JOANA DE OVIEDO

201 - 225 do total de 341 pensamentos de JOANA DE OVIEDO

TATUAGEM

Tatuei-te na retina
Assim como o viajante
Busca seu horizonte mais bonito
Que ele acredita estar sempre depois da montanha.
Assim como o marinheiro em seus sonhos no convés.

Inserida por joanaoviedo

Pessoas são como árvores...
Crescem, se tornam frondosas
e tombam-se às tempestades
depois de várias, talvez à menor.

Inserida por joanaoviedo

QUIMERA

Nascem as flores nas floreiras
Cheiram os pés de laranjeiras
Breve é a primavera
e da vida a alegria é apenas quimera
Pois logo desce o triste inverno
Na imensidão do frio que à noite tece.

Assim também é o nascer:
As floreiras são o berço que nos acolhe;
E a estação das flores, a juventude.
Enfim tudo é solicitude, é um morrer
Que se faz no úmido frio sepulcral.

BOBAGEM

O tempo vai passando e nos conscientizamos
de que nada é tão importante e tudo não passa de ilusão.
As coisas vão perdendo o seu gosto pueril...
vai deixando de ser importante e necessária...
Deixando de ter aquele gosto de coisas refinadas,
e, de que tudo vai se transformando em mera bobagem.

É debaixo de suas asas que me escondo quando estou com medo de que não me leves ao mesmo infinito para onde tu viajas, se estás longes. Portanto, não me arremesses aos ventos em pleno voo, acaso eu, repentino, tomar teus pensamentos. Lembre-se que sou o vento que te levanta as asas e as sustém para a imensidão.

Inserida por apsicanalista

A ilusão do que somos é só o reflexo de nosso desejo inconsciente travestido de vaidade, PORQUE NÃO SOMOS SENÃO esse reflexo de nossos desejos incrustados em nós em forma de vaidade de sermos melhores que os outros para suprir um ego enfraquecido

Inserida por apsicanalista

A vida tem lá sua beleza fantasiada em nossa cabeça.

SONHOS

Alguns sonham em ser deuses
Assim como os jardins de violetas
Sonham em ser uma floresta de rosas;
O riacho sonha em ser mar
E o mar se transborda à praia
Porque o que quer mesmo
E alcançar a mais linda pérola.
E assim continuemos com nossos sonhos.
Sejam pequenos ou grandes,
Não demoremos porque as violetas
Fenecem, assim as rosas também,
O riacho e o mar...
Mas sempre haverá um grão dentro da ostra.

Inserida por apsicanalista

METAFORANDO

A vida vai caminhando por entre os rostos
E os caminhos são longos, outros são metades-caminhos
Podem ser largos e também estreitos,
ora de acabam, ora iniciam-se.
E a vida vai criando metaforicamente caminhos na face.

Inserida por apsicanalista

SÓ DEUS TEM O ORIGINAL

E a vida vai criando caminhos nas faces,
e estradas nas plantas dos pés,
e que sejam lindos os caminhos
e imensas as estradas.

Inserida por apsicanalista

O tempo

Que dirão os corações ao tempo que passa
Se não há mais tempo de pronunciar com os lábios?
Então acenam-se as mãos para que fique
E não há como o tempo prestar atenção
Pois seu olhar é sempre à frente.
Que dirão os corações?
Enquanto as lágrimas andam pelos caminhos da face
E vai se esconder em um rio que mora nos lábios...
O tempo olha a cena e passa, porque não há tempo para contracenar.

Joana de Oviedo – direitos reservados

Inserida por apsicanalista

PARA ALÉM DE UM LUGAR

Por onde tens andado?
Oh, anjo de asas douradas
Acaso, tens caminhado
Onde começa e acaba a madrugada?

Para além de um lugar tens pousado
Em que a primavera premente
Cultiva uma única flor estranha
Em que fazes teu vinho
Acre-doce, ora fino e também triste
a servires nas taças dos querubins
Que voarão sobre a terça parte da terra
E ferirão os povos nas faces, nas mãos.
Derramar-te-ás esse cálice a mim?
Oh, anjo de asas douradas
Tu tens a chave desse segredo
Em que se abre o livro do começo e do fim.

Então... Dize-me, o que é isso?
esse fim que a tudo consome
isso deve ter um nome.

Inserida por apsicanalista

...e a vida vai criando caminhos nas faces, e estradas nas plantas dos pés.

Inserida por apsicanalista

AS BORBOLETAS

E as borboletas ainda voam
Às tardezinhas roubando de algum jardim
palavras ao meu poema
E trazem assim, tênue uma a uma,
as palavras, Nem percebem
que o que me faz escrever
são as asas que voam fremente ao vento.
Sem esse compromisso de dizer
ou mostrar-se contente.
Sem a ânsia de viver sabendo que logo
Irá nascer do casulo ou renascer.

E as borboletas se vão aos jardins
Para morrerem feito palavras no papel.

Inserida por apsicanalista

PALAVRAS DESNECESSÁRIAS

Palavras são desnecessárias
Mas não viveremos sem pronunciá-las;
E a pronunciamos com algum intuito fortuito
Ou mesmo sem nenhum
Para um futuro que não sabemos
se teremos.

Palavras...
Desnecessárias!

Inserida por apsicanalista

CADEIA ALIMENTAR

E assim eles olham
E assim eles oram
Quando olham,
Espera que alguém lhes
tragam saciedade
Quando oram, esperam
Que o maná virá do céu

E olham e oram
E logo tornar-se-ão o maná
de outros bichos.

Inserida por apsicanalista

NOSSO ENCONTRO

Eu tenho um encontro
Tenho um encontro marcado com você
Um encontro
marcado
com você
No banco da praça...
______________________

Era um encontro marcado
com você
Que não tinha um encontro marcado
Na praça onde eu marquei
um encontro de você comigo.

Inserida por apsicanalista

O TEMPO NAS TAÇAS

Levantemos as taças
de bordas finas e linhas douradas!

Não se toma sozinho o vinho da paixão
Assim como não se olha as estrelas em solidão.
Não se vai a um jardim florido sem roubar uma flor
porque o tempo é só passagem.
Tão breve , apenas miragem.

Então, Exibimos nossos copos
Às distantes estrelas!
E o vinho bebamos.

O jardim ?
O tempo é que decide se ainda vamos vê-lo.

Inserida por apsicanalista

Eu sou o meu inconsciente.
E o que penso que sou, não sou.

Inserida por apsicanalista

POR TI

Por ti quase morri.
Não sei mais viver sem ti
As miseráveis noites eufóricas e metafóricas
que a vida transformou
em dilemas, rimas
e poemas.
E eu as escrevi,
sentindo os açoites da madrugada,
enquanto dormias, em sua alcova perfumada.
ouvindo o vento lá fora ditando-me palavras,
Dos dilemas nos poemas!

Por ti, por amor, sobrevivi.

Inserida por apsicanalista

É PRECISO

Hoje a chuva choveu
Para lavar os meus olhos
Não uma chuva qualquer
Era chuva de águas do mar.
Às vezes é preciso lavar
O rosto do desgosto
E retirar as marcas das falsas mãos
E dos beijos sem paixão.
Sem pensar em nenhum paraíso
É preciso limpar o rosto
E prosseguir... É preciso.

Inserida por apsicanalista

Os dias continuam belos e os tempos continuam envelhecidos apesar dos dias belos.
E a Poesia cabe exatamente nesse tempo
que de tão belo poderia ter esquecido
de como se escreve a poesia e o amor.

Inserida por apsicanalista

SEM AÇUCENAS

Só eu cruzo o meu deserto
E não há nenhum deles que seja perto
Assim se faz os caminhos sem beleza.
E a tristeza com seu véu cobrindo o rosto
Não sei para onde vai apressadamente
Com seu perfume que recende as portas
De um lar há muito sem habitante qualquer.
Assim é esse deserto!
Mas seja o que vier...
Viverei em mim o personagem que não quer morrer
Que tem uma vida eterna por viver
E as mãos acenam uma açucena para o mundo
Aos destinos humanos sempre à deriva nesta vida
Que passa apressadamente com seu perfume
porque as açucenas murcharam-se
e agora recendem apenas os beirais dos túmulos.

Inserida por apsicanalista

ROSTO DE FLOR

Eu amo essa flor
De rosto corado
E na boca o sorriso

Nos caminhos da escola
A caminho da roça
voltando à palhoça

De tranças compridas...
Vestidos surrados
Comprados na venda
Do senhor português.

E tudo era bom,
Era tudo tão belo.
O sol amarelo
A terra marrom
Dava pra se ver...
Quando a lua dormia
E quando amanhecia.

E o tempo correu
E trouxeram outras flores
E outros desenhos de diferentes cores
E o rosto corado, porém desbotou-se
De tristeza encharcados
Pelos sois que banhou-se

Eu amo essa flor
Que traz nos vestidos
e não mais em seu rosto
Tem sabor do passado
da terra marrom
No sol amarelado

Eu amo a esperança
Que ela traz no rosto
tem um "Q" de dor
E desenhos sem cor
Outrora, corado
Depois desbotou-se
DE lágrimas, encharcados
Pelos sóis que banhou-se.

Inserida por apsicanalista

ULTIMAMENTE

E tudo está assim ultimamente...
Até as janelas vestiram-se de bege
não há cores para mostrar
mas para que?
Não há mais rostos

Só ficaram antigos bordados e os matelassês
enfeitados nas bordas da madeira
feito vitrais que há muito não existem mais.

E tudo está assim ultimamente:
uma cor bege!

Ultimamente.

Inserida por apsicanalista