Jaak Bosmans

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Código do desencontro

O sabor que te fez em mim se desfez por entre as nuvens
Perdendo o encanto de tantas entregas agora perdidas
Tirei da gaveta a roupa mais nova, só pra despedir, ainda solene.
Como foi o encontro, em um dia qualquer, agora distante.

De encontros sonhados, prazeres em esperas, de nunca mais!
Desfez-se o encanto, de tanto desejo se transformando em visões.
Querer- te em meus braços, no aroma de incensos agora apagados.
Descer das nuvens em forma de chuvas de gotas amargas.

Surpresa? Quem me dera ainda fosse!
Previsto no código do desencontro e desconfiança.
Que se reparte entre os nefastos e doídos da vida.
Para a preservação de uma espécie em extinção.

Jaak bosmans 7 -2- 09

"Amargo recheio"

Descubro-te desnuda
E debruço,
No escuro pra te embalar
Como em noite de luar,
Em toques de ternura.
Te escuto o silêncio.
Te falo calado.
Sem enfado me descubro desnudo,
E rebusco nestes dois corpos
Aquele que é um só.
Me recubro de lembranças,
Mas recuso voltar no tempo.
Me envolvo em travessuras,
Travesseiros, mas sem teus seios.
De culpas recheado, já percebo
Apenas dormências.
Reminiscências de um gostar de você,
Na permanência da sua ausência.

Oratium nobilis

Devaneios me fazem subir alguns degraus da consciência.
Participo de rituais mais simples onde só me resto!
Nenhuma extrema mágica, nenhum milagre ou alucinações!
Danço parado e canto interno minha alegria e minha tristeza.

Em infinito azul ergue-se o altar em nuvens desenhadas.
Onde deposito meus encantos, um sorriso e meu encontro.
Entendo que neste momento, o corpo se fez alma, leve e tênue.
E se banha em cristais líquidos, jorrados daquele altar.

Persegue-me ainda todo o passado e seu exercício de lembranças.
Ao toque de um raio desprendido do sol abre-se meu coração.
Por onde passa apenas novos aconteceres em direção ao futuro prometido.
Afoga-se então todo o passado, em desespero e tentativa de retorno.

Religo meus sonhos à realidade e descubro cada passagem.
Dos apontados pecados, que não cometi, bem sei eu, e no ritual isso basta.
Não há preparações, horas ou dias, exige-se só brincar.
Que as crianças e os velhos ainda nos ensinam, como simples meditação.

O templo se constrói com aromas novos e flores eróticas!
Onde comungo muitos abraços, beijos e carícias prolongadas.
Ali te reconheci em olhares, ainda que escondida pelo véu da mágoa.
Quando do suave encontro de nossas mãos, surgiu em brilhos o futuro prometido.

Jaak Bosmans 22 de janeiro de 2009

Cartas na mesa

Aquela carta escondida
Estava marcada de esperas
Num embaralhar constante das vidas,
Passaram reis, passaram rainhas,
Damas e valetes se divertiam.
Duelos de ases, valiam ouro.
Espadas perfuravam todos os sonhos
Paus já não valiam como esperança
A menor delas foi a que faltou
Apenas um dois...
Um par de corações.


Jaak Bosmans

Dor menor

Minha poesia é toda sua
Permissiva e sem conceito
Se gera angústia, me pertence
Sonhos traduzidos, revelados e desfeitos
Alma apedrejada, mas sorrindo de tanta dor.
Confundo as emoções, quando dilacera todos os enganos.
Porque sempre se torna despedida da realidade,
Brilhando em fantasias!

Jaak Bosmans

Teorema do Tempo

No princípio era apenas um sonho.
Tive rainha, príncipe e princesa.
Pura emoção da emoção mais pura.
E o tempo passava fácil.
Sem medos, inimigos ou armas.
No princípio era apenas um sonho.
Mas a realeza se tornou realidade.
E mostrou que nunca fui rei.
Porque hoje é meu aniversário.
E o tempo, o meu maior adversário.

Jaak Bosmans

A Verdadeira Cor da Paz

Até que enfim o azul.
Do mar ou do céu, não importa.
É o azul da paz, que enganosamente
dizem que é branca.
Não há mais como recuar do disparo,
já alcançando os nossos corações,
na plenitude do azul.

