Jefferson Luiz Maleski
Se vejo os meus defeitos como pequenos montinhos ao invés de grandiosas montanhas é porque os vejo no horizonte, com suas faldas tão distantes de minha compreensão quanto de minha superação.
Vivemos em uma época em que quem elogiar os atos do Presidente da República corre o risco de fazer apologia ao crime.
O escritor e o fotógrafo utilizam as mesmas ferramentas, mas enquanto um descreve uma imagem com mil palavras o outro descreve mil palavras com uma imagem.
Ás vezes, perceber que alguém gosta de nós nos faz agir tão maldosamente quanto se não o tivéssemos percebido. A maldade pela ignorância não é menos ruim que a maldade intencional. Ambas são maldade e o resultado é o mesmo.
Não desconte em outros o que alguém lhe fez sofrer. Quebre a corrente. Nunca vale a pena inocentes pagarem pelos culpados. A vida dará o troco aos culpados da mesma forma que aos que maltratam inocentes.
Perdão e amor não deveriam ser vinculados. Se perdoamos a quem amamos, que são humanos sujeitos a falhas, porque não perdoar a quem não amamos, que estão nas mesmas condições?
A maneira mais rápida de melhorar o mundo ao seu redor é mudando o seu olhar, o seu pensar, o seu viver.
A maneira mais rápida de melhorar o mundo ao seu redor é melhorando você.
O sol brilha para todos, mas alcançar a sua luz depende de onde e como nos posicionamos diante dele.
BUDA E O LADRÃO
Buda e alguns discípulos descansavam sob a sombra de uma figueira a beira de uma estrada, quando alguns moradores de uma vila próxima se aproximaram em alvoroço. O grupo seguia aos brados dois homens com vestes oficiais, que traziam um terceiro entre eles. Ao se aproximarem do mestre, jogaram o homem aos seus pés. Um dos oficiais, talvez o de hierarquia maior, falou:
- Ó Sâmana, este homem é um ladrão e estas são as suas vítimas. Eu, como soldado, tenho a obrigação de puni-lo conforme as leis do país. Mas o ladrão insiste em declarar que é pobre e rouba para alimentar a sua família. Estando tu, grande mestre, em nossa região e sendo o sábio dos sábios, gostaria de ouvir que sentença daria a tal homem. Eu pretendo fazer conforme o que tu disseres.
Buda levantou calmamente os olhos para o ladrão, depois para os oficiais e por fim mirou a multidão. O seu semblante era tão sereno que seria impossível saber se ele se incomodava ou apreciava aquela situação. Com uma voz educada, mas firme, respondeu:
- Eu lhe darei o julgamento se tu responderes a duas perguntas: a primeira, o que deves ser considerado superior, o homem ou a lei? Se disseres o homem, então porque ele deve se curvar e obedecer à lei? Mas se disseres a lei, então porque ela não existiria sem o homem?
O oficial ficou calado. O ladrão permanecia encolhido. A multidão nada disse, nem um simples cochicho. Até os pássaros pararam de cantar para aprenderem um pouco daquele momento. Cada um, além da respiração e das batidas de seu próprio coração, ouvia apenas o roçar suave do vento nas folhas das árvores. Depois de certo tempo, Buda, como que falando diretamente para toda a natureza, concluiu:
- No silêncio da tua resposta reside a minha sentença. Aprenda a escutá-la e saberás o que deves fazer.
***
Este conto é uma ficção. Foi inspirado e escrito após a leitura do Atthaka, o livro das oitavas, que diz: "O brâmane liberto já transcendeu as paixões e não se deixa mais afetar por elas. Para ele, não há mais norma, nem lei, nem coisa alguma existe que ele possa chamar de norma, e nada ainda que possa chamar de lei".
Gênesis Gramatical
No princípio era o verbo.
Depois, apareceram o sujeito e o predicado.
Todo o resto, foi o Diabo quem inventou.
O lugar mais inóspito e distante de tudo e todos neste planetinha fica exatamente dentro de si mesmo. Mas poucos são os que acham o caminho para lá e menos ainda os que voltam.
O maior risco que um homem corre ao passar uma cantada é a mulher aceitar e, algum tempo depois, ele ter de dizer: "Sim, eu a aceito".
Pior do que ter uma sogra com o nome de Esperança, é ter uma chamada Eterna. Pelo menos a Esperança morre, né?