Joice Soares
Pois, de tudo que já fui Zé, sinto que ainda há muito em mim para ser. Sou tão algo grande e profundo sempre, mas ainda assim, não me sinto esgotada. Eu renasço!
O que há por detrás de um sorriso? Talvez um céu de estrelas. Talvez um mar de lágrimas. Ninguém sabe.
Dentre esta confusão de belezas que contemplo ao olhar você e este lugar, eu diria que você conseguiu deixá-lo ainda mais bonito.
Mais bonita que a beleza visível aos olhos ao ver a imagem dos dois juntos, era a beleza que não poderia ver, porque transcendia a fotografia.
Bastaram minutos para se "dissolverem". Porque o que ambos passaram a sentir ao trocar olhares no bar, não cabia em uma folha de guardanapo.
Era o meu aniversário e eu não precisaria fazer mais do que um pedido ao gênio da lâmpada, pois só uma coisa faltava/falta para a minha vida ficar completa: Você.
- Quando nos encontrarmos vou levar meu rg, cpf, comprovante de residência e contra cheque.
- Por que vai levar esses documentos?
- Quero que me contrate para ficar ao seu lado.
A Carta
Com as mãos trêmulas me passou uma folha de papel. Estendi a mão esquerda atentamente para segurar, e num gesto tranquilizador pressionei-a no peito. -Escrevi esta carta para você. (Justificou) Olhando em seus olhos, agradeci como quem agradece o sol em uma manhã de inverno. E em meio ao silêncio entre uma frase já dita e outra que ir-se-á esboçar, pensei: Que bonito e romântico é receber uma carta escrita a punho nos dias atuais, onde a Era da comunicação faculta um "mundo" de possibilidades e formas de se comunicar. Agradeci de novo, mas desta vez apertando a sua mão. - Obrigada!
Foi numa madrugada de 1988 que ela começou a sentir a necessidade de "expulsar" uma vida de dentro de si. Incontrolável vontade de por uma vida no mundo. A minha!
Se há possibilidade de ver tudo do alto; de cima de uma torre, talvez, então suba. Acho incrível quando conseguimos nos desprender daquilo que nos limita. É uma forma de aprisionamento em que, infelizmente, muitos ainda se vêem.
Depois que ele se foi o mundo parecia não querer girar para aquela moça. O que restaram dos dois, além das fotografias que a esta altura já estavam polaroid, foram as duas alianças que ficaram com ela, e talvez, duas rosas murchas que em dois momentos de romantismo ou por acidente, ele teria guardado em sua agenda. Depois que ele se foi tudo perdera o sentido. O cheiro das coisas rotineiras já não era o mesmo. O sabor também não. A moça, que transmitia alegria constante passou a se recolher ao silêncio. As coisas, talvez, já não teria a graça de antes. Ela que sempre gostou de escrever, já não conseguia mais. Congelaram-se os dedos, dizia ela repetidamente.
Recuou-se ao perceber onde estaria pisando. Aquela mulher não era o tipo que poderia encontrar facilmente, como em uma sala de bate -papo.
As estrelas já desistiram de mim e eu não posso fazer mais nada. Elas já sacaram tudo, não há como esconder. Está escancarado em minha face, esculpido quem me encanta mais agora.