Jacques Lacan
A função da família conjugal... é de outra ordem que não a da vida segundo as satisfações das necessidades, mas é de uma constituição subjetiva, implicando a relação com um desejo que não seja anônimo.
Afinal, não é do discurso do inconsciente que colhemos a teoria que o explica.
Não esperem portanto de meu discurso nada de mais subversivo do que não pretender a solução.
Eu te peço que reuses o que te ofereço, porque não é isso. Não é isso quer dizer que, no desejo de todo pedido, não há senão a requerência do objeto a, do objeto que viria satisfazer o gozo.
Joyce, acho mesmo que não seja legível – não é certamente traduzível em chinês. O que é que se passa em Joyce? O significante vem rechear o significado. É pelo fato dos significantes se embutirem, se comporem, se engavetarem, – leiam Finnegan's Wake – que se produz algo que, como significado, pode parecer enigmático, mas que é mesmo o que há de mais próximo daquilo que nós analistas, graças ao discurso analítico, temos de ler – o lapso.
O papel da mãe é o desejo da mãe. É capital. O desejo da mãe não é algo que se possa suportar assim, que lhes seja indiferente. Carreia sempre estragos. Um grande crocodilo em cuja boca vocês estão - a mãe é isso. Não se sabe o que lhe pode dar na telha, de estalo fechar sua bocarra. O desejo da mãe é isso.
O falasser adora seu corpo, porque crê que o tem. Na realidade, ele não o tem, mas seu corpo é sua única consistência, consistência mental, é claro, pois seu corpo sai fora a todo instante.
Todos os tipos de coisas nesse mundo se comportam como espelhos.
O psicanalista só se autoriza por si mesmo.