Janet Zimmermann

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A mesma distância que, sem ferro fere,
sem remédio, remedeia. Confere?

Na verdade, não é necessário matar os leões dos dia a dias: Melhor é amansá-los sem a covardia dos brutos.

Mulher é,
ao coração da letra,
berço da fé.

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Pessoas são esconderijos de almas secretas.

Mel do mal: Derretido vil metal.

Só quem se julga pequeno necessita elevar a si.

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Inteligência sem humildade é o nada cheio de si.

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Ecos: reticências em vibração.

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Escrever é uma espécie de ditadura da libertação.

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O vaidoso é pequeno, o pequeno é grandioso. Ambos não sabem disso.

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Assim como nem todo o mau é de todo lobo, nem todo o bom é de todo bobo.

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Aves botam pra quebrar.

Andorinha: andor de brisa.

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DESENCARNE:

Ave livrada
da gaiola de osso
e carne.

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O poeta é o primo pobre dos literatos, mas é o que mais doa riqueza.

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A Poesia não enche barrigas, mas rega o deserto das almas.

O mal é uma prosopopeia de mil pernas.

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Liberdade não é amar de cama em cama.
A verdadeira liberdade é amar com legitimidade.

Inserida por janet_zimmermann

Poeta é um ser normal. A diferença é que atendemos ao clamor da lua.

Inserida por janet_zimmermann

Árvore: rumor de terra e céu.

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Só a impermanência é durável.

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Mulher, concentração
do divino feminino amor.
Força bruta domada
pela espada em flor.

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⁠CLARICE ME DISSE
o que eu, para mim, jamais ousei:
Quem se indaga é incompleto.
Sim, ela, a bela dos olhos amendoados e olhar perdido
esteve aqui, inda há pouco, inexorável,
para me dizer essa verdade
que abrange mil verdades...

Clarice me disse,
em poucas linhas, um grosso livro.
Espinhos, farpas, ferrões...
que me tiraram do conforto
– abrupto despertar –
para a zona de confronto:

Quem sou eu?
Eu sou esta, poema,
com o meu eu fujão estatelado
na bandeja,

pois que o que Clarice me disse
me despiu – a dormente –
e me revestiu – desperta semente –
com a realidade que eu havia,
através de longo tempo, negado.

O que Clarice me disse
– direta e firmemente como quem aguilhoa mentes –
me abriu um hiato fenomenal.
Doeu, desde as raízes. Gemi. Chorei.
E não tapei meu grito
nem o vácuo
da minha magna incompletude...

De modo que eu (eu?),
daquele instante para cá,
encontro-me perdida
no perdido
vazio
de Clarice.

Todavia, em via de,
enfim, lúcida à Clarice,

me encontrar.

Inserida por janet_zimmermann

⁠MINHAS PEDRINHAS DE JOÃO E MARIA


Telhas d’água cobrem casas
copas, vagas, matas.
Dos poucos vãos que restam,
réstias beijam testas.

E, no palheiro da imensidade,
continuo a procura do pássaro perdido.
Perco-me como já perdi o chão tantas vezes.
Mas ouso adiante ir, porque é busca
de uma vida...

As margaridas silvestres da beira da esteira,
semeei-as para marcar o caminho da volta.
Talvez eu retorne pelo cheiro do ouro vivo,
talvez pelo brilho das estrelas rasteiras.

Inserida por janet_zimmermann

⁠A PRIMEIRA

E tudo era nada
e o nada era trevoso
E a treva, num súbito suave
pariu a estrela vertiginosa
E a refulgência foi feita
E era boa E era bela
Recendia primavera
E o verbo chamou, à lux, rosa
Foi a primeira Poesia

Inserida por janet_zimmermann