Jacques Lacan
O Ser do homem não pode ser compreendido sem sua loucura, assim como não seria o ser do homem se não trouxesse em si a loucura como limite de sua liberdade.
O sintoma define o modo como cada um goza do inconsciente, na medida que o inconsciente o determina.
O sintoma, é o significante de um significado recalcado da consciência do sujeito. [...] é uma fala em plena atividade, pois inclui o discurso do outro no segredo de seu código.
O que é dizer o sintoma? É a função do sintoma, função a se entender como o faria a formulação matemática: f(x). O que é esse x? É o que, do Inconsciente, pode se traduzir por uma letra, na medida que, apenas na letra, a identidade de si a si está isolada de qualquer qualidade. Do Inconsciente todo um, naquilo que ele sustenta o significante em que o Inconsciente consiste, todo um é suscetível de se escrever com uma letra. Sem dúvida, seria preciso convenção. O que não cessa de se escrever no sintoma vem daí.
Proponho que a única coisa da qual se possa ser culpado, pelo menos na perspectiva analítica, é de ter cedido de seu desejo.
Todos sabem que sou alegre, dizem até moleque: eu me divirto. Sucede-me incessantemente, em meus textos, entregar-me a brincadeiras que não são do agrado dos universitários. É verdade. Não sou triste. Ou, mais exatamente, só tenho uma tristeza, naquilo que me foi traçado de carreira: é haver cada vez menos pessoas a quem eu possa dizer as razões de minha alegria, quando as tenho.
É a verdade do que esse desejo foi em sua história que o sujeito grita através de seu sintoma.
É preciso definir o significante como aquilo que representa o sujeito para outro significante, isso significa que ninguém saberá nada dele, exceto o outro significante.
O sujeito é aquilo que pode ser representado por um significante para outro significante.
A pulsão é uma colagem surrealista ... a imagem que nos vem mostraria um dínamo acoplado na tomada de gás, de onde sai uma pena de pavão que vem fazer cócegas no ventre de uma bela mulher.
Falo com meu corpo, e isto sem saber. Digo, portanto, sempre mais do que sei. É aí que chego ao sentido da palavra sujeito no discurso analítico. O que fala sem saber me faz eu, sujeito do verbo.
A castração significa que é preciso que o gozo seja recusado, para que possa ser atingido na escala invertida da Lei do desejo.
O amor é o signo, apontado como tal, de que se troca de razão. Mudamos de razão, quer dizer - mudamos de discurso.
Deus sabe o que se agita por trás deste fantoche que se chama homem.
Existe algo de inconsciente, ou seja algo da linguagem que escapa ao sujeito em sua estrutura e seus efeitos e que há sempre no nível da linguagem alguma coisa que está além da consciência. É aí que pode se situar a função do desejo.
Há incontestavelmente gozo no nível em que começa a aparecer a dor.
O desejo é de alguma forma o ponto de compromisso, a escala da dimensão do gozo na medida em que de certo modo este desejo permite levar mais longe o nível da barreira do prazer. Este é, no entanto, um ponto fantasmático, ou seja, ali intervém o registro da dimensão imaginária que faz com que o desejo seja suspenso a alguma coisa da qual não é de sua natureza verdadeiramente exigir a realização.
O inesperado é que o próprio sujeito confesse sua verdade e a confesse sem sabê-lo.