que abstraímos as risadas mais ardentes: o simples fato de ser contente.
Não tenho medo de sentimentos, nem de palavras ou sinais. Sigo o mesmo caminho, com estradas diferentes, afinal.. para ser feliz sempre encontramos um saída, uma rota, uma fulga.
Mãos que discordam, interagem, discutem e debatem. Dessas mãos saem piadas, afetos e intrigas. Mantemos opiniões entre ateísmo e religiões, ciência e sobrenatural. Fazemos tudo isso com mãos e um mundo totalmente visual.
Sem retrospectivas, pois abrir gavetas externas, liberar segredos internos, declarar verdades, organizar pensamentos e se surpreender com o próximo é inovador e rotineiro: uma dialética. Só quer liberdade quem está preso. Pior que o melhor de dois é ser sozinho, não é este caso. Vou lá no fundo e percebo que o ouro estava na superfície, na simplicidade, quanta futilidade, poemas e palavras sempre morrem. A frase que fica: “escolha feita inconsciente de coração não roubado”. Onde o nada foi quem fez meu tudo, silenciosos momentos de solidão. Em alguns momentos ninguém te reconhece, nem você mesmo.
... Quais as palavras que não foram ditas? O temor da morte e da velhice acontece quando vemos que: o tempo passou e não foi real.
Estou tentando entrar em seus lhos, quem sabe eles sejam as janelas para a sua alma, eu sinto que não. Acredito que nem alma você tenha, pois suas palavras são tão geladas quanto o seu olhar. No instinto da melodia mais solene e raquítica vou andando em uma estrada sem chão onde os rastros ficam marcados em meu coração, lá existem lembranças do mistério da alma, dos olhares que marcaram e cravaram um sentimento perturbador que hoje procuro nos olhos de quem vejo que já sentiu aquela dor.
Estava em um deserto sombrio, vazio e ensolarado, sua gaita era o único aliado, não podia nem escrever, pois lápis e papel não havia, pensava, sonhava e tocava.. Assim alimentava-se, não de esperança, pois essa já não tinha, mas de lembranças que a ele seguia, cruel e dolorosa, sussurrando em seus ouvidos as palavras mais devastadoras: perdido em seu âmago, foi fraco e trivial, pois não ousou ser real.
Fui lá, mais uma vez acreditei, mas sei que não adianta buscar segurança, quando eu internamente sinto a própria negação e rejeição. Sonhei, de repente acordei e tudo era igual, esse mundo diferente que fica em outra dimensão é apenas mais uma faceta da minha eterna ilusão. Estou diante do meu inconsciente esperando uma resposta do porque ser assim “tão diferente”.
Que sentido faz se você não esta aqui, se o que sinto não posso dividir, se preciso me calar e esperar.. Qual a razão para o seus NÃOS, cheios de ternura no momento da dor, essas palavras que surgem do nada, em tantas promessas não cumpridas espero apenas mais resposta dessa inútil vida.
E a vida só reservou uma tigela de ironia e de brinde fantasmas que resolvem aparecer nas noites de solidão.
E seus dias não foram vividos por si, mas sim por dogmatismos otários. Mal sabia que a liberdade seguia um caminho contrário.
O meu som é diferente do seu. Ele acontece dentro de mim, não faz barulho, mas mesmo assim, não deixo de ouvi-lo. Perturbado pelo eu.
E entre tantas coisas, palavras não são nada, além de composições ácidas e bálsamos. Palavras: Aquilo que balburdiou a humanidade.
Sou o sonho não esclarecido, assuntos mal resolvidos, a falácia que perturba seus ouvidos, fiel e presente amigo descontente que finge o que sente, mascarado e sagaz. Sorrindo como um bom ator que por traz de sua encenação sente apenas a dor. Sou a palavra não verdadeira, dita por traz de lábios enganosos e escritas falsas, sou o sentimento preso que fica guardado e visto apenas como um peso sou aquele pequeno tropeço, todos os dias estarei aqui, em sua mente.
Tão discreto que só o percebemos no momento que estávamos passeando pela escuridão. Sublime ao ponto de fazer brotar um simples sorriso, sorriso que eu não dava há anos. O escuro é mais real do que eu pensava, sem rosto, verdades e mentiras igualam-se.
Deitado em uma cama fria, em uma sala vazia com aparelhos mórbidos e uma luz fraca. Nesse silêncio a nostalgia é uma companhia nada agradável. Queria apenas voltar ao lugar escuro onde podíamos passear sem medo de sermos vistos. Segredos e escuridão na mesma dimensão, mesma estante. Guardados.
Invadido por outro ser, sorrindo. Vivendo algo que não tem palavra inventada, satisfazendo-me com a simplicidade do nada.
O tempo está passando muito rápido, sinto falta da inocência, dos pensamentos concretos sem reticências...
Estamos perdidos em nossos sonhos, achávamos que estávamos acordados, então descobrimos que continuamos dormindo e vivendo um sonho, de olhos abertos, a utopia e os planos semifalidos. Esta noite a ambulância que passava em nossa rua parecia estar com suas sirenes mais afinadas, quem sabe um convite doloroso? Descobri que mesmo sem querer temos uma religião, quem sabe ela seja a esperança, esperança de um dia poder SER. De fora olhei para nossa mascara, eu me simpatizei com ela, faz parte de mim. Penetrei em seu olhar, realmente era profundo, não achei luz, e muito menos sua alma, o sonho realmente é infinito, e nele eu realmente não sei se somos mortos brincando de vivos. Sobrevivendo e vivendo. Nas minhas palavras não existem conclusões, até porque a vida ainda não foi concluída, em nossa lápide “Morreu para vida e hoje viverá para o sonho. Sem máscaras”.
Eu toquei em suas lágrimas e senti a sua dor. Toquei sua pele e senti... Acho que somos a mesma pessoa em corpos diferentes. Tem um labirinto dentro dos nossos pensamentos, tem uma confusão embalante e sufocante, sinto que é tarde de mais para nos acharmos. Sinto que é cedo de mais para não deixarmos acontecer.