João Otávio Gomes Silva (lostaviol)
Estou rico. De dinheiro.
Estou rico. De saúde.
Mas me sinto pobre de amor,
e farto da avareza que me cerca.
Hoje ganho bem.
Posso comprar um carro,
passear de lancha,
ou até voar de helicóptero.
Se eu quiser, financio um jet ski,
mas será que o coração dela o estudo me traz?
Será que esse dinheiro todo paga
o valor daquele coração simples?
Consigo de volta o que perdi?
Porque o verdadeiro luxo é ter alguém
com quem se quer dividir tudo.
O sentimento de viver bem existe,
ele vem, sim, com o dinheiro.
Mas será que vale a pena,
se o preço é viver sem quem amei um dia?
Ele partiu com sonhos na mala,
um adeus abafado, a promessa no ar.
Foi buscar o futuro em terras distantes,
e no caminho, deixou de amar.
Tinha o mundo na palma da mão,
dinheiro no bolso, coragem no peito.
Mas trancou a faculdade, perdeu a razão,
e hoje só carrega um vazio desfeito.
Os livros fecharam, os planos fugiram,
as aulas ficaram no pó do passado.
O futuro, outrora tão claro, escureceu,
e o amor que deixou, ficou apagado.
Ela esperou, com olhos cansados,
contando os dias que não voltariam.
Mas ele, perdido, nos ventos soprados,
desfez os laços que os uniam.
Agora, com tudo, ele nada tem.
O brilho do ouro não aquece a alma.
A riqueza preenche, mas não detém,
a dor do silêncio que nunca se acalma.
Ele queria o mundo, mas perdeu o chão.
Tropeçou em escolhas, esqueceu-se do “nós”.
Hoje, ouve distante a melodia do amor,
uma música que já não tem voz.