Joaquim Cesário de Mello

151 - 175 do total de 240 pensamentos de Joaquim Cesário de Mello

⁠Do dilúvio onde se afoga o tempo
salvei o trigésimo minuto
da décima-primeira hora
do dia que já não me lembro

O calendário da memória
não é feito de algarismos ou datas
mas de machucados, feridas
e instantes arrebatados

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⁠Tudo na vida um dia sempre acaba.
E quando não acaba, foi porque a vida acabou.

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⁠Não faço poesia para ser lembrado.
Faço versos para que a vida não se esqueça de mim.

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⁠Se hoje passei pela tarde
foi porque ela estava lá

Se depois de amanhã não morrer
foi porque eu não estava lá

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⁠Em fotografia de aniversário o ausente é o mais visto e o mais lembrado

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⁠Se amanhã um dia você voltar e quiser me encontrar, volte para o ontem, pois no hoje já não estou mais no mesmo lugar.

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⁠Tenho mais lembranças do meu passado do que de ontem.
Talvez o ontem esteja perto demais para ser lembrado.

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⁠Se soubesse antes
que meu ontem hoje ia acabar
transformaria ele em memória
e me lembraria agora o que comi
no café da manhã
no almoço e no jantar

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⁠Os relógios dizem as horas,
mas os relógios não dizem
o que as horas são

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⁠Quanto mais distante o passado se encontra do calendário, mais ele se encontra bem próximo da superfície da memória presente

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⁠Há algo de similar entre vampiros e poetas. Enquanto os vampiros sugam o sangue que corre nas carnes vivas, os poetas sugam versos que pulsam no sangue da vida

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⁠Quando chegar
a mais certa das horas incertas
vou ficar no lado de dentro do espelho
apenas para poder me ver indo embora

⁠Prefiro o medo de te perder, do que a tristeza de não de te amar

⁠Daqui a cem anos estarei morto, mas ainda continuarei sonhado

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⁠O brigar corriqueiro dos cônjuges são resquícios românticos de um amor inacabado

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⁠Não posso ir além do meu passado, pois assim invadiria a privacidade da memória dos meus pais

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⁠Vivo no intervalo entre a eternidade da infância e a durável mortalidade dos mortos

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⁠Quando quis brincar de Adão, Eva já tinha ido embora

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⁠Que procura ouvido, deve manter a boca aberta.
Quem não precisa de ouvido, pode deixar a boca fechada.

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⁠Ouço com o ouvido direito, escuto com o ouvido esquerdo.
Todas as bocas têm sempre, no mínimo, duas falas.

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⁠A eternidade humana termina quando termina a infância

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⁠DOMINGOS

Ruas deitadas sobre o chão dos domingos
descançam do pisotear das multidões
que no atravessar corrido das esquinas
são indiferentes aos seus sentimentos

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⁠Não sou um ponto fora da curva
Sou uma curva fora da reta

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⁠Vou revisitar meu baú de ossos
explorar todas minhas lembranças
esmiuçar os cantos e recantos da memória
pois um dia até ela haverá de não existir

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⁠O HOJE ANTES DO AMANHÃ

Não vou esperar
as formigas em tua boca
carcomerem tua história,
hoje prefiro-te como agora:
incompleta imperfeita e inconcluída

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