E a vida é assim

Horas perdidas
Minutos contados
Questão de segundos

Jaak Bosmans 13-10-2010

Deformação Cósmica

De tudo que resta em espaços,
Um profundo e raso poço de saudades
faz-se alvo para tantas amarguras.
Tenho só estrelas como testemunhas.
Quebrei todos os cantos e perfurei apenas os vazios.
Luas douradas me enchem de sorrisos.
Estrelas decadentes de um céu, apenas como cenário,
que se desmancha e retorna ao encanto quebrado.
Te vejo dançante entre nebulosas mas teu vestido é de pedra
Me estreito na doçura que tinhas, e como amargo te sinto agora
Deixastes rastos perfumados, apenas como rastos
Mas todo o infinito se finda e como passagem
são apenas galáxias de vaidades vãs.

Jaak Bosmans

Lixos cheios
Homem-fome
Vira-latas

Jaak Bosmans- 5-06-10

Alma cruel

para M. A.

Olho bem nos teus olhos
Apesar das mãos já trêmulas
Com pequeno esforço, ainda me sento na velha cadeira de rodas
Sem jamais deixar de olhar bem nos teus olhos
Assim posso te ver a alma.
E não consigo imaginar de onde viestes,
Alma cruel e má!

Jaak Bosmans 2008

Só amanhece quem sabe anoitecer.

Jaak Bosmans-14-3-10

Sou

Sou aquela pequena explosão estrelar
Multicolorida aos teus olhos ingênuos
Multi dolorido pelos sonhos desfeitos.

Sou a estrela cadente que alegra os teus desejos
Decadente em cada lágrima que te fiz derramar
Deslizando sem rumo na infinita escuridão.

Sou feito de brinquedos verdadeiros
Perfeito nos gestos desastrosos
De todos os dias que ainda me restam.

Sou todas as cores vivas já desbotadas.
Revelando apenas o branco de meus desejos
E o negro dos teus nobres despejos.

Sou ainda um pouco de esperança
De poder te encontrar numa dança
De novos acordes, ritmos perdidos

E a melodia que sou!

Jaak Bosmans 14-12-08

"Passado é o futuro acontecido"

Ao Som de Algum Lugar

A existência permanece imóvel no costurar de alguma
substância, própria para tingir emaranhamentos de corpos.
Há uma multiplicação de auroras boreais misturadas no interior
de nossas preferências. Mas o lugar é impróprio para contornar,
existe um vulcão na extremidade de cada passo e uma
sonoridade nua no acontecer de cada lazer.

Jaak Bosmans

Caminho familiar

Pesado elo entre o sonho e a realidade.
De impor felicidades

De querer apenas em simples pensar.
Abandono de lares imperfeitos.

Só posso te ver em saudades.
Através das grades da prisão de que me fiz.

Noite de grandes luas.
Pequenos gritos de guerra vencida.

Grandes sabores de beijos crus.
Apenas cozidos no mel da amargura.

Só vozes cruéis me embalaram.
Inesquecível noite de dezembro.

Que do filho amado ouvi gritar.
Que algemas colocassem em seu pai.

Com crueldade e sem perdão.
Noite de pesados elos desfeitos.

Jaak Bosmans
7-11-2008

Iguais.

Que bom ser assim
Exatamente como todas as pessoas não são
Ser igual a todos com todas as diferenças
Ter tudo, que os outros têm e saber
Que nada tenho!
Eu divirto em sorrisos e gargalhadas,
Enquanto choram pelo sorvete derretido.
Roubo goiabas, cigarros e amores,
Durante o tempo em que eles se roubam.
Toco ainda as mesmas músicas e canto desafinado,
Para o aplauso ébrio das mesmas pessoas.
Tenho tanto pra fazer que, prefiro descansar primeiro,
Vendo saltos altos, gravatas e paletós,
Prontos para um encontro tosco.
Luz de velas, champanhe ou vinho,
A grande farsa que ainda é galanteio.
Na mesa ao lado, converso em versos,
Batatas fritas e como foi seu dia.
E aí sim, vem o melhor: saímos a passear!
Que bom ser tão igual.

