Jardel Rod Gonçalves
Hierarquia social é apenas um monstro imaginário que necessita fervorosamente da nossa legitimidade para existir e nos oprimir.
Mas como somos seres dotados de uma imbecilidade tendendo ao infinito, fazemos o que se espera, legitimamos a fera. E por repetidas vezes ratificamos a sua existência, na espera de um dia quem sabe, também fazermos parte dela.
Neste sanatório castrador da nossa identidade, chamado Sociedade.
Enlouquecer parece ser o único meio de se recuperar a sanidade.
Vontade de ver o mar
sentir sua brisa me tocar
diante do meu olhar
quando o cigarro tragar
te observar tão bela ao entrar
na água salgada se molhar
e um reflexo celestial
teu corpo abrilhantar
eu de cá
contemplar
o simpático contorno
que apresenta o teu corpo
maravilhoso
A beleza que o mar te dá
ele suga de ti ao te banhar
A dor da felicidade
A felicidade não é um adjetivo, não é uma característica do Ser. Como ser feio ou ser bonito.
A felicidade é um estado, é uma sensação momentânea de intenso bem estar, de plenitude. Mas que acaba quando nos é provocada alguma situação adversa e isso acontece bem rapidamente -- por vezes sem que notemos. Não existe uma felicidade permanente, ninguém consegue extendê-la para além de um momento. E os nossos momentos vivem em constantes oscilações.
Contudo, as vezes de forma mercante e sem descanso, nos provocam desde o berço a buscar cegamente uma felicidade comprada, contínua e inexistente, que se confunde com uma vida satisfatória.
Como a vida que vivo hoje, que satifaz muitas das minhas necessidades atuais. Porém isso não significa que eu SOU feliz, isso significa que a minha vida me satisfaz como ela é. E a felicidade acontece dentro dessa vida, assim como também as minhas tristezas. Essas energias oscilam constantemente dentro de uma vida satisfatória para mim.
A vida não é feliz, mas em vários momentos nela, sinto a felicidade me doer.
A loucura dos loucos, não deveria preocupar tanto (ela é normal e individual), mas a loucura coletiva e institucional dos ditos normais. Essa sim deveria ter o empenho feroz dos estudos da medicina para encontrar cura.
É confuso saber que a pessoa se cala diante do que julga imoral, e o aceita numa boa (ignorando totalmente o fato de que isso também lhe revolta), quando se faz conveniente para o seu individual. Ou se cala simplesmente por não se importar mesmo.
É claro, se o ato de moralidade escassa não o invadir diretamente. Fosse assim, de forma mais íntima a esse mudo, a dor indígna com a conduta errônea se sobressairia sim, provocando-o de maneira igual a buscar para si e um pouquinho só que seja, a mais de respeito moral também para o outro.
Manter-se firme aquilo que diz acreditar, é difícil quando só se almeja o que deseja da feira.
A vaidade do homem, transcende a sua existência aqui. Ele quer deixar um legado, para ser lembrado. Ele constrói o mausoléu mais irado, para ser enterrado. E na escrita, também aparece a bendita.