JOANA DE OVIEDO

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DESPERTARÁS

Tu despertarás para mim
Oh, alma dormente,
Meu coração carmesim
tão perto te sente!
Não ouves as passadas
Em volta de sua morada?
Não houve meu pranto
Buscar seu encanto?

Pobre sou eu...

Um grito ouvi
Suspiro abafado
Um leve sorrir!
Tu, estás aí?
Bate tuas asas,
Vem pra nossa casa!
Tira o véu que cobre
Seu rosto de breu.

Eternamente sua sou eu
e você para sempre meu!

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E recomeçaremos todos os dias,
enquanto for preciso, enquanto for possível.
E se não for, recomeçaremos como for...

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A rosa

Uma rosa
ainda que com espinhos
será sempre uma rosa!
Pois é na dor
das picadas
que está
sua essência.

O SEGREDO DA LUA

Eu e a lua conversando sobre vc:
Ela me diz que seu corpo nu
era tudo que alguém poderia querer.
E me mostrou as noites
em que caminhava só,
de tão triste, ela própria sentia dó.
E vi suas lágrimas e vi também sua dor,
E a lua sentiu um amor
que nunca antes houvera .
e chorando me contou toda sua quimera.
Que o sol havia aparecido
e vc desaparecido no âmago da solidão
que era só sua e da alva lua.

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Quem sou...

Eu nasci poesia
e a vida em verso me fragmentou.

Fui flores e também espinhos,
soluços e canções nos caminhos.

Fui prece e desalento.
Palavras de blasfêmias ao vento.

Daquele que me amou fui apenas
a nota da canção que ninguém cantou.

TU, A ESTRADA

Aquela beleza disforme
Lançou sobre mim
A tristeza de um olhar informe
E tudo cintilou-me a alma
descomedida e desamada.
Lancei-me à mão daquele
pequeno e estanho ser.
E era amor, e era paixão.
Pude ver o cintilar da retina
Mas era noite desatina.
Caminhei os seus passos
como as borboletas
Que não deixam rastros.
Tudo disforme, nada informe
naquela estrada.
Tu, a estrada!

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DESLUMBRANDO-SE

É preciso saber fazer de uma flor o seu jardim
Quando não há mais nenhuma possibilidade
De novos nasceres.
É preciso aprender a deslumbrar os olhos! Deslumbrar a vida... Deslumbrar a alma...

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Única e última vez

Do jardim da sua casa
À cadeira de balanço na sacada,
a lua prateando lírios na parede!

Deve ser mesmo uma casa encantada!
E o azul índigo na sua calça jeans desbotada.
A camiseta perfumada de francês.
Era a nossa única e primeira vez

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AO QUE FOI EMBORA

A minha dor é um grito rouco
E no silêncio lamenta essa triste vida,
Tudo se troca por tão pouco
A lida, os dias belos e os dias loucos.
E por aí, na imensidão da noite
eu te procuro, por caminhos escuros...
no frio da madrugada, onde a lua se esconde
oh, triste fim! Oh, triste açoite!
E enfim, outro dia amanhece
Em que da esperança me descanso
Outra noite há de chegar, mas o tempo,
nenhuma alegria tece no manto um alento,
como lençol estendido a enxugar meu pranto .
E aos testemidos que buscam na distância
a alma daquele que foi embora:
Não, não voltará nunca mais em nenhuma aurora.
JOANA DE OVIEDO – DIREITOS RESERVADOS

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Não se pode levar a vida tão ao pé da letra, mesmo porque vc não sabe qual é o pé da letra da vida.

(J. OVIEDO)

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Nada é tão sublime quanto a inocência.
Nada é tão puro e verdadeiro quanto a espontaneidade na inocência.
Somente a poesia pode ser considerada sua irmã gêmea .

J. OVIEDO

Meu eu não existe sem teu tu, porque o tu que habitas em mim transformou-se no meu eu que foi habitar p sempre em ti.

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VOCÊ EM MIM

Por entre trilhos te procurei
Trilhos da vida, não te encontrei.
Então voei entre nimbos e cirros
Também te busquei
Mas o amor não estava em lugar algum.
Rasguei-me e a meu peito adentrei-me
Nos trilhos da dor e solidão
Eis que dormias abraçado ao meu coração.

MARES...

Amarrei meus sonhos,
juntei os pedaços,
e deitei aos mares...
No seu regaço.
Quisera que suas águas
cobertas de sais
curassem meus males.
De querer sonhar
De querer sorrir.
E os fizessem dormir
nos braços cruzados
De qualquer riacho,
onde ninguém nunca...
Nunca mais os encontrasse!

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A DOR DA OSTRA


A Semente
A terra
As mãos.

O broto:
A essência da semente.

E então, as mãos e o riso!
Ou as mãos e as lágrimas!

Mas quem sabe,
a ostra, o mar, a areia...

A dor da ostra
A lágrima
A pérola!

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TAÇAS DA VIDA

Havia taças!
Taças da vida...
Não era um brinde
Não era vinho
Não era festa
Não era vício
Era cicuta!
Era tristeza...
Era revolta!
E tanto fazia
beber ou viver.

EPITÁFIO PARA A MORTE

Essa tal morte...
Queria poder, para sempre, matá-la.
E à sua própria sorte, ninguém
ousasse ressuscitá-la.
Essa que destrói sonhos!
Que fecha uma boca risonha,
antes do seu último pronunciamento.
Essa que traduz humor em dor e lamento!
Poder matá-la! Oh, sorte!
Oh, quem me poderia vingá-la,
e escrever o seu epitáfio:
“Onde estão os teus grilhões?”
Oh, desgraçado anjo? Maldita morte!

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RE-CONSTRUÇÃO

Não tenho medo que o tempo
apague minha memória, afinal,
ele constrói, reconstrói e destrói.
Talvez destruir, também,
seja um forma de reconstrução.

SER...

Ser como as flores,
que buscam ser sem a ansiedade por ser,
e não se angustiam quando não são.
Ser, simplesmente...
Perfumadas ou não;
com espinhos ou livres...
Ser, somente ser.

A DANÇA NOS VENTOS

Sou eu a mulher que dançou nos ventos
A música do tempo.
Vivi a vida, fiz tudo por ela, somente por ela.
Eu me envolvi nas folhas em movimento nos ares pelo chão...
Nas tempestades e interpéries.
Eu vivi o tempo nos relógios das eternidades...
Então concluí, não tenho lamentos,
Porque dancei nos ventos
e um dia hei de “dançar”
no inexorável tempo.

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FÊNIX

E uma ave azul-marinho voou
sobre minha cabeça
Em busca do ninho...
Planando em voos rasantes
Sob a tempestade.
Tudo era metade
Diante dos seus olhos...

O ninho no alto da montanha
Sob a tempestade
Tudo em metade
Diante dos seus olhos de mãe
E a cor das asas azuis
Desbotou-se em cinzas.
Reviveu fênix.

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VOLTASTE

Não posso mais ser feliz
Foi tudo em vão tudo que fiz.
Voltei ao inverno em vez da primavera
Mas quimeras fizera inferno o meu céu.

Canto divinal, sua voz sublime!
Afagos que tisne na alma dolente
Música feliz, de ninar. Sou menino!
Mas voltaste outra vez a dormir sob o véu.
Tu que eras para sempre o meu céu.

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JARDIM DE ROSAS

Venha perfumar meus pés com as rosas de antigamente.
Aquele perfume fremente... Ou ao menos
Jogue-as no meu caminho, e eu passarei devagarinho
tentanto ouvir sua voz que o tempo atroz levou para longe.
Longe? Onde, esse lugar?
No jardim das rosas a perfumar os pés de alguém.
Fui.... Vou... algum dia. Fui agora com meu pensamentos
andei estrada afora, mas nada é tão cruel, essa vida que se cobriu de véu.. esse tempo enuviado e que cobre-me
os olhos lacrimejados.
Nada se compara aqueles caminhos onde nós sozinhos,
nos perdemos e nos achamos no nossos jardim das rosas.
Jardim que inventamos , de onde poderíamos ver o céu e as estrelas. Sim, podíamos vê-las.
Plante novamente as rosas. Faça-me um jardim !
Venha comigo ao nosso jardim de rosas!

Direitos reservados.

Inserida por joanaoviedo

Admiráveis são os meus pensamentos
Porque penso em você, e mesmo distante
Sinto-te na breve brisa dos ventos.

Até mesmo nos vendavais
Que levam o polén da minha flor
Nas ruas onde me prometias amor.

Por isso são admiráveis esses pensamentos meus
Olhando a distância da estrada pressinto suas mãos
Dizendo-me adeus!

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GENTE SIMPLES

EU AMO ESSA GENTE... EU SOU ESSA GENTE... EU VIM DESSA GENTE... QUE CARREGA NA ALMA A DOÇURA DO VENTO NAS MÃOS A AFAGAR... A CANDURA DA BRISA NUM BEIJO A POUSAR... EU SOU DESSA GENTE!

Inserida por joanaoviedo