Jaak Bosmans 12-01-2008

Vapor do adeus

Te via partindo
Da vidraça em gotas de chuva
Enquanto ainda escutava
“Ne me quitte pas”

Rua deserta sombria e calma
Nada mudava na sua passagem
Gotas solenes marcavam mais dor
Lavava o passado, levava você.

Perdia um sonho que apenas sonhei
Presença cruel da maior ausência
A música parou, e tudo acabou.
Só na vidraça ficou meu vapor!

Jaak Bosmans 7-1-09

"Como gostais"
(a comédia e o drama)

Poemas! Ah...Poemas!
Isto me alegra com tanta tristeza
que sempre me desperto para uma dor,
que tenho cada vez mais certeza,
que é a proximidade de amores possíveis,
mas ainda passíveis!
De longe percebo olhares e de perto
não atrevo a levantar a cabeça.
Tímido de cicatrizes e louco
por ainda amar sozinho.
Tenho retratos mas, só do passado.
Agora fotografo apenas o futuro, mas sem revelar.
Este ainda é um enigma que me pertence!
Te convido a uma taça de Veuve Cliquot,
mas apenas para ver teus lábios tocando as bordas
do que pode ser ainda um amanhecer de almas...

Me dê esse momento

Deus, Deus,
Quando a morte me roubar a luz
Me dê num momento
o que perdi em anos.
Que eu saiba morrer,
porque viver não soube...

Jaak Bosmans

"Gestalt"

Mesmo aqui encontrei a saída!
Em escadas não calculadas,
Em degraus que se tornam planos.
Onde você começa.
Lugar de nunca terminar!
Espaço reservado!

Traição e recortes

Em senhas perdidas pelo guerreiro
Pelas palavras doces e beijos cruéis
Cavei com minhas mãos
Meu maior e mais dolorido cristal
Eram recortes em paisagens
Tropeços e quedas nas areias escaldantes
Não como em filmes épicos ou marginais
Mas em verdades que variavam entre a criatura
E seu cristal quebrado!
Simples engano!

Jaak Bosmans

"Difícil não é saber perder, mas saber ganhar."

Lenços

Em bela noite de escolhas
Preferi despedir-me dos tantos adeuses
O prelúdio rico de antigos acordes
Continha melodia de apenas uma nota
Retornei correndo para teus braços
Muito longe de teus abraços
Suaves retoques espelhados em reluzes
Esperavam ainda pelo reflexo
De tudo que foi transitório
Das promessas entre beijos e desejo
Restou de tudo o contraditório.
Carrego meu amor silenciado
Onde ainda guardo os segredos
De que não foste merecedora.
Em bela noite de escolhas
Despiste sem nenhum pudor e recato
Mostrando-te nua em teu nunca amar.
De longe abanavas em adeus
Teu lenço branco, gotejando meu sangue.
Perdeu-se em cósmicos dissabores
Toda a magia de uma simples volta.
Permaneço nesta noite agora sem escolhas
Aguardando alvo lenço, de um sempre amar.

Jaak Bosmans 28-05-09

Um

Em curtos e suaves acordes
Despenquei em cenas lentas para te abraçar
Amar, amor de carícias, ternuras e sonhos.

Foste apenas passagem em vendaval,
Quando me protegi de seus golpes cruéis.
Implacáveis e assustadores.

Hoje recebo a brisa suave de mãos que me querem
Me recolhendo nos seus braços em ternos abraços
Me fazendo em versos e numa nova e suave canção.

Em breves e etenos sussurros
Trocamos prazeres no toque dos corpos,
Sentidos no encontro de uma só alma.

Nos nossos aconteceres reais e fieis
Tecemos luares, brincamos fantasias
Nos permitindo loucuras de todo um viver só nosso.

Não nos afasta nenhuma distância.
Porque delas nos fazemos mais perto.
Sempre na direção do sermos sempre juntos.


Nos encontramos quebrados e abandonados em dores,
Dos amores que acreditamos ser.
E no calor de tantos abraços, derretemos os nossos pedaços,

E nos fizemos de tudo, um!

Jaak Bosmans 24 -05 